O apelido é familiar a quem já acompanhava râguebi em 2007. Miguel Portela esteva na geração de Lobos que marcou presença pela primeira vez num Mundial há 16 anos. Nessa ocasião, Portugal perdeu todos os jogos que disputou, tendo deixado a competição apenas com um ponto. A alcateia que conseguiu o apuramento para o Mundial em 2023 tem o mérito de, com o empate frente à Geórgia (18-18), ter segurado a melhor participação de sempre na prova. A equipa onde atua Jerónimo Portela, filho de Miguel, conseguiu garantir, logo ao segundo jogo, o maior número de pontos na fase de grupos e não é tudo. Pela primeira vez, a seleção nacional não perdeu um encontro, sendo que, em simultâneo e de forma igualmente inédita, a equipa lusa marcou mais do que um ensaio na mesma partida. Mesmo que tenha sido Raffaele Storti a conseguir marcar os dois ensaios portugueses, Jerónimo Portela foi escolhido para homem do jogo.
A massive effort in a Rugby World Cup classic
Jerónimo Portela is the @Mastercard #POTM#RWC2023 | #GEOvPOR | #Priceless pic.twitter.com/fqGGx7x96h
— Rugby World Cup (@rugbyworldcup) September 23, 2023
“Fizemos história. Foi o nosso primeiro empate num Mundial. Queríamos mais. Trabalhámos desde junho para ganhar este jogo. Ainda temos mais dois jogos”, disse Jerónimo no final do encontro que Portugal podia ter vencido com uma penalidade de Nuno Sousa Guedes no último minuto. “Neste último chuto pensava mesmo que podíamos ganhar o jogo. Cometemos alguns erros. Vamos olhar para isso e fazer melhor da próxima vez”, acrescentou o médio de abertura do Direito.
Portugal sofreu na primeira parte diante dos georgianos. Ao intervalo, o selecionador nacional, Patrice Lagisquet, fez um pedido aos jogadores no balneário: “Vamos jogar o nosso râguebi, por favor”. Mesmo considerando que “o resultado é bom”, o treinador francês considerou que “a primeira parte foi muito pobre” e que os Lobos tiveram “sorte” de só estarem a perder por oito pontos no final dos 40 minutos iniciais, discurso no qual alinhou Tomás Appleton. “Estamos felizes com o resultado, não assim tanto com o desempenho. Acho que construímos uma base para o futuro”, afirmou o capitão. “Cometemos muitos erros. Tivemos muitas oportunidades para vencer o jogo. Perdemos por detalhes”.
Desde 2005 que Portugal não vence a Geórgia. “Não estávamos à espera que eles jogassem um râguebi tão expansivo, que abrissem tanto a bola, com grande velocidade. Estávamos mais à espera do combate físico. Acabámos por ser um bocado surpreendidos”, analisou o internacional português João Granate. O resultado positivo contra um adversário superior aos portugueses mostra que os Lobos estão a diminuir a distância para a concorrência. Seguem-se compromissos com a Austrália e as Ilhas Fiji para demonstrar confirmar a tese.