No dia 2 de junho, estreamos o primeiro episódio com Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa. Serão um total de doze episódios que se traduzem numa viagem pelos bairros que mudaram Lisboa e que trouxeram um novo rosto à capital.
Para além do autarca de Lisboa, o projeto contará ainda com a voz de muitas outras pessoas ligadas ao PER, desde arquitetos a moradores, a Vereadora da Habitação Filipa Roseta, João Soares, fechando o podcast com o presidente do Conselho de Administração da Gebalis, Fernando Angleu Teixeira. Todos terão oportunidade de partilhar a sua experiência no terreno, que será escutada nesta hora H, de Habitação.
Num momento em que o acesso a casas, a preços acessíveis, é um problema na sociedade portuguesa, tem ainda mais relevância debater aquele que é considerado o maior programa de promoção da habitação pública em Portugal, desde o 25 de abril. Com o objetivo de erradicar os “bairros de lata” nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, o PER foi criado na década de 1990, no Governo de Aníbal Cavaco Silva, quando milhares de famílias viviam nas denominadas “barracas”, em condições muito precárias.
A partir do final da década de 1970, a construção clandestina aumentou em Portugal, não só devido à crise financeira, mas também com a chegada de milhares de imigrantes vindos das ex-colónias portuguesas. Em 1993, foi criado este programa através do Decreto-Lei nº163, de 7 de maio, quando a problemática da habitação social atingiu um impacto mediático considerável.
Um ano depois era assinado o Acordo Geral de Adesão ao PER entre o Instituto de Gestão e Alienação do Património Habitacional do Estado (IGAPHE), o Instituto Nacional de Habitação (INH) e o Município de Lisboa, era então presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Jorge Sampaio. Começava uma das maiores transformações habitacionais da capital e, acima de tudo, a conciliação de Lisboa com as populações mais desfavorecidas, numa batalha que nem sempre foi fácil de travar, mas que resultou no realojamento de milhares de pessoas.
Nestes 30 anos, o PER envolveu 28 municípios, foram demolidos 986 núcleos de barracas, construídas 34 754 habitações municipais, realojados 32 333 agregados familiares e 132 181 pessoas, segundo dados divulgados pela CML. Só na capital, de acordo com o Relatório Final da Execução do PER em Lisboa, foram construídas 9.136 casas e realojadas 13.596 famílias, distribuídas por 65 empreendimentos e 36 bairros disseminados pela cidade. Em 1995, é criada a GEBALIS, com a missão de acompanhar estas famílias e os bairros desde a sua construção até aos dias de hoje. Uma missão que engloba não só a conservação do património, mas que também se desenvolve com uma forte perspectiva de solidariedade, inclusão, e integração social das comunidades.