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“Não quero ver nenhuma jovem que deseja realizar um sonho a não fazê-lo por causa do seu sexo”.

Inspirada por esta ideia, em 2008, Cedella Marley, filha de Bob Marley, antiga estrela musical, tomou conhecimento de que a seleção feminina da Jamaica estava em vias de acabar por falta de financiamento. “O meu filho chegou a casa com um panfleto que pedia ajuda para as Reggae Girlz [alcunha da seleção feminina da Jamaica]. Fiz algumas chamadas para saber o que estava a acontecer e disseram que a equipa estava prestes a acabar, porque não tinha suporte financeiro para poder jogar. Não era porque elas não eram boas, era porque elas não tinham dinheiro. Para os meninos, sim, mas não para as meninas”, explicou numa entrevista à ESPN.

Cedella começou a aproximar-se da realidade das jogadoras, chegando mesmo a viajar com elas. Não demorou muito a perceber que lhes faltava de tudo um pouco. Acabou por investir na equipa e por ajudar a lançar uma campanha de crowdfunding denominada “Strike Hard for the Reggae Girlz!”. A artista e ativista de 55 anos tornou-se embaixadora da equipa que atingiu o apuramento para a edição anterior do Mundial, em 2019.

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De regresso a um grande palco, depois de empatar 0-0 com a França, a Jamaica tinha a oportunidade de conquistar a primeira vitória de sempre num Mundial, em Perth, na Austrália. A ausência da jogadora do Manchester City, Khadija Shaw, expulsa na primeira jornada, não ajudava. Tudo ficou um pouco mais fácil com o golo de Allyson Swaby (56′). Apesar do Panamá ter dado uma boa réplica e da Jamaica não ter conseguido impor o favoritismo que se podia pensar existir, as Reggae Girlz conseguiram atingir o momento mais alto da sua história.

A pérola

  • Na ausência de Khadija Shaw que valeu 31 golos e dez assistências na temporada passada ao Manchester City, a Jamaica precisava de alguém que pudesse compensar a falta de capacidade concretizadora. Allyson Swaby, por se tratar de uma defesa, até podia não ser o nome mais esperado para marcar o golo da Jamaica, mas a central, capitã de equipa, acabou por subir no terreno e, na sequência de um canto, finalizar.

O joker

  • Drew Spence foi uma verdadeira número oito. A centrocampista revelou boas noções de ocupação de espaço e muita capacidade de chegada à área. Em cima do intervalo, esteve perto de ser ela a marcar de livre direto, mas a guarda-redes do Panamá, Yenith Bailey, entalou os dedos entre a bola e a trave para evitar o golo. Foi dela o remate que embateu na mão de Wendy Natis que quase valia um penálti, não fosse o VAR ter pedido à árbitra para ver o lance e reverter a decisão.

A sentença

  • O Panamá está eliminado do Mundial, embora ainda tenha que jogar com a França na última jornada do grupo F. A Jamaica sobe ao segundo lugar, deixando o Brasil em terceiro, e só depende de si para, frente à canarinha, carimbar a passagem aos oitavos de final

A mentira

  • O esforço de Lineth Cedeño acabou por não ser recompensado a favor do Panamá. Sofreu muitas faltas sempre que recebia a bola. Apesar de mostrar resiliência, não foi capaz de vestir o fato de heroína que já usou quando marcou frente ao Paraguai no playoff de qualificação que apurou a seleção para este Mundial.