O líder da oposição russa Alexei Navalny foi detido este domingo no aeroporto Sheremetyevo, em Moscovo, quando regressava à Rússia, após um período de convalescença na Alemanha depois de uma suposta tentativa de envenenamento levada a cabo pela agência de espionagem russa FSB, avança a imprensa internacional.
As autoridades russas prenderam Navalny imediatamente após o seu voo de Berlim ter aterrado este domingo. O avião onde seguia devia ter aterrado no aeroporto Vnukovo em Moscovo, onde centenas dos seus apoiantes se tinham reunido para o receber. Contudo, as autoridades fecharam o aeroporto à última da hora, tendo o voo que ser desviado para Sheremetyevo, longe dos apoiantes e da imprensa que o esperava.
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Depois do avião aterrar, Navalny e a mulher que também seguia viagem dirigiram-se ao edifício do terminal. Já no posto do controlo de passaportes, o opositor russo foi abordado pelas autoridade que o prenderam. Navalny ainda teve tempo de se despedir da mulher com um beijo. As imagens do momento já circulam nas redes sociais.
These images of Navalny’s wife wiping his tears as they say goodbye will be everywhere in Russian history, art and literature. Doubt Putin will have much in those pages.
pic.twitter.com/q9hgUpEJ91— Bruno Maçães (@MacaesBruno) January 17, 2021
Em São Petersburgo, agentes da polícia russa detiveram vários ativistas que tinham intenções de ir receber Navalny ao aeroporto, relatou na altura a rádio Eco de Moscovo. Segundo a estação moscovita, citada pela agência Efe, entre as pessoas detidas encontrava-se a coordenadora da organização de Navalny em São Petersburgo, Irina Fatianova, e o ativista Ilya Gantvar. Ambos foram detidos quando estavam prestes a embarcar num comboio com destino a Moscovo.
Navalny. Polícia russa detém ativistas que viajavam para receber opositor de Putin
O opositor russo foi vítima de um envenenamento com composto neurotóxico do tipo Novichok, na Sibéria no passado mês de agosto, tendo sido depois transferido para um hospital de Berlim.
A 14 deste mês, o jornal oficial russo Rossiskaya Gazeta tinha noticiado que o opositor ao Presidente Vladimir Putin podia ser preso ao regressar ao país, por ter sido emitido um mandado de busca e captura pelas autoridades de Moscovo.
Segundo a notícia, o mandado foi emitido a 29 de dezembro de 2020 pelos Serviços Penitenciários Federais (SPF) da Rússia por “reiterada falta de cumprimento” na apresentação às autoridades na condição de condenado com pena suspensa.
Navalny que acusou o presidente Vladimir Putin de ter ordenado o envenenamento de que foi vítima em agosto de 2020, o que foi refutado pelo Kremlin, tinha sido condenado em 2014 no âmbito de um processo de desfalque a três anos e meia de prisão, com pena suspensa, mas submetido a um esquema de apresentações periódicas que expirou a 30 de dezembro.
Devido aos antecedentes penais, Navalny foi impedido de enfrentar Vladimir Putin nas eleições presidenciais de março de 2018.
A 20 de agosto do ano passado, Navalny sentiu-se indisposto quando se encontrava a bordo de um avião que regressava a Moscovo depois de ter descolado de Tomsk, na Sibéria, onde desenvolvia atividades políticas de oposição ao regime.
A situação obrigou a uma aterragem de emergência e internado de urgência, entrando depois em coma, tendo sido dias depois transferido para uma clínica na capital da Alemanha.
Os médicos de Berlim determinaram que o político, de 44 anos, tinha sido envenenado com uma substância tóxica do tipo Novichok, um composto químico militar desenvolvido pela União Soviética.
Após ter recebido alta hospitalar na Alemanha, a 23 setembro de 2020, Navalny instalou-se numa pequena localidade no sudoeste da Alemanha, tendo quarta-feira passada anunciado a intenção de regressar à Rússia.
“Decidi que chegou o momento que esperava há muito: estou quase curado e posso finalmente regressar a casa”, comunicou Navalny através das redes sociais.