A Federação Nacional da Educação (FNE) vai eleger novo secretário-geral no domingo, num congresso que será o último de João Dias da Silva à frente da organização sindical, após 19 anos de liderança.
A federação, que congrega 10 sindicatos e é uma das mais representativas do setor, vai reunir-se a partir de sábado, em Aveiro, num congresso sob o mote “Por carreiras dignificadas e atrativas”.
No último dia (domingo) realiza-se a eleição dos novos órgãos sociais e o atual secretário-geral não será candidato.
João Dias da Silva assumiu a liderança da FNE em 2004 e, no setor da Educação, é o líder sindical há mais tempo no cargo (Mário Nogueira é secretário-geral da Fenprof desde 2007), tendo negociado com oito ministros diferentes ao longo de quase duas décadas.
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Os candidatos aos corpos gerentes da FNE para o quadriénio de 2023-2027 têm até ao final do dia de sábado para apresentar a sua candidatura, mas há já um sucessor que é apontado como mais provável, e para o qual tem vindo a ser aberto caminho nos últimos meses: Pedro Barreiros.
O atual vice-secretário-geral e presidente do sindicato da Zona Norte tem representado a federação sindical nas reuniões negociais com o Ministério da Educação desde setembro e é quem fala pela FNE na maioria das ocasiões.
Numa entrevista à agência Lusa, em fevereiro, João Dias da Silva disse que continuaria ligado à associação que a FNE tem para a Formação e Investigação em Educação e Trabalho e que tenciona cumprir o mandato como conselheiro do Comité Económico e Social Europeu, até 2025.
Licenciado em filosofia românica pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Dias da Silva entrou para o ensino em 1972 e, depois de ter sido convidado para integrar a direção do Sindicato dos Professores da Zona norte, chegou à liderança executiva da federação em 2004.
Olhando para os 19 anos à frente da FNE, considerou que a contratação e colocação de professores, uma matéria que esteve a ser recentemente negociada com o Ministério da Educação, era uma daquelas em que seria mais difícil reunir consenso.
Por outro lado, disse ver a atual mobilização e contestação dos professores, com greves e protestos de forma quase ininterrupta desde o final do ano passado, sobretudo como fruto insatisfação de muitos anos, em matérias laborais e salariais.
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Tendo-se cruzado com oito ministros da Educação, diz que foi com Tiago Brandão Rodrigues com quem foi mais difícil lidar, “porque se refugiou na ausência de disponibilidade para conversar”.
Das lutas que travou enquanto dirigente sindical, coloca a vinculação de milhares de docentes e não docentes, o fim da divisão dos professores em duas categorias (professor e titular) e da Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades para professores que já estão na carreira como algumas das principais conquistas.
À saída da sua liderança, deixa por concretizar a criação de uma carreira específica para os trabalhadores não docentes, além de outras matérias em cíclica negociação com o Governo.
Apesar dos “dossiers” que persistem legislatura após legislatura, João Dias da Silva encara o futuro da educação com otimismo: “Acho que vai ser possível superar estes problemas e que vamos poder ter uma profissão em que as pessoas se revejam e em que dê gosto trabalhar na escola”.
O mote do XIII Congresso vai ao encontro dessa expectativa, bem como da Conferência Internacional que se realiza esta sexta-feira, com a participação dirigentes sindicais de vários países para discutir o papel dos sindicatos no investimento “na educação com profissionais reconhecidos e valorizados”.