O seu reinado durou 45 anos, foi a quinta e última monarca da casa Tudor, filha do rei Henrique VIII e nascida na linha de sucessão. Chegou a ser considerada herdeira ilegítima, já que a mãe, Ana de Bolena – acusada de adultério, incesto e traição – foi executada. Isabel I viu assim o casamento dos seus pais ser anulado e seria a terceira na fila para o trono. A coroa não lhe estaria destinada, chegou a ser prisioneira política antes de ser rainha. Nunca casou nem teve filhos, ficando para a história como a Rainha Virgem. Tomou posse como soberana a 15 de janeiro de 1559.
Era muito próxima de William Shakeaspeare, correndo o rumor de que poderiam ter sido amantes, ainda assim, o amigo de infância Robert Dudley e Conde de Leicester era apontado como o seu primeiro e único grande amor. Depois da sua morte, foram encontradas cartas da rainha para o conde. Falava várias línguas, entre as quais francês e italiano, adorava vestir cores e conta-se que tinha dois mil pares de luvas. Costumava atirar os seus sapatos contra quem viesse a passar.
A paixão do açúcar
Outra das suas grandes paixões seria o açúcar. Adorava doces e sobremesas e perdeu os dentes à conta da gulodice.
Tinha o hábito de dar verdadeiros banquetes reais, e chegado o menu das sobremesas, surpreendia todos com esculturas de maçapão com formas de frutas, castelos e pássaros. A comitiva de pasteleiros da rainha também incluía um fabricante de pão de gengibre que serviu como um inteligente gesto de diplomacia para agradar aos altos dignitários e políticos que recebia nos seus salões.
Os bonequinhos de pão de gengibre seriam então uma forma de homenagear as figuras ilustres sentadas à mesa.
Inspirada pela época renascentista, quando sopravam os ventos da arte e da criatividade por toda a Inglaterra — William Shakeaspeare estava no seu auge — a rainha Isabel I poderá também ter utilizado os bonequinhos de gengibre como uma estratégia de diplomacia. Numa altura em que a Grã-Bretanha anglicana estava em oposição à França católica e à Espanha, as bolachinhas de gengibre com forma humana poderiam garantir um certo “charme” para agradar às várias fações dispostas à mesa, segundo justifica Carole Levin, historiadora e autora de “O Reinado de Isabel I”.
Mezinhas românticas
Por esses dias, não era só a rainha que usava os bonequinhos à base de gengibre. Eram também distribuídos por praticantes de medicina popular, bruxos ou mágicos. Funcionavam como uma mezinha caseira para as jovens mulheres conquistarem os seus pretendentes. Eram produzidos como um símbolo de amor para serem trincados pensando nos alvos das conquistas. Há ainda dúvidas de como poderão ter aparecido na época do inverno, mas talvez pelas especiarias aquecerem na estação fria.
Não se sabe quantos bonequinhos a rainha terá oferecido ou se terá caído em graça de certos nobres, mas é certo que entre vários feitos políticos, conseguiu vencer os espanhóis em 1588, quando tentaram conquistar a Inglaterra, com a famosa Armada Invencível, ficando para sempre ligada a essa página de história.