Um livro inédito para crianças do escritor António Torrado, que morreu em junho, será editado em 2022 e o espólio do autor deverá ser doado à Biblioteca Nacional, disseram à Lusa fontes da família e da editora.

O livro ilustrado, intitulado “Posso falar-te em verso?”, reunirá 27 poemas que António Torrado foi escrevendo ao longo do tempo e deixou selecionados para publicação, explicou o editor Vítor Silva Mota, do grupo Leya.

A obra só deverá ser publicada no primeiro trimestre de 2022, juntando-se à coleção editorial que a ASA, do grupo Leya, tinha já criado para ir publicando e reeditando títulos do escritor.

António Torrado morreu em junho aos 81 anos, deixando mais de uma centena de obras para a infância e juventude, num percurso literário que se estende também à ficção para teatro e audiovisual.

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À agência Lusa, Lourdes Fragateiro, viúva de António Torrado, explicou que a família tenciona doar o espólio do autor à Biblioteca Nacional de Portugal.

“Em princípio, e se não houver nada em contrário, decidimos que iria para a Biblioteca Nacional, onde está também o espólio da Matilde Rosa Araújo”, escritora de quem era muito amigo, disse Lourdes Fragateiro, explicando que da doação constarão originais, cartas, fotografias e outros documentos.

Segundo a viúva, António Torrado deixou ainda inacabadas algumas histórias para crianças, que tencionava trabalhar em contexto escolar com alunos, e vários projetos para séries de televisão e peças de teatro.

De obra a ser publicada, a Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) já tinha anunciado que irá lançar um livro de homenagem e apoiar a reedição da obra poética e teatral.

Poeta e dramaturgo premiado, antigo professor do ensino secundário, António Torrado esteve desde cedo ligado à pedagogia, à produção literária para os mais novos, à recuperação e reinterpretação do conto tradicional e à promoção da leitura.

“O mercador de coisa nenhuma”, “Teatro às três pancadas”, “Donzela guerreira” e “O veado florido” são algumas das obras escritas por António Torrado, distinguido em 1988, pelo conjunto da obra, com o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens.

Escreveu para jornais, trabalhou na área editorial, foi chefe do Departamento de Programas Infantis na RTP, cofundador da Associação Portuguesa de Escritores, do Instituto de Apoio à Criança e da SPA.

No domingo foi homenageado na Feira do Livro de Lisboa.