Olhar para um vídeo de um satélite ou radar sobre o Atlântico é neste momento assustador: há cinco — 5 — ciclones tropicais ativos, dois podem tornar-se grandes furacões e um deles já está a obrigar a evacuações no Golfo do México. É a segunda vez na história que há registo de uma situação destas. E há 49 anos que não acontecia: a última foi em 1971.
No pico da temporada dos furacões, há dois que já atingiram esta categoria, o Paulette e o Sally, dois ainda são tempestades tropicais, o Teddy e o Vicky, e o quinto, o René, já é apenas uma depressão tropical. O que não quer dizer que um deles não suba de categoria à medida que vai avançando pelo oceano em direção a terra: o mais preocupante é mesmo o Teddy, mas já lá vamos.
O furacão Sally é aquele que neste momento causa maiores preocupações. Está a entrar no Golfo do México, onde já estão em curso várias evacuações nas zonas mais baixas da costa. A tempestade deve entrar em terra esta terça-feira à noite ou quarta-feira de manhã, algures entre os estados do Louisiana e o Mississippi, nos EUA. O seu maior perigo é a grande quantidade de água que transporta, prevendo-se “tempestades com risco de vida e inundações repentinas”: o rio Mississippi pode subir entre 2 a 3 metros da foz ao Lago Borgne e a ondulação forte vai sentir-se do Louisiana à Florida.
O furacão Paulette atingiu a costa das Bermudas esta segunda-feira, com ventos, tempestades e chuvas muito fortes, que ainda se fazem sentir. Segundo o Centro Nacional de Furacões dos EUA (National Hurricane Center – NHC), “as ondas produzidas pelo Paulette afetaram ainda partes das Ilhas Leeward, as Grandes Antilhas, as Bahamas e os próprios Estados Unidos”. O Paulette deve agora continuar a fortalecer-se à medida que segue em direção a mar aberto e pode tornar-se num grande furacão, com ventos de pelo menos 180 km/h, na quarta-feira. Se isso acabar por acontecer, será apenas o segundo furacão a atingir essa categoria este ano, sendo que cada temporada só costuma ter em média três grandes furacões no total.
E é aqui que entra a tempestade tropical Teddy, que está atualmente no Atlântico central, a mais de 1.600 quilómetros a leste das Pequenas Antilhas, mas que se deve transformar num furacão nos próximos dias. Se isso ocorrer, será o oitavo deste ano: o problema é que as previsões apontam para que, no final da semana, o Teddy se torne também num grande furacão, de categoria 3 ou superior, quando se aproximar das Bermudas. Só o tempo, e a rota, o dirão.
Dos restantes, a tempestade tropical Vicky está ainda a oeste de Cabo Verde, mas é a 20.ª deste ano, quando estamos a 14 de setembro, batendo também um recorde: a última vez que uma tempestade tinha chegado tão cedo ao top 20 tinha sido a Tammy, a 5 de outubro de 2005. Por sorte, a Vicky deve encontrar condições meteorológicas desfavoráveis nos próximos dias, o que limitará o seu crescimento.
Já a depressão tropical René é aquela que causa menos preocupações. Já esteve numa categoria superior, foi uma tempestade tropical no último fim de semana, e deve continuar a enfraquecer à medida que atravessa o Oceano Atlântico. Não se prevê que afete qualquer território e espera-se que se possa dissipar nos próximos dois dias. Mas nunca se sabe.
For the 2nd time on record, the Atlantic has 5+ tropical cyclones (tropical depression (TD) or stronger) simultaneously: #Hurricane #Paulette, TD #Rene, Tropical Storm #Sally, Tropical Storm #Teddy and TD21. Other time was from September 11-14, 1971. pic.twitter.com/9ET1OoxE6f
— Philip Klotzbach (@philklotzbach) September 14, 2020