A Porto Editora revelou esta terça-feira as dez candidatas a Palavra do Ano de 2020. A lista, definida por uma equipa de linguistas e lexicólogos a partir das sugestões dos portugueses, inclui vocábulos como “confinamento”, “Covid-19”, “zaragatoa” e “discriminação”. Este ano, a iniciativa lançada em 2009 pela Porto Editora decorre pela primeira vez em simultâneo com Angola e Moçambique, que também divulgaram esta terça-feira as respetivas listas de candidatas.

Apesar das diferenças, as três listas têm em comum a inclusão de vocábulos relacionados com o coronavírus e o novo contexto social causado pela pandemia. Assim, a lista angolana inclui vocábulos como “nacionalização”, “autárquicas” ou “violência”, mas também “quarentena” e “coronavírus”. Este último também consta das finalistas moçambicanas, onde é possível encontrar os termos “distanciamento”, “isolamento”, “ataques” ou “refugiados”.

Veja aqui a lista completa das candidatas a Palavra do Ano em Portugal

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As dez palavras candidatas a Palavra do Ano de 2020 em Portiugal (e respetivas justificações) são:

  1. Confinamento — entrou na nossa vida coletiva a 18 de março, dia em que foi decretado o primeiro
    estado de emergência provocado pela pandemia.
  2. COVID-19 esta doença tornou-se pandémica e alterou profundamente a vida de biliões de pessoas em todo o mundo.
  3. Discriminação em Portugal e no mundo multiplicaram-se casos de discriminação, muitas vezes de natureza étnica, gerando grande preocupação e pondo em causa os valores humanistas.
  4. Digitalização o ato ou efeito de tornar digital emergiu, no contexto da pandemia, como uma das maiores prioridades, transversal a todos os setores da sociedade, da educação à economia.
  5. Infodemia este vocábulo resulta da combinação de “informação” com “epidemia” e foi usado com frequência para designar o enorme fluxo de informações — nem sempre fidedignas relacionadas com a pandemia.
  6. Pandemia a partir do momento em que a epidemia da COVID-19 ultrapassou fronteiras continentais, o mundo viu-se confrontado com uma pandemia.
  7. Saudade palavra genuinamente portuguesa, «saudade» é um sentimento muito presente como consequência do distanciamento físico e, também, da rutura em relação às rotinas mais simples e banais.
  8. Sem-abrigo este problema social crescente pode assumir contornos de calamidade, em consequência da crise económica atual.
  9. Telescola ausente dos televisores portugueses desde 1987, a telescola sintonizou-se com as novas gerações como uma das soluções de ensino à distância em contexto de pandemia.
  10. Zaragatoa este instrumento de colheita de amostra de secreções ganhou relevância no despiste do vírus SARS-CoV-2, tornando-se um nome familiar para a maioria das pessoas.

Porto Editora

A partir desta terça-feira será possível votar numa das candidatas nos sites português, angolano e moçambicano, até ao último segundo de 2020. As palavras vencedoras serão reveladas a 4 de janeiro nos três países. É a primeira vez que acontece desde que Angola e Moçambique passaram a integrar a iniciativa, em 2017.

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No ano passado, foi “violência doméstica” que venceu a votação em Portugal, com 27,7% do número total de votos. A escolha dos portugueses ter-se-á devido “aos inúmeros casos que foram sendo conhecidos ao longo do ano e que infelizmente resultaram em vítimas mortais”, referiu na altura a editora. A estatística divulgada pelo Governo no final de 2019 indicava que, até 22 de novembro desse mesmo ano, 33 pessoas tinham morrido em contexto de violência doméstica (25 mulheres, uma criança e sete homens).

“Violência doméstica” foi eleita Palavra do Ano 2019

Em Angola, a Palavra do Ano de 2019 foi “IVA” e, em Moçambique, “reconciliação”.

Criada em 2009, a Palavra do Ano tem como objetivo “sublinhar a riqueza lexical e o dinamismo criativo da língua portuguesa, património vivo e precioso de todos os que nela se expressam, acentuando, assim, a importância das palavras e dos seus significados na produção individual e social dos sentidos com que vamos interpretando e construindo a própria vida”. A iniciativa foi aberta pela primeira a Angola e Moçambique, através da Plural Editores, em 2017.