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Foi há um ano que Portugal venceu pela primeira vez uma partida do Mundial de râguebi, contra Fiji

World Rugby via Getty Images

Foi há um ano que Portugal venceu pela primeira vez uma partida do Mundial de râguebi, contra Fiji

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"Temos falta de apoios. Mundial foi um sucesso desportivo e um fracasso financeiro": o que mudou no râguebi um ano após a vitória com Fiji

Mais federados, mais atletas do Campeonato na Seleção e uma nova imagem para o exterior: foi assim o último ano do râguebi. FPR assume que precisa de apoios e de um estádio – para 10.000 espectadores.

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Oito de outubro de 2023. É este o dia que ficará, para sempre, ligado à história do desporto português. Foi naquela típica noite de um domingo de outono que, a mais de mil quilómetros de Portugal, a Seleção de râguebi fez história no Campeonato do Mundo. Em Toulouse, os Lobos entraram em campo na última jornada do grupo C a lutar pela honra, depois de terem sido eliminados nas partidas anteriores. Frente a Fiji, a formação então comandada por Patrice Lagisquet fez um ensaio a dois minutos do fim e conquistou a primeira vitória de sempre na competição (24-23).

Lobo que é Lobo também chora de alegria: Portugal consegue a primeira vitória de sempre no Mundial de râguebi

Mas, se recuarmos no tempo, percebemos que Portugal podia nem ter conseguido marcar presença na competição de França. Aliás, era mesmo isso que ia acontecer, não fosse Espanha ter perdido dez pontos por ter inscrito contra os regulamentos Gavin van den Berg. E foi aqui que começou o início de uma epopeia que podia ter sido escrito por um nome badalado da literatura. Os Lobos, que tinham terminado a fase de qualificação europeia na quarta posição, subiram ao terceiro posto e avançaram para a repescagem. Nessa fase, a Seleção superou Hong Kong (42-14) e o Quénia (85-0) e empatou com os EUA (16-16), conquistando assim a última vaga no Mundial no último segundo da partida.

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Já em França, sabia-se de antemão que a tarefa não ia ser fácil mas o estatuto de underdog podia ajudar a formação portuguesa frente a adversários de outra valia. Tudo começou contra Gales e uma derrota (28-8). Seguiu-se a Geórgia e foi aqui que se começou a perceber que Portugal podia ser uma das equipas-sensação da prova. Contra a formação de Leste, os Lobos agigantaram-se e, no último segundo, tiveram nos pés a oportunidade de garantir a vitória mas Nuno Sousa Guedes não conseguiu a conversão de um pontapé aos postes de ângulo complicado (18-18). Estava deixado o aviso.

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Foi em Toulouse que Portugal fez história ao derrotar Fiji

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Seguiu-se a Austrália, uma das potências modalidade, e um desaire que, apesar de esperado, deitou por terra as aspirações portuguesas no Campeonato do Mundo. Com essa derrota por 34-14, e apesar da resistência demonstrada frente a um dos colossos da modalidade, Portugal foi eliminado ainda antes da derradeira jornada. Mas não foi por isso que a comitiva lusitana desistiu. Afinal, havia ainda um objetivo no horizonte. Foi com esse objetivo em mente que a Seleção entrou em ação contra Fiji. Como seria de esperar, o jogo esteve longe de ser fácil contra uma equipa muito forte fisicamente mas Portugal esteve à altura e conquistou o primeiro triunfo de sempre no Mundial (23-24). Para além disso, os Lobos superaram o ponto conquistado em 2007 e terminaram no quarto lugar do grupo C, com seis pontos.

Campeonato Nacional em maioria na Seleção e número de praticantes bate recordes

Para já, ainda não é possível observar-se grandes desenvolvimentos neste capítulo, embora tenha havido um ligeiro aumento do Campeonato português no lote de jogadores convocados para a Seleção, tal como Carlos Amado da Silva, presidente da Federação Portuguesa de Râguebi (FPR), partilhou com o Observador. Olhando ao último jogo do Mundial, 11 dos 23 representantes atuavam em Portugal. Se compararmos com a última convocatória, que data de julho, regista-se mais um elemento da nossa Liga, o que perfaz agora uma representação superior a 50%. Ainda assim, nenhum dos jogadores que atuava no estrangeiro regressou a Portugal, embora se espere que esse cenário mude.

[Já saiu o segundo episódio de “A Grande Provocadora”, o novo podcast Plus do Observador que conta a história de Vera Lagoa, a mulher que afrontou Salazar, desafiou os militares de Abril e ridicularizou os que se achavam donos do país. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube. E pode ouvir aqui o primeiro episódio.]

Relativamente à composição e à génese do râguebi português, atualmente encontram-se registados 49 clubes na FPR e, de acordo com Amado da Silva, o número de jogadores federados está “próximo 8.000”, o que revela um aumento significativo no último ano e na última década. “Batemos recordes sucessivamente. Acabámos o ano próximos dos 7.000, que já foi o recorde de sempre. De há dez anos para cá tem havido sempre aumentos. Temos batido recordes sucessivamente e vamos continuar a bater. 70% dos jogadores ainda são de Lisboa. Estamos a inverter isso. Precisamos de mais gente a jogar. Dentro de dois a três anos queremos chegar aos 15.000 [federados] e depois os 30.000/40.000, o mínimo para termos uma equipa decente”, apontou como meta o dirigente.

Carlos Amado da Silva

Carlos Amado da Silva, aqui com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, é o presidente da Federação Portuguesa de Rugby

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O exterior começou a olhar para Portugal, mas faltam “condições de trabalho”

Com a excelente prestação deixada em França no último, as consequências começaram a surgir, embora sejam mais “do exterior” do que propriamente em termos internos. “Portugal está na moda. Não foi por acaso que fomos jogar à África do Sul e contra a Namíbia – fomos convidados. Esse reconhecimento ainda não é feito dentro do nosso país. Temos faltas de apoios de toda a ordem. O Campeonato do Mundo foi um sucesso desportivo, mas foi um fracasso financeiro, como era suposto. Não temos as condições de trabalho que têm os outros. O râguebi nacional não é a 15.ª potência mundial mas os Lobos são. Falta-nos apoio mas o Governo está atento a essa situação e quer ajudar”, explicou o presidente da FPR.

Um dos problemas apresentados pelo dirigente prende-se com a falta de um recinto para a Seleção utilizar. Nos últimos tempos, Portugal utilizou o Estádio Nacional do Jamor e o Estádio do Restelo, e tem no horizonte um acordo com a Câmara local para utilizar o Estádio Cidade de Coimbra. “Não temos um estádio onde jogar. É uma coisa inaceitável. Na qualificação vamos ter de optar, provavelmente, pelo Restelo, que custa dinheiro. Fizemos um protocolo com a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e com a Federação Portuguesa de Atletismo (FPA). O Estádio Nacional não vai estar pronto imediatamente e, até lá, não temos condições”, lamentou o dirigente.

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Jamor tem sido um dos palcos da Seleção portuguesa

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Para Carlos Amado da Silva, a solução passa por um estádio fixo “com capacidade para 10.000 pessoas” e preferencialmente “no Centro de Alto Rendimento”, no Jamor. “Esse é que deve ser o nosso espaço. Quando vierem cá a África do Sul, a Nova Zelândia, etc. – porque hão-de vir – precisamos de um campo maior. Todas as modalidades têm espaço onde jogar e nós não temos. Temos feito um papel importante em termos de modalidades desportivas”, sublinhou.

Contudo, os problemas não se ficam por aqui e estão também relacionados com a falta de apoios. “Na altura do Mundial, o governo [de António Costa] prometeu e não cumpriu. Neste momento somos vítimas do passado. O que mudou foi a imagem internacional: Portugal é respeitado como uma potência internacional. Há muitos projetos, mas somos poucos. Queremos mais apoios, acho que temos direito a eles. O secretário de Estado do Desporto [Pedro Dias] já manifestou essa intenção. Queremos mais porque estamos a lutar com os melhores e a jogar num nível diferente”, partilhou ao Observador Amado da Silva, explicando que está prestes a ser celebrado “um protocolo com uma empresa portuguesa que visa fazer uma academia para potencializar estudantes”.

Por fim, Carlos Amado da Silva considera que não será possível profissionalizar a modalidade num futuro próximo porque, primeiro, “Portugal precisa de uma equipa profissional”, realçando que o Lusitanos, a equipa de apoio aos Lobos, tem jogadores amadores, nomeadamente os que jogam em Portugal. “Todos os países têm uma equipa de apoio à equipa principal. Não posso parar os Campeonatos Nacionais para os jogadores treinarem, que é o que está a acontecer agora. Não faz sentido. Estamos a três meses de uma decisão absolutamente decisiva para o râguebi nacional [qualificação europeia para o Mundial]. O Lusitanos tem de ser profissional. Não podemos estar sujeitos às boas vontades dos clubes”, acrescentou o presidente.

As mudanças de selecionadores no período depois do Mundial

Com a chegada àquele que é, para já, o topo do râguebi português, começaram a aparecer os “problemas”. Na verdade não começaram porque, ainda durante a competição, Patrice Lagisquet confirmou que ia abandonar o cargo de selecionador nacional. Ainda assim e segundo o presidente da FPR, Carlos Amado da Silva, esta decisão estava tomada antes do Campeonato do Mundo, embora só tenha sido conhecida publicamente antes do último jogo.

E foi precisamente com Lagisquet que Portugal regressou a um Mundial de râguebi, repetindo a presença de 2007, também em França. Para além desse feito histórico, a que se seguiu o primeiro empate e a primeira vitória de sempre, o técnico sagrou-se vice-campeão do Europe Championship em março de 2023, ao perder a final de Badajoz frente à Geórgia (38-11). Antes de aterrar em território português, Patrice foi internacional pelos bleus em 46 ocasiões e orientou o Biarritz entre 1997 e 2007, voltando em 2011 para assumir o cargo de diretor-geral. Seguiu-se a passagem pela seleção de França como treinador das linhas atrasadas, entre 2012 e 2015.

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Patrice Lagisquet deixou o comando técnico da Seleção depois do Mundial

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Com a saída de Patrice Lagisquet, que tinha prometido à família abandonar o râguebi, veio uma travessia no deserto, ainda que a FPR tenha precisado apenas de alguns dias para anunciar o novo selecionador: Sébastien Bertrank. Os dirigentes da modalidades tinham, assim, optado por continuar a apostar na experiência trazida pelo râguebi francês, mas a passagem de Bertrank durou… um mês. Em novembro de 2023, o treinador, que também estava vinculado ao ministério do Desporto francês, comunicou à FPR que pretendia abandonar o cargo devido ao “aumento significativo do volume de trabalho” depois da prestação em França.

Para trás ficou um trajeto sem qualquer jogo dos Lobos e apenas dois do Lusitanos na Super Cup europeia, prova que contempla os principais clubes fora das grandes Ligas. Com esta saída inesperada veio nova procura de selecionador por parte da FPR, mas a tarefa não foi fácil e levou Portugal a terminar o ano sem treinador. O problema manteve-se no início de 2024 e levou os Lobos a começarem a nova edição do Europe Championship sem um técnico definitivo.

Uma entrada em falso: Portugal perde com a Bélgica no arranque do Rugby Europe Championship

Recuando ao Mundial, a FPR precisou de apenas quatro dias para anunciar o novo selecionador mas a missão voltou a fracassar e o râguebi português parecia ter entrado numa espiral que o levou a recuar no tempo, até uma época em que o desporto tinha pouco de profissional. A embrulhada acabou por perdurar até depois da competição, mesmo depois de Daniel Hourcade ter sido “contratado”, como consultor da World Rugby, a entidade internacional que tutela a modalidade, para chefiar a equipa técnica composta por três treinadores aconselhados pela federação internacional. Só em abril deste ano, precisamente um mês depois do término da prova europeia, Simon Mannix foi anunciado como novo selecionador.

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Simon Mannix é o atual selecionador nacional

AFP via Getty Images

O “fantasma” chamado Geórgia, a novidade de jogar contra as potências e a presença portuguesa em Paris-2024

O novo ano abriu com Portugal em ação no Europe Championship. Com Hourcade no comando técnico dos Lobos, a prova começou com uma surpreendente derrota na Bélgica (10-6), que levou a um tombo inédito no ranking mundial. Depois de ter subido ao 13.º posto após o Mundial, a Seleção caiu para o 16.º lugar. As indicações não eram as melhores e chegou a esperar-se o pior de uma equipa que, até então, estava em crescimento. Ainda assim, a comitiva conseguiu recuperar e derrotou Polónia (casa, 54-7) e Roménia (fora, 49-29), terminando o grupo B na primeira posição.

Deste modo, os Lobos voltaram a marcar presença na fase final da competição, a denominada Grand Finals. Nas meias-finais, quis o destino que Portugal encontrasse Espanha. Num encontro que se previa complicado, os espanhóis entravam em campo com uma vontade inabalável de vencer um jogo que servia como uma espécie de “vingança” devido aos acontecimentos dos meses anteriores. O Estádio do Restelo vestiu-se de gala para mais um grande jogo frente a nuestros hermanos e o resultado acabou por sorrir às aspirações nacionais: um apertado 33-30 mas os Lobos estavam pelo segundo ano seguido na final da prova.

Como não podia deixar de ser, o derradeiro jogo tinha colocado a Geórgia no caminho português. Pelo segundo ano seguido e pelo terceiro encontro consecutivo, o confronto voltou a ser inglório para a Seleção Nacional, que caiu em França por 36-10. Contudo, ficava na retina uma excelente reação de uma equipa assolada por problemas externos. O formação Hugo Camacho e o abertura Hugo Aubry foram duas das novidades apresentadas por Hourcade ao longo do torneio das Seis Nações B, evidenciando-se a aposta numa nova geração. Já com Mannix no comando, Pedro Bettencourt retirou-se do râguebi aos 29 anos devido às concussões cerebrais que sofrera e Samuel Marques e Francisco Fernandes voltaram aos Lobos.

Com a entrada do novo selecionador voltou a surgir a tendência de crescimento e aconteceu algo que ainda não tinha acontecido: Portugal ia jogar contra duas das potências da modalidade no espaço de poucos meses. Fruto do calendário apertado, há pouco espaço para se marcar jogos particulares com as principais seleções, mas a FPR conseguiu-o. Antes, Simon Mannix estreou-se com um triunfo frente à Namíbia (27-22) e, na visita à bicampeã do mundo África do Sul, os Lobos estiveram 77 minutos com um elemento a mais, mas perderam por números expressivos (64-21). Para novembro está agendada a visita à Escócia, atual número sete do mundo. Com estes novos resultados, Portugal voltou a subir no ranking, para 15.º. Para julho de 2025 está agendado mais um particular, desta feita com a Rep. Irlanda.

A juntar aos mais recentes acontecimentos do râguebi português, o nosso país voltou a contar com representação no torneios de sSeven dos Jogos Olímpicos, novamente pelo árbitro Paulo Duarte. O juiz de 36 anos admitiu que tinha como objetivo estar na final mas acabou por não cumprir essa meta, embora tenha estado em ação em dois desafios. O primeiro aconteceu na fase de grupos e opôs a Austrália ao Quénia, por sinal o primeiro de Paris-2024 (21-7). Já na parte final do torneio, Paulo Duarte voltou a ser nomeado, desta feita para o Uruguai-Quénia (14-19) da decisão dos nono aos 12.º lugares.

A organização do Campeonato do Mundo (sem Espanha) e a (possível) Taça Latina

Este crescimento do râguebi português que, apesar de ter sido evidente no último ano, advém da última década, levou a Federação a ponderar outros horizontes para o futuro da modalidade. Com a organização dos próximos dois Campeonatos do Mundo entregue a Austrália (2027) e EUA (2031), Portugal também pretende juntar-se a este leque e decidiu endereçar um convite a Espanha para os dois países se voltarem a unir. Assim, depois da edição deste ano da Volta a Espanha, do Campeonato da Europa de andebol de 2028 (a par da Suíça) e do Campeonato do Mundo de futebol de 2030 (a par de Marrocos e, noutro prisma, Argentina, Paraguai e Uruguai), o Mundial de 2035 poderia chegar à Península Ibérica.

"É um processo complicado mas estamos preparados para concorrer. Sabemos que seríamos muito mais fortes se fossemos em conjunto, Portugal e Espanha. Espanha não quis, é um direito que tem. Não gostei da ideia mas há que respeitar. Portugal ainda não concorreu, estamos a estudar a possibilidade, mas a ideia é concorrermos”
Carlos Amado da Silva, presidente da Federação Portuguesa de Rugby

“[A ideia] nasceu de um estudo que foi feito e concluiu que, nos dez primeiros países com qualificações para organizar o Campeonato do Mundo, estavam Espanha e Portugal, por esta ordem. Quando soube disso falei com o meu homólogo espanhol para fazermos uma candidatura ibérica conjunta. Ficou por aí”, começou por explicar ao Observador Amado da Silva que, depois, se mostrou surpreendido por uma mudança de posição dos espanhóis. “Passado uns tempos, Espanha anunciou, com a sua legitimidade, que iria concorrer isoladamente. Nesse dia falei com o Governo português e dei nota à World Rugby que Portugal também está interessado em organizar o Campeonato do Mundo em 2035″.

“É um processo complicado mas estamos preparados para concorrer. Sabemos que seríamos muito mais fortes se fossemos em conjunto, Portugal e Espanha. Espanha não quis, é um direito que tem. Não gostei da ideia, mas há que respeitar. Portugal ainda não concorreu, estamos a estudar a possibilidade, mas a ideia é concorrermos”, explicou o dirigente português, que partilhou ainda outra ideia que está em cima da mesa: a criação de uma Taça Latina. “Poderemos criar uma Taça Latina, com Portugal, Itália, Espanha e eventualmente a Roménia. Era muito interessante. Eu e o presidente da Federação italiana falámos e a ideia ainda está de pé”.

O caso Técnico e a reformulação do Campeonato Nacional

Ainda antes de os Lobos sequer imaginarem que iam estar em França, o râguebi português assistiu a uma das páginas mais caricatas da sua história: o histórico Técnico, campeão nacional à data, foi desclassificado da Divisão de Honra (Primeira Liga) de 2021/22 por alegada utilização irregular de nove jogadores num encontro com o CDUL e acabou no terceiro escalão. Contudo, em agosto de 2022, o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) deu razão ao clube, anulando as decisões da direção e do Conselho de Disciplina da FPR, que decidiu recorrer para o Tribunal Central Administrativo do Sul (TCAS) mas voltou a perder. Já em outubro de 2023, o Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa (TACL) julgou procedentes os pedidos do Técnico que visavam a sua reintegração no Campeonato e para ser ressarcido pelo sucedido. O clube três vezes campeão nacional acabou por ser reintegrado e está de regresso ao principal escalão na presente temporada.

Belenenses é o atual campeão nacional de râguebi

Facebook/Belenenses Rugby

Esta não é a única novidade para a presente temporada que, a partir deste ano, conta com novo formato, mais equipas e um Torneio de Abertura. Em 2024/25, o principal escalão conta com 12 equipas, mais duas em relação à temporada anterior, que não teve descidas de divisão. Assim, Técnico e Montemor estão de regresso à Divisão de Honra. A competição está agora dividida em três grupos de quatro equipas, distribuídas com base no época anterior, e disputa-se em formato todos contra todos, a duas voltas. No final, os dois primeiros de cada grupo avançam para o Grupo do Título, que vai decidir o campeão com base na regularidade, sem playoffs e final.

Antes de a competição principal ter início, disputa-se o Torneio de Abertura, que começou a 22 de setembro e termina a 28 de novembro. Este torneio serve de preparação para as mesmas 12 equipas, que estão divididas em dois grupos de seis, mas os jogos são apenas a uma volta. Terminada a fase regular, os dois primeiros de cada grupo seguem para as meias-finais e a final vai determinar o vencedor. Deste modo, estão em ação o campeão Belenenses, Direito, Cascais, Académica, Lousã, CDUP, Agronomia, Benfica, CDUL, São Miguel, Técnico e Montemor.

Carlos Amado da Silva explicou ao Observador que a decisão desta reformulação é simples e passa, inevitavelmente, pela preparação para o Campeonato do Mundo de 2027. “Os clubes compreenderam que tínhamos de organizar a competição de forma a não colocar em causa a qualidade e a ocupação dos jogadores. O Campeonato vai-se manter competitivo. Todas as equipas vão estar na máxima força na fase final. Vai ser muito interessante e espero que haja cobertura televisiva e que as pessoas adiram”, concluiu o presidente da FPR.

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