A requalificação da antiga escola Froebel, em Lisboa, vai obedecer à conceção original do edifício, datado do fim do século XIX, avançou este domingo a Câmara Municipal, após protesto do movimento Fórum Cidadania Lx contra a demolição integral.

“Foi possível desmontar partes inteiras e emblemáticas do edifício. Estas peças, devidamente registadas e inventariadas foram recolhidas para a oficina do carpinteiro subcontratado, onde serão alvo de operação de restauro para posterior utilização na reconstrução do edifício”, indicou a Câmara Municipal de Lisboa, em resposta à agência Lusa.

No âmbito das obras de requalificação, o movimento Fórum Cidadania Lx protestou contra a demolição integral do edifício da antiga escola Froebel, no Jardim da Estrela, indicando que a intervenção foi concretizada no passado sábado.

“A nossa estupefação prende-se com o facto de a Câmara Municipal de Lisboa ter anunciado publicamente que aquele ‘chalet’ histórico, por cuja recuperação e bom uso há anos vimos pugnando, seria alvo, finalmente, de uma operação de conservação e restauro”, expôs o movimento Fórum Cidadania Lx, que se dedica à defesa do património arquitetónico, histórico e imaterial da cidade de Lisboa.

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O movimento de cidadãos adiantou que, após as críticas quando à demolição integral, o município esclareceu que, durante as obras de requalificação, se verificou que “cerca de 70% dos materiais de origem não estão em condições de ser restaurados, pois encontram-se comprometidos na sua integridade estrutural”.

A Câmara Municipal de Lisboa informou ainda que, de acordo com o projeto inicial, “o material que pode ser reutilizado na reconstrução foi selecionado e guardado, e será utilizado no edifício”.

“Tememos que, mais uma vez, estejamos perante uma obra que privilegia o ‘pastiche’, rápido e menos oneroso, o que sendo numa obra da Câmara Municipal de Lisboa, em património histórico, é de rejeitar liminarmente”, declarou o Fórum Cidadania Lx.

Em resposta à agência Lusa, o município de Lisboa assegurou que, desde o início das obras de requalificação, o empreiteiro e a fiscalização têm acompanhado e monitorizado, diariamente, as operações de desmonte, e avaliado o estado de conservação das peças principais e mais emblemáticas, “nomeadamente os pilares e os vigamentos horizontais, o pórtico da entrada principal, as asnas e demais elementos da estrutura do telhado, tudo de acordo com o previsto em projeto”.

Os trabalhos de remoção das partes sobrantes do desmonte foram concluídos na passada sexta-feira, com a retirada das “partes cujo estado de degradação já não permite uma ação de recuperação”, indicou a Câmara Municipal de Lisboa.

“A reconstrução da arquitetura obedecerá, e respeitará, a concecão original do edifício tanto nos materiais como no seu interior e nas fachadas”, garantiu o município, revelando que, depois das obras de restauro, este espaço vai acolher uma biblioteca municipal vocacionada para a divulgação da temática da conservação da natureza e da biodiversidade.

Orçamentada em cerca de 1,15 milhões de euros (1.152.000 euros), a intervenção que está a decorrer no edifício da antiga escola Froebel, creche do Jardim da Estrela, pretende “conservar e restaurar o maior número possível de peças originais, assim como reabilitar as fundações de um equipamento, datado do fim do século XIX, e que estava muito degradado devido a fatores como a humidade e a infestação dos elementos em madeira por térmitas”.

O prazo de execução das obras é de seis meses a contar a partir de janeiro deste ano e o equipamento ficará sob a gestão da Câmara Municipal de Lisboa.

A chamada escola Froebel foi a primeira creche em Portugal.

O chalé, desde a origem destinado a jardim de infância, foi concebido para aplicar e desenvolver no país o modelo de educação infantil do pedagogo alemão Friedrich Froebel, que veio estabelecer a base do atual ensino pré-escolar, no final do século XIX.

Com projeto de José Luís Monteiro e Duarte Simões, foi contruído no chamado Passeio da Estrela, em Lisboa, dentro do perímetro do jardim, e acolheu as primeiras classes de alunos em 1882.

A escola manteve-se em funcionamento, durante cerca de 120 anos, recebendo crianças entre os três meses e os três anos de idade.