O Brasil prometeu tratar o coração de D. Pedro IV “como se estivesse vivo”. E cumpriu. Esta terça-feira, durante a tarde, começaram as cerimónias oficiais para receber o órgão que D. Pedro fez questão que ficasse guardado a cinco chaves em Portugal.
Dezenas de pessoas esperaram pela chegada do coração do “Rei Soldado”, à frente do Palácio do Planalto, em Brasília, que foi transportado até ali por um Rolls-Royce. Enquanto isto acontecia, seis aviões da Força Aérea do Brasil fizeram as honras militares, tal como se de uma visita de Estado se tratasse.
Aliás, como foi dito por Alan Coelho de Séllos, responsável pelas comemorações, o coração do rei foi “objeto de todas as medidas que se costumam atribuir a uma visita oficial, uma visita de Estado, de um soberano estrangeiro, no caso de um soberano brasileiro ao Brasil”. Os aviões voaram então sobre o edifício da Presidência e desenharam no céu as palavras “Independência 200 anos”, seguidas de um coração.
Honras de Estado e hino. Coração de D. Pedro IV recebido no Brasil como se estivesse vivo
As salvas de canhão não faltaram e Jair Bolsonaro também não, aparecendo ao lado da mulher, Michelle Bolsonaro. A cerimónia foi curta, o Presidente brasileiro também não se alongou nas palavras, mas não deixou escapar a oportunidade para fazer referência ao lema do Estado Novo: “Deus, pátria, família”.
“Dois países unidos pela História, ligados pelo coração. 200 anos de independência. Pela frente, uma eternidade em liberdade. Deus, pátria, família. Viva Portugal e viva o Brasil“, disse Bolsonaro antes de sair da cerimónia.
Antes do curto discurso de Bolsonaro, que está em campanha eleitoral para as próximas eleições, ouviu-se o hino brasileiro. Estiveram ainda presentes várias figuras do governo brasileiro, como Carlos Alberto França, ministro dos Negócios Estrangeiros, e o autarca do Porto, Rui Moreira.
O coração de D. Pedro IV chegou esta segunda-feira ao Brasil e a viagem entre Portugal e o país onde o coração vai ficar até 9 de setembro, foi feita pela Força Aérea Brasileira. A partir de quinta-feira, e até ao dia 8 de setembro, o coração vai ficar em exposição na sala Santiago Dantas, no Palácio do Itamaraty, para onde foi levado já esta terça-feira. Depois disso, regressará a Portugal.
Esta é a primeira vez que o coração do “Rei Soldado” sai de Portugal. As negociações entre os dois países foram feitas ao longo dos últimos meses, já que são necessários diversos cuidados para garantir que o coração de D. Pedro, que está conservado em formol há mais de 180 anos, continua em boas condições. Por exemplo, a vitrine onde está colocado o coração para exposição foi feita de propósito para a ocasião e pensada ao pormenor — a altura, de 1,30m, foi calculada tendo como referência a altura média dos portugueses e brasileiros.