A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) apelaram esta quinta-feira aos empregadores para que adotem medidas para proteger a saúde física e mental dos trabalhadores em teletrabalho.
As duas agências da Organização das Nações Unidas (ONU) emitiram uma nota técnica sobre “teletrabalho saudável e seguro”, onde descrevem os benefícios e riscos do teletrabalho para a saúde e as alterações necessárias para acomodar a mudança para diferentes formas de organização do trabalho à distância provocada pela pandemia da Covid-19 e a transformação digital do trabalho.
No documento, a OMS e a OIT defendem que os empregadores devem pôr em prática medidas que assegurem que os trabalhadores recebem equipamento adequado para as tarefas do trabalho, informação relevante, diretrizes e formação para reduzir o impacto psicossocial e mental do teletrabalho.
Consideram que os empregadores devem também “formar para a gestão eficaz dos riscos, liderança à distância e promoção da saúde no local de trabalho” e ao mesmo tempo assegurar o “direito a desligar” e dias de descanso suficientes.
“Os serviços de saúde ocupacional devem ser capacitados para fornecer apoio ergonómico, de saúde mental e psicossocial às pessoas em teletrabalho que utilizam tecnologias de telesaúde digital”, defende a nota técnica.
O documento apresenta recomendações práticas para a organização do teletrabalho de modo a satisfazer as necessidades tanto dos trabalhadores como das entidades empregadoras, nomeadamente a discussão e desenvolvimento de planos individuais de teletrabalho e clarificação de prioridades, prazos e resultados esperados.
Segundo a OIT e a OMS, as empresas com pessoal em teletrabalho devem desenvolver programas especiais de teletrabalho, combinando medidas para a gestão do trabalho e desempenho com tecnologias de informação e comunicação e equipamento adequado, a par de serviços de saúde ocupacional para a saúde geral, apoio ergonómico e psicossocial.
As duas organizações reconhecem benefícios ao teletrabalho, como um melhor equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, oportunidades para horários de trabalho flexíveis e atividade física, redução do tráfego e do tempo de deslocação, e uma diminuição da poluição atmosférica.
“Tudo isto pode melhorar a saúde física e mental e o bem-estar social”, afirmam na nota técnica, acrescentando que “o teletrabalho também pode levar a uma maior produtividade e a custos operacionais mais baixos para muitas empresas”.
No entanto, o documento adverte que, sem um planeamento adequado, organização e um apoio no que se refere à saúde e segurança, o impacto do teletrabalho na saúde física e mental e no bem-estar social dos trabalhadores pode ser significativo.
“Pode levar ao isolamento, burnout, depressão, violência doméstica, lesões músculo-esqueléticas e outras, tensão ocular, aumento do tabagismo e do consumo de álcool, tempo excessivo sentado em frente de um écran e aumento de peso”, salienta.
Por isso, a OIT e a OMS consideram que o equilíbrio entre os benefícios e os malefícios do teletrabalho “depende inteiramente da colaboração entre governos, empregadores e trabalhadores e da existência de serviços de saúde ocupacional ágeis e inventivos para pôr em prática políticas e práticas que beneficiem tanto os trabalhadores como o trabalho”.
Segundo as duas organizações, o teletrabalho e o trabalho híbrido (teletrabalho parcial) vão continuar e podem aumentar após a pandemia da Covid-19, dado que “tanto as empresas como os indivíduos experimentaram a sua viabilidade e benefícios”.