Pelo segundo ano consecutivo, Portugal está menos competitivo a nível de desenvolvimento, atração e retenção de talento. É o que indica o ranking de Talento Mundial do IMD World Competitiveness Center, divulgado nesta quinta-feira: o país desceu três posições na lista, passando do 23.º para o 26.º lugar, num total de 63 países analisados. É o pior resultado português dos últimos quatro anos, numa lista que é liderada pela Suíça.

Para a elaboração deste ranking são considerados três fatores: “Investimento e Desenvolvimento”, que vai avaliar os recursos destinados a cultivar uma força de trabalho local, a “Atratividade”, que vai perceber até que ponto a economia do país atrai talento estrangeiro e retém talento local, e a “Preparação”, que avalia a qualidade das habilitações e competências disponíveis no país.

Foi no primeiro fator — “Investimento e desenvolvimento” —  que a economia nacional encontrou uma descida mais acentuada, indica a Porto Business School, que é a parceira para a recolha de dados em Portugal. Neste indicador, Portugal caiu nove lugares, de 13.º para 22.º, sendo que a grande fraqueza do país está na formação dos colaboradores, “uma tendência que as empresas nacionais não estão a conseguir acompanhar, uma vez que este investimento continua a não ser suficiente”.

As classificações de Portugal, com os três indicadores analisados neste ranking

Já no indicador da “Atratividade” há também uma descida da 32.ª para a 33.ª posição, essencialmente provocada por uma baixa classificação nos critérios de justiça, motivação dos colaboradores e saída de pessoas com boa formação e qualificação. Na “Preparação” é onde estão as notícias mais animadoras: Portugal subiu três posições neste indicador, ocupando agora o 24.º lugar, em parte pela boa pontuação que teve na educação em gestão e nas competências linguísticas, “o que demonstra que a população ativa portuguesa tem cada vez mais as competências necessárias para corresponder adequadamente às necessidades e exigências atuais das empresas”.

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Há, de facto, uma lacuna entre a aposta na educação e qualificação das nossas pessoas e o investimento das empresas para reforçar a formação e promover o desenvolvimento dos seus quadros. Se, por um lado, temos uma população ativa mais competente e preparada, por outro temos empresas que não lhes estão a proporcionar as ferramentas necessárias para prosperar, principalmente num período de transformação digital, que obriga a reeducar-nos a cada momento para lidar com a mudança”, refere Ramon O’Callaghan, reitor da Porto Business School, citado em comunicado.

Foi em 2018 que Portugal alcançou o seu melhor resultado neste ranking — o 17.º lugar –, tendo no ano seguinte verificado a maior descida: cinco posições. Oito dos dez primeiros lugares do ranking de Talento Mundial são ocupados por países europeus, sendo que o pódio pertence por completo apenas pela Europa: Suíça em primeiro lugar (pelo quarto ano consecutivo), Dinamarca na segunda posição e Luxemburgo em terceiro.

No caso da Suíça, o IMD destaca que o país é bastante atrativo para mão-de-obra estrangeira devido à qualidade do seu sistema de educação e à elevada qualificação dos mais jovens que entram para a universidade ou realizam um estágio.

Na lista deste ano o IMD destaca também o papel que as alterações políticas e a crise provocada pela pandemia de Covid-19 tiveram nas diferentes economias. O Reino Unido, por exemplo, desceu até ao 23.º lugar como consequência das incertezas que o Brexit trouxe e que têm “prejudicado a competitividade do país a nível de atração de talento”. Já nos países que normalmente atraem sempre muitos jovens de outras partes do mundo a pandemia veio trocar as voltas e afetar a competitividade geral, como aconteceu em Singapura, Austrália, Estados Unidos e também no Reino Unido.

O IMD (International Institute for Management Development) é uma escola de gestão localizada na Suíça, fundada há 75 anos e que anualmente publica duas avaliações aos fatores de competitividade em 63 economias. Em Portugal, e desde 2015, a escola tem a Porto Business School como parceira.