Carlos Moedas assumiu que há um “problema gravíssimo de sobrelotação” em Lisboa, nomeadamente da Praça do Chile para baixo até ao Martim Moniz, e garantiu que há falta de “políticas de imigração”, realçando que são precisas “mais pessoas”, mas também “contingentes” que assegurem que essas pessoas só devem chegar a Portugal se tiverem um contrato de trabalho.
Em entrevista à Renascença e ao Público, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que viu a questão da imigração voltar a marcar a atualidade devido ao incêndio na Mouraria, alertou para a necessidade de se rever uma “lei de estrangeiros com mais de dez anos” que previa que “o Estado olhasse todos os anos e visse qual era o contingente de pessoas que precisávamos” — e que disse que não acontece.
“Os refugiados devem ser sempre acolhidos. Para migrantes económicos, os países têm que ter políticas de imigração. Portugal precisa de imigrantes. Estamos a diminuir a população. Precisamos de mais pessoas, mas para isso temos que estabelecer contingentes daquilo que precisamos e essas pessoas têm que chegar com dignidade”, defendeu, frisando que é preciso perceber quantas pessoas são necessárias em cada área antes de deixar entrar imigrantes.
Moedas considera que esses contingentes devem ser publicadas e, a partir desse momento, disse, “as pessoas vêm para Portugal se tiverem um contrato de trabalho“. E alertou ainda para o caso das pessoas que chegam sem qualquer tipo de ligação laboral: “Temos neste momento as pessoas a chegarem a Portugal sem promessa de trabalho. Aliás, há um novo visto que não faz sentido nenhum, que é um visto para as pessoas chegarem e procurarem trabalho.”
Questionado sobre a possibilidade de esse ser um debate que pode ser apetecível para o Chega, o autarca insistiu que o tema não deve ser politizado e argumentou que esses contingentes existem na Alemanha, na Suécia, no Canadá. Moedas sublinhou que só com essa política é possível dar “dignidade” a quem chega ao país.
Relativamente à sobrelotação, o presidente da câmara admitiu que é “escandaloso” haver pessoas que subarrendam casas a 20 ou 30 pessoas e garantiu que está a trabalhar como Governo e com as juntas de freguesia, onde são dados os atestados de residência. Ainda assim, assegurou que a câmara “não pode entrar na propriedade privada, a não ser que haja uma denúncia”.