Preto e branco. Os Estados Unidos de 1850 como os de 2020. E não estamos necessariamente (ou apenas) a falar da cor da pele, mas de perspetiva. A dimensão bipolar daquele país está entranhada na sua história. E tudo isso aparece sem aviso numa das melhores séries desta reta final do ano: “Good Lord Bird”.
A minissérie de sete episódios (HBO Portugal), que se estreou no passado dia 4 de outubro, conta a história de John Brown, um abolicionista que dedicou a vida a tentar acabar com a violência do esclavagismo com, precisamente, mais violência. Outros tempos, sim, mas outros tempos em que as ações de um homem acompanhavam os passos de um país prestes a entrar em total conflito interno. “Good Lord Bird” vai além de John Brown e quer também falar do início desse conflito. E dele próprio. De como a sua incursão por Harpers Ferry, em plena demanda pela libertação dos escravos, é um ensaio da guerra civil americana.
Mas isso é a história. Há o livro, a mini-série e um Ethan Hawke que é o responsável de transformar o primeiro na segunda. À medida que envelhece, Hawke envolve-se mais e mais com os seus projetos. Não quer ser só um ator. E quando só é isso, quer ser especial, quer passar para uma patamar diferente da interpretação. É assim que o temos visto nas últimas duas décadas. Alguém que vai além nos seus projetos, seja em “Antes da Meia-Noite”, “Boyhood: Momentos de Uma Vida” ou “No Coração da Escuridão”. É a sua entrega que torna alguma das suas personagens memoráveis. É também por isso que o seu John Brown causa impacto logo nos primeiros instantes.
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