O vereador do Urbanismo da Câmara do Porto, Pedro Baganha, afirmou esta terça-feira que a linha de alta velocidade deverá passar numa ponte “paralela” e “gémea” à de São João, com Campanhã a ser o “grande terminal ferroviário”.

“Não existe um projeto, existe esta definição e o reconhecimento de que a ponte São João [travessia sobre o rio Douro que liga o Porto e Gaia] não chega para o incremento desse transporte, o que vai obrigar a uma ponte paralela (…). O que nos foi apresentado foi uma antevisão (imagem) que reproduz a ponte São João com uma gémea paralela e o que se está a definir é esse caminho”, afirmou Pedro Baganha, à margem da reunião do executivo da Câmara do Porto.

Em declarações aos jornalistas, o vereador esclareceu que a localização do canal ferroviário de alta velocidade foi definida pela Infraestruturas de Portugal (IP) e pelo Governo.

“A IP e o Governo chegaram à conclusão de que o canal, pelo menos no que diz respeito ao concelho do Porto, deve ser paralelo ou até mesmo quase coincidente com o que já existe, ou seja, ali entrará por Campanhã, o que vai obrigar necessariamente, por condicionamentos técnicos, a duplicarmos a ponte São João”, notou.

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Segundo Pedro Baganha, Campanhã será “o grande terminal ferroviário” do novo canal no município do Porto e o grau de incerteza que existe de momento prende-se com o “desenvolvimento das linhas a Norte do Porto”.

“A partir daí [Campanhã] há algumas questões que se colocam para Norte. Muito provavelmente essa linha também passará pelo aeroporto, mas no que concerne ao concelho do Porto a estação central manter-se-á Campanhã”, disse.

O vereador disse também que “começa a haver caminho e consenso da necessidade de que a linha vá até ao aeroporto Francisco Sá Carneiro“, ainda que o estudo se mantenha em curso.

Considerando “prematuro” afirmar se o município concorda com o projeto, de âmbito nacional, Pedro Baganha disse que as definições estão a ser acompanhadas, considerando de “bom senso utilizar a capacidade ferroviária existente e reforçá-la naturalmente”.

Questionado pelos jornalistas se a entrada da linha no Porto será subterrânea, o vereador esclareceu que, por questões técnicas, a questão está a ser estudada, mas que a entrada “será na mesma área geográfica”.

“O que nos dizem é que o serviço em Campanhã terá de ser feito a um nível distinto do que hoje acontece, provavelmente no subsolo“, disse.

Na quinta-feira, a IP confirmou à Lusa a necessidade de uma nova ponte ferroviária sobre o Douro, entre Vila Nova de Gaia e o Porto, de forma a acomodar o serviço de alta velocidade, argumentando que a atual ponte ferroviária de São João “encontra-se no limite da sua capacidade”.

Segundo fonte oficial da IP, este era um “facto já identificado” nos estudos da antiga RAVE (Rede Ferroviária de Alta Velocidade), empresa entretanto liquidada que era responsável pela implementação da alta velocidade em Portugal, até aos projetos serem cancelados com a entrada da ‘troika’, em 2011.

“Com a configuração atual, a Ponte de São João não tem capacidade para acomodar o serviço de alta velocidade”, refere a IP, pelo que, “no âmbito da futura ligação ferroviária de alta velocidade entre Porto e Lisboa, é necessário o aumento de capacidade do atravessamento do rio Douro”.

No âmbito da apresentação do Pacto do Porto para o Clima, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, esclareceu os vereadores sobre o ponto de situação do projeto para a linha de alta velocidade, dizendo que as recomendações apontam para que seja criada “uma ponte espelho da ponte de São João”, e das propostas aprovadas para a linha de metrobus da Boavista.

No decorrer da intervenção, o vereador do PSD, Vladimiro Feliz, questionou se a decisão da linha de metrobus era “irreversível ou se poderia ser apreciada”, justificando a sua pergunta com “questões de segurança” e com o impacto no sistema de mobilidade.

Em resposta ao vereador, o independente Rui Moreira salientou que “a decisão não é da autarquia”, que está a acompanhar o processo, defendendo, contudo, não ser possível “ter transporte público coletivo sem causar constrangimentos no transporte individual”.

Considerando existirem “outras prioridades”, o vereador social-democrata defendeu a implementação da proposta do partido de criação do conselho de mobilidade, afirmando que este órgão permitirá “um plano integrado e não que outros agentes interfiram na decisão”.

Quanto a eventuais interferências de outros “agentes”, Rui Moreira afirmou que a aceleração dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) acaba por “obrigar a dar alguns saltos de obstáculo”, mas que a autarquia está a “ver se a proposta escolhida” para a linha de metrobus cumpre as condições impostas pelo município no caderno de encargos.

“Estamos disponíveis para montar uma unidade de missão, mas resta saber quem nela participa”, acrescentou o autarca, lembrando, no entanto, que essa unidade não se pode substituir à Área Metropolitana do Porto (AMP)”, disse, acrescentando que “mais um conselho municipal não parece que tenha utilidade” por ser “muito mais burocrático do que o pretendido”.