Uma década de tempo é certamente um período longo o suficiente para observarmos alterações profundas, que se refletem nas tendências, nos acontecimentos que moldam o mundo: os últimos dez anos são prova disso.
Morrem os grandes, como Nelson Mandela em 2013; são celebrados os jovens que mudam o mundo, como quando a Malala Yousafzai ganhou o Prémio Nobel da Paz, em 2014; o autodenominado Estado Islâmico perde força; o Brexit acontece; o número de emojis disponíveis nos dispositivos móveis aumenta imensamente; o movimento global #metoo torna-se viral nas redes sociais e empodera várias gerações de mulheres; Jacinta Arden, a antiga primeira-ministra da Nova Zelândia faz história ao surgir na Assembleia Geral das Nações Unidas, com a sua bebé de três meses; uma pandemia tira-nos o tapete de um momento para o outro; uma guerra moderna, entre Rússia e Ucrânia, abre noticiários e choca-nos com horror.
Tal como todos estes momentos históricos, na última década, surgiram outros temas na agenda mediática que alteraram profundamente a forma como pensamos acerca de coisas várias, que nunca eram questionadas a viva-voz, como a inclusão, a diversidade, a representatividade no mercado de trabalho. Uma vez que começaram a mudar as necessidades dos cidadãos, também as empresas deram um salto em frente para tentarem adaptar as suas políticas internas, de inclusão, recrutamento e retenção de talento. Uma tendência que chegou para ficar.
Políticas de inclusão: isto é uma realidade?
Ouve-se na canção “Que mulher é essa”, da artista setubalense Garota Não, “tanto talento gasto em vão”. Tanto talento gasto em vão, ao longo dos tempos, por se discriminar quem é diferente: tanto talento gasto em vão quando a mulher que descobre que está grávida não vê o contrato de trabalho renovado; tanto talento gasto em vão quando os homens e mulheres deste país decidem abandonar um trabalho porque as condições de licença de parentalidade não são as ideias; tanto talento gasto em vão quando as empresas não reconhecem a vantagem da diversidade e inclusão, em contexto profissional.
Nas últimas décadas, desbravou-se muito caminho neste sentido, nomeadamente para melhorar as condições dos exemplos referidos no parágrafo de cima, como refere Eduardo Correia, Human Resources & Logistics Director, do Banco Credibom, que pertence ao Grupo Crédit Agricole:
“Uma sociedade mais permeável à mudança e à diferença é certamente uma sociedade mais desenvolvida, que promove a tolerância e o bem-estar de todos. O mesmo se passa nas organizações”.
O Banco Credibom tem definidas políticas de sustentabilidade, com medidas direcionadas não só para a sociedade, como para colaboradores e clientes, que se refletem em todas as áreas de negócio, incluindo na organização. Para o Banco, que pertence a um dos maiores e mais influentes grupos bancários mundiais, era imprescindível que a política de inclusão tivesse de fazer parte desses compromissos internos.
Um recrutamento mais inclusivo
No caso desta filial portuguesa, aposta-se em “processos de recrutamento inclusivos que promovem a diversidade na organização e permitem dar oportunidade a grupos que geralmente enfrentam maiores obstáculos para conseguir uma oportunidade no mercado de trabalho”. Atualmente a colaborar com a APEA – Associação Portuguesa de Emprego Apoiado -, o Banco Credibom acredita que a partilha de oportunidades de trabalho numa rede que suporta a integração de pessoas que se encontram em situações de desvantagem é uma mais-valia para enriquecer os seus processos de recrutamento.
A par da política interna, existe um compromisso forte com a dinamização de atividades que procuram dar destaque a temas relacionados com deficiência, igualdade de género e diversidade cultural, a par de atividades mais globais, com várias filiais da empresa, como o mês da diversidade.
“Estas iniciativas são compromissos estratégicos assumidos pelo banco já que queremos ser mais do que agentes económicos, queremos ter uma participação ativa nas sociedades onde estamos presentes”, explica.
É cada vez mais necessário investir e promover um ambiente de diversidade cultural dentro das empresas, não só imprescindível para criar uma cultura organizacional mais vibrante e compreensiva, mas também porque a diversidade de ideias, perspetivas e ângulos, no âmbito profissional, pode alavancar resultados melhores.
É, como refere Eduardo Correia, essencial: “Acreditamos que a diversidade cultural promove uma melhor aceitação, por parte dos colaboradores, em como existem formas diferentes de encontrar uma solução ou várias soluções para o mesmo problema, de investigar, inovar e implementar ações de melhoria continua”. A recetividade a novas ideias, de todos os colaboradores, ajuda “a ter um clima organizacional positivo, sermos mais inclusivos e a participar ativamente no crescimento da nossa empresa”.
Para onde caminhamos?
“Estamos a caminhar para uma cultura empresarial mais humana, mas não tão próxima fisicamente, tendo até em atenção as evoluções tecnológicas tão divulgadas recentemente”, admite. Os trabalhadores querem mais do que receber um salário ao fim do mês, querem trabalhar, mas sentirem-se bem e realizados enquanto o fazem, o que acarreta um «desafio para os gabinetes de Recursos Humanos.
“As políticas de Recursos Humanos devem ter em conta, cada vez mais, a promoção do bem-estar de todos, não só profissional como afetivo, pois isso é o que permite o verdadeiro reconhecimento dos colaboradores em como trabalham e fazem a diferença na melhor empresa para trabalhar”, explica, segundo a cultura organizacional do Banco Credibom.
Estamos a caminhar na direção certa, num momento em que os colaboradores querem sentir-se especialmente ligados emocionalmente à missão da empresa e ao trabalho que desempenham, existe necessidade de pôr em prática ações diferentes para criar esse ambiente.
“As ações a pôr em prática terão que passar pela comunicação constante de informação relevante e em meios digitais e gamificação, apostar cada vez mais nas necessidades e formas de recompensa individualizadas”, comenta. É, segundo o Eduardo Correia, essencial “promover igualmente cada vez mais ações de socialização e celebração entre os colaboradores”.
Repitam connosco: estamos a caminhar na direção certa.