Dolores Aveiro não precisa de jogar à bola, o seu campeonato é outro. Como soccer mom, chegou longe. Afinal Cristiano Ronaldo acumulou os mais importantes títulos do futebol internacional, deixando a mãe confortavelmente instalada no pódio da modalidade — na sua, não na dele. Aos 66 anos, é uma vedeta do Instagram, com mais de 2,2 milhões de seguidores (só há uma portuguesa que a ultrapassa e chama-se Sara Sampaio). “Deve ser por causa do Ronaldo”, esclarece em tom de brincadeira.
Encontrámo-la cercada de fotógrafos e assistentes e a ser o centro das atenções, naturalmente, no cumprimento de um dos contratos publicitários que lhe bateram à porta. Será Dolores uma celebridade? “Faz de conta”, opina ela, durante a entrevista relâmpago concedida ao Observador. Diz-se com “os pés bem assentes na terra”, segredo para não deixar a fama subir à cabeça. “Sou verdadeira, mostro aquilo que sou” — aparentemente, o público valoriza.
Não é só da mãe de Cristiano Ronaldo que estamos a falar, mas da matriarca de todo um clã — com quatro filhos e nove netos, eis uma verdadeira mulher de família. “Nenhum é igual. Cada um tem a sua personalidade, mas consigo dominá-los a todos”, garante. “Dão-me dores de cabeça, claro, mas dão-me muita alegria também. Custou-me muito quando trouxe o Ronaldo para aqui, mas depois ultrapassou-se. Ele hoje tem a vida dele e eu tenho a minha”, partilha com Observador, no meio do aparato instalado na loja MultiÓpticas, em Lisboa.
Dolores está aqui por ser o rosto da campanha do Dia da Mãe e já depois de ter gravado o ciclo de conversas com Rita Ferro Alvim e Catarina Raminhos, entre outras convidadas. Veio com Elma, a filha mais velha, ela própria com mais de 470 mil seguidores no Instagram. Durante três dias acompanhou a mãe nas andanças publicitárias e ainda usou a rede social para documentar os visuais. Dolores pode não ser um ícone de moda, mas admite gosta de se “arranjar”. O certo é que, entre fatos de treino e kaftans, a família vai fazendo por partilhar o estilo da matriarca.
O clã estremeceu em março do ano passado, quando Dolores foi internada na sequência de um AVC. A alta só seria dada cerca de duas semanas depois, mas o susto veio aproximar ainda mais uma família que já era unida. “Temos de zelar pela nossa mãe, aproveitar o tempo que cá estamos e viver um dia de cada vez”.
Fala na felicidade de se rodear dos seus e de como, mesmo com uma pandemia, os Aveiro se mantiveram juntos. Momentos que culminam à volta da mesa e com direito a comida da mãe. “Quando estão todos, faço o que eles mais gostam”, revela. Nem vale a pena perder tempo com receitas elaboradas nem com especialidades madeirenses — é do bacalhau à Brás de Dolores que eles pedem sempre.