O Presidente da República inaugurou no sábado duas exposições de Paula Rego na Casa das Histórias, em Cascais, passados cinco meses da sua morte, e entregou à família a condecoração póstuma atribuída em junho.

As duas exposições inauguradas intitulam-se “Histórias de todos os dias. Paula Rego, anos 70” e “Paula Rego e Salette Tavares: cartografias da criatividade feminina nos anos 70” e vão poder ser visitadas até 21 de maio do próximo ano.

Além de Marcelo Rebelo de Sousa, estiveram na cerimónia de inauguração dois filhos da artista, Nick e Victoria Willing, a quem o chefe de Estado entregou as insígnias do Grande-Colar da Ordem de Camões, que atribuiu a Paula Rego após a sua morte, aos 87 anos, em 08 de junho, em Londres, onde residia.

“Paula Rego esteve, está entre os grandes portugueses do nosso tempo, aqueles e aquelas que serão no futuro os marcadores de um século”, declarou o Presidente da República, que depois percorreu as duas exposições e passou ao todo mais de duas horas na Casa das Histórias – Paula Rego.

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A secretária de Estado da Cultura, Isabel Cordeiro, o presidente da Câmara Municipal de Cascais, Carlos Carreiras, e o presidente da Fundação D. Luís I, Salvato Telles de Menezes, também marcaram presença na cerimónia realizada na noite de sábado.

Em nome da família de Paula Rego, Nick Willing assegurou apoio ao projeto da Casa das Histórias — no qual participa integrando uma comissão paritária em conjunto com Salvato Telles de Menezes — e a intenção de continuar a mostrar a sua coleção de obras neste espaço.

“É verdade que, por causa do ‘Brexit’, da chatice do ‘Brexit’, não podemos manter obras aqui. Neste momento as obras de arte que saem do Reino Unido por mais do que um ano têm de pagar um imposto de 5% do seu valor quando regressem. Por causa disso, as obras da Paula vão ter de viajar do Reino Unido para cada exposição”, justificou.

No seu entender, “o resultado final acaba por ser o mesmo”.

“Vamos continuar a poder montar duas exposições completamente diferentes do trabalho da Paula todos os anos. As minhas irmãs e eu percebemos há algum tempo que se não cuidamos do legado da Paula mais ninguém o faria. É por isso que estamos a criar em Londres uma nova fundação capaz de gerir este legado”, adiantou.

Segundo Nick Willing, “essa fundação, financiada pelas vendas de vez em quando do trabalho da Paula, irá manter e catalogar o seu arquivo” e também “supervisionar as exposições e museus, compilar um dossiê de imprensa internacional e, claro, gerir a sua grande coleção de pinturas, desenhos e gravuras”.

Para financiar a fundação, a família irá “continuar a vender poucas obras”, mas ao mesmo tempo procurará “comprar obras para encher os buracos da coleção”.

Numa intervenção voltada para “o futuro” da obra de Paula Rego, Nick Willing disse que inaugurou na semana passada uma grande exposição individual do trabalho da mãe, em Hanôver, Alemanha, e irá inaugurar outra em Istambul: “São apenas duas das 23 exposições que vamos realizar em 2023 e 2024”.

Em seguida, ressalvou que para a família, “como foi para a Paula, este museu, a Casa Das Histórias, é o mais importante”, salientando “a doação de duas obras importantes” agora exibidas, os quadros “Day” e “Night”.

“Vamos manter a grande coleção da Paula de forma a que o seu trabalho esteja sempre disponível para ser aqui mostrado. Vamos continuar a fazer a curadoria dessa coleção comprando obras que ajudam a contar a sua história”, afirmou.