Mais um ano, mais uma temporada futebolística e mais um FIFA. Todos os anos temos a mesma lenga lenga, e todos os anos ficamos na dúvida se compramos a nova edição do jogo da EA Sports, se compramos o PES (Pro Evolution Soccer), ou se ficamos quietinhos e deixamo-nos estar sossegados a jogar a versão do ano passado e fazer as transferências todas à mão.

Se noutros anos a questão se dividia por essa tríade de hipóteses, desta vez é bem mais simples tomar decisões — e por duas razões. A primeira é porque o antigamente apelidado de eFootball Pro Evolution Soccer, agora apenas eFootball, é gratuito para todas as plataformas, portanto só joga se quiser, se valer a pena, sem ficar com amargos de boca; a segunda razão é que o FIFA 22 para a nova geração de consolas é de facto o melhor FIFA dos últimos tempos.

Sejamos francos: sobretudo para a PS5 e a Xbox Series S|X, o novo FIFA não tem rivalidade. O eFootball chegou um dia antes e está claramente abaixo de todas as expectativas, até as mais baixas. Ao ponto de a Konami, que desenvolve o jogo, já ter pedido desculpas públicas e ter garantido trabalhar para resolver todos os problemas, que vão desde a física dos jogadores (a forma como as personagens emulam movimentos reais) ao grafismo. Ainda assim, a Konami não se livrou de centenas de memes espalhados pela internet e de o novo produto ser considerado na loja digital Steam como um dos piores jogos de sempre.

Mas — e apesar da mudança no paradigma da Konami em relação ao eFootball, tornando-o um produto gratuito, baseado num serviço com updates regulares — a verdade é que o jogo tem poucas equipas licenciadas, e mesmo nas não licenciadas (que apenas se conseguem aceder em determinados modos online), o eFootball não inclui o campeonato português e não tem sequer uma equipa portuguesa. Como se isso não bastasse para “cortar o barato”, o eFootball tem modos de jogo posteriormente pagos, um dos quais, a famosa Master League, o Modo Carreira, só chega em fevereiro do ano que vem.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Só por isto, o FIFA 22 não precisava de fazer grande coisa para ganhar ao seu eterno rival — mas a verdade é que até fez. E fez em específico para a mais recente geração de consolas, com uma nova tecnologia implementada, o Hypermotion, que permitiu à EA Sports fazer uma recolha intensiva da movimentação dos jogadores na realidade para ser transposto no jogo. Estamos a falar de uma tecnologia de inteligência artificial baseada em machine learning, que consiste na captura dos movimentos dos atletas em tempo real, ou seja, 22 jogadores equipados com fatos especiais para o efeito, Xsens Body Suits, e cujos movimentos são apreendidos para serem recriados no jogo. Tratam-se de 4000 novas animações e do facto de os jogadores comandados pela Inteligência Artificial tomarem seis vezes mais decisões por segundo. Só por isso, o jogo está diferente e para melhor: está mais real.

Mas nem só por isso o FIFA 22 vai cativar antigos e novos jogadores. O campeonato português está fielmente representado, e este ano, Benfica e Porto têm o seu estádio recriado ao mais ínfimo pormenor, incluindo a cara dos jogadores adaptada através de modelação 3D.

Além disso, todos os modos de jogo levaram uma pequena ou grande reestruturação: o Modo Carreira tem uma nova árvore de habilidades e desenvolvimento do nosso jogador, o VOLTA FOOTBALL, dedicado ao futebol de rua, passou a ser apenas online, com uma jogabilidade mais arcade; mantêm-se as licenças da UEFA Champions League, Europa League e até a nova Conference League, além dos principais campeonatos europeus e não só, com cerca de 700 clubes licenciados.

Online, a grande força do jogo continua a ser a galinha dos ovos de ouro: o FIFA Ultimate Team (FUT), agora com um sistema de progresso remodelado para o deixar ainda mais viciado, mas também o Pro Clubs recebeu uma nova forma de progressão do jogador em partidas de 11 contra 11, com e contra outros jogadores online.

“Então mas e a jogabilidade?” Pois, é o bom e mau. Se vai continuar a jogar na PS4 e Xbox One, não vai notar uma grande diferença, mas se joga em consolas de nova geração, aí sim, nota, e muito, graças à tal implementação da tecnologia Hypermotion, onde o jogo é mais tático, mais dividido, mais imprevisível e mais real.

PRÓS

O número de clubes licenciados e recriados até ao mais ínfimo pormenor, com todas as atualizações para a presente época, até o novo formato das competições europeias

A Inclusão do Estádio da Luz e do Estádio do Dragão

O Hypermotion, para as consolas de nova geração, que transforma o jogo, tornando-o mais real e mais autêntico.

Um Modo Carreira de Jogador mais trabalhado, mais pormenorizado e com um novo sistema de evolução da nossa personagem

Melhorias em muitos dos modos de jogo, com o FIFA Ultimate Team a ter um sistema de progressão mais interessante para todos os jogadores, do mais casual e solitário, ao mais competitivo e social.

CONTRAS

Na antiga geração, PS4 e Xbox One, a jogabilidade está um pouco mais afinada, mas não transformadora

Para ter o jogo nas duas gerações de consolas PS4/PS5 ou Xbox One/Xbox Series S|X vai ter que pagar 100 euros;

Não tem comentários em português de Portugal, só português do Brasil;

O VOLTA FOOTBALL passou a ser apenas Online, sem a possibilidade de jogar sozinho ou contra o computador.

Continua a existir uma economia associada ao FUT, e um sentimento de “pay-for-win”.