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“The Morning Show”. À segunda temporada, será este o melhor papel de Jennifer Aniston?

Este artigo tem mais de 2 anos

A segunda temporada estreia-se esta sexta-feira, 17 de setembro, na Apple TV+. A tensão vai escalando ao longo de dez episódios, tal como a complexidade que Aniston vai revelando com a sua personagem.

Jennifer Aniston volta a ser Alex Levy, pivot de um programa matinal norte-americano que junta notícias e entretenimento
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Jennifer Aniston volta a ser Alex Levy, pivot de um programa matinal norte-americano que junta notícias e entretenimento

Jennifer Aniston volta a ser Alex Levy, pivot de um programa matinal norte-americano que junta notícias e entretenimento

Estava no meio da MEO Arena (agora Altice) quando aos primeiros acordes de “I’m Ready” olhei para o ecrã gigante e durante dois segundos pensei genuinamente que estava no concerto errado. Na imagem aumentada vi um velho. A voz era a mesma, os solos de guitarra eram os mesmos, mas o cabelo estava agora impecavelmente puxado para o lado em linhas simétricas, como me lembro de ver o meu avô fazer com um pente azul pequenino; a cara estava invadida por rugas e os olhos engolidos por papos. Bryan Adams tinha uns 50 e tal anos na altura (agora tem 61), não era um velho, obviamente, mas foi isso que vi naquele instante. E chocou-me. Porque até ali, mesmo durante aquele espetáculo, tinha continuado a ver o puto de 20 anos e casaco de cabedal que cantava “(Everything I Do) I Do It For You” na banda sonora de “Robin Hood: O Príncipe dos Ladrões”, de 1991. Como é que era possível aquilo ter acontecido?

Também parece que estão a ler o texto errado, não é? Calma, isto tem um propósito, estamos a chegar lá. Quando adoramos tanto alguém — cantor, ator, não interessa —, ficamos presos num momento de contemplação. O artista em causa pode fazer outras coisas igualmente boas depois daquilo mas, por algum motivo, é aquele momento preciso no tempo que o nosso cérebro escolhe guardar. Talvez porque corresponda a uma etapa da nossa vida fulcral por alguma razão. Crescemos, evoluímos, envelhecemos, mas os nossos ídolos não. Isto está a fazer sentido para alguém? Estou a desviar-me outra vez do assunto?

[o trailer da segunda temporada de “The Morning Show”:]

O que quero dizer é que, para mim, Jennifer Aniston sempre foi Rachel Green, de “Friends”. Uma não podia viver sem a outra. E Rachel Green tinha para aí 25 anos quando eu tinha 15, mas tinha igualmente 25 quando revi a série aos 25, e depois aos 30, e aos 35. Só que nesta segunda temporada de “The Morning Show”, que se estreia na Apple TV+ esta sexta-feira, 17 de setembro, tive de novo o momento de choque à la Bryan Adams. Numa cena que já nem sei identificar, fiquei presa no plano aproximado das mãos de Aniston e vi mãos de velha. Pele em camadas, umas por cima das outras, dedos ligeiramente tortos. Olhei-lhe para a cara e vi uma velha. Bochechas descaídas, queixo enrugado. E foi incrível, tive uma espécie de epifania. Finalmente, para mim, ela já não é Rachel Green. Ela pode ser o que quiser. É um mulherão que, aos 52 anos, está a fazer o papel mais brilhante da sua carreira — finalmente longe das comédias românticas por onde andou perdida sem ninguém lhe reconhecer potencial nos anos pós-“Friends”.

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Ela é Alex Levy, pivot de um programa matinal norte-americano que junta notícias e entretenimento. Ao seu lado tem Bradley Jackson, interpretada por Reese Witherspoon. Para quem ainda se lembra minimamente da primeira temporada, que começou lá no longínquo mês de novembro de 2019, Levy estava prestes a ser posta na prateleira e substituída por um prodígio mais novo, Jackson, quando decidiu dar a volta ao jogo e anunciar que as duas passariam a apresentar o formato. O caos nos bastidores tinha começado antes com o afastamento do apresentador estrela, Mitch Kessler (o sempre ótimo Steve Carell), acusado de assédio sexual — a personagem baseia-se num apresentador real, Matt Lauer que, durante décadas, foi adorado nos EUA. Mesmo sem nunca se identificarem uma com a outra, as duas mulheres — a espertalhona Alex Levy capaz de tudo para não ser ultrapassada e a ingénua Bradley Jackson — assumiram o poder, expuseram o ambiente tóxico que acontecia no canal e no programa. Bravo, fim do primeiro ato.

Reese Witherspoon, Jennifer aniston, Billy Crudup, Mark Duplass e Julianna Margulies estão entre as estrelas de "The Morning Show"

Erin Simkin

Este resumo foi pobrezinho, não faz justiça à qualidade de “The Morning Show”, é verdade, (quem ainda não viu, despache-se), mas temos de focar-nos no presente e isso equivale à segunda temporada. O que começa a ser exibido no dia 17 — são dez episódios, disponibilizados um a um todas as sextas-feiras — consegue ser ainda mais poderoso do que o que vimos no primeiro ano. E, tal como da primeira vez, começa discreto para ir escalando até nos deixar numa ansiedade frustrante para saber o que vem a seguir.

O primeiro capítulo foca-se num programa a correr atrás do prejuízo. As audiências estão más, Bradley Jackson faz de tudo para agarrar os espectadores, mas nada é suficiente. Alex Levy está isolada no meio da neve, a escrever as suas memórias, rodeada de paz e sossego. Eu disse paz? Claro que não, ela está miserável, apesar de ser capaz de jurar que não quer voltar à antiga vida. Entra em cena uma das melhores personagens da primeira temporada, Cory Ellison (Billy Crudup), que, nas costas de Jackson, quer voltar a colocar Levy no programa. Claro que vai conseguir, claro que nenhuma delas está preparada para largar o pódio — Bradley Jackson está agora de olhos bem mais abertos — e claro que não vai haver cá amizades para ninguém.

Porém, a segunda temporada de “The Morning Show” vai muito além da ligação entre ambas. Há histórias paralelas que ganham relevo (o início da pandemia), há personagens novas (Julianna Margulies, de “The Good Wife”, junta-se ao elenco como outra pivot, Laura Peterson) mas, sobretudo, cada uma destas mulheres é explorada individualmente e a narrativa ganha com isso. A dada altura, Alex Levy parece estar a perder importância, mas acaba por ser só uma manobra de distração. O que vem a seguir — e não posso revelar detalhes sem encher este texto de spoilers — é o auge de Jennifer Aniston. A atriz está num patamar tão elevado que podia até cantar os “Parabéns” desafinados durante 50 minutos e nós ficávamos a ver na mesma.

[os momentos chave da primeira temporada da série:]

É exatamente por ter 52 anos e a experiência correspondente que chega a este ponto e consegue, ora fazer de Alex Levy uma personagem detestável, ora torná-la humana e vulnerável. Ela é uma bomba-relógio, está desorientada, mergulha numa queda vertiginosa e muito acelerada. É complexa e Aniston escava um bocadinho mais fundo a cada episódio. Este papel já lhe deu um Emmy e um SAG e se não se seguirem mais será uma injustiça. Desta vez já não vai a tempo dos Emmys — que acontecem na madrugada de segunda-feira, 20 de setembro — mas há uma nova temporada de prémios no início de 2022.

De resto, “The Morning Show” continua com diálogos sólidos e boas narrativas — avança devagar para a propagação da Covid-19 e recorda como os EUA (e o mundo inteiro) ignoraram o que estava a acontecer lá longe, na China, distraídos com os pequenos dramas do dia a dia, aqui personificados pela equipa deste programa televisivo. No meio do caos, aquele que é o novo CEO do canal UBA continua a fazer crer que está tudo controlado com comentários despropositados e piadas que só ele, que claramente tem poucas aptidões para lidar com outros humanos, entende. Billy Crudup é Cory Ellison e Cory Ellison é Billy Crudup, é difícil perceber onde acaba o ator e começa a personagem e mostra igualmente um lado vulnerável que tinha estado escondido até agora. Já que não posso escrever spoilers, deixo-vos com um cliché: se “The Morning Show” fosse um bolo, Billy Crudup seria a cereja lá no topo. E daquelas brilhantes.

 
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