A Bird, empresa de aluguer de trotinetes elétricas, entrou com um pedido de proteção contra credores ao abrigo de um formulário Chapter 11, do código de falências dos Estados Unidos. O processo de “reestruturação financeira que visa fortalecer o seu balanço” deu entrada num tribunal da Florida, com a firma a dizer que pretende continuar a operar com normalidade com o objetivo de crescer de forma “sustentável e a longo prazo”.

O processo, que chega cinco anos após ter sido considerada a startup mais rápida a atingir o estatuto de unicórnio (ou seja, a ter alcançado uma avaliação superior a mil milhões de dólares), não afeta as operações na Europa e no Canadá, que continuarão “normalmente”, indicou a Bird em comunicado. O Observador questionou a empresa para obter mais detalhes acerca do futuro das operações em Portugal, uma vez que está presente em cidades como Lisboa e Porto, mas foi remetido para a nota divulgada esta quarta-feira.

De acordo com a Bloomberg, a empresa com sede em Miami indicou, no processo em que procura aprovação judicial de um plano para reembolsar os credores, ter ativos e passivos entre 100 milhões e 500 milhões de dólares. No âmbito do processo, que a Bird pretende que permita reestruturar as finanças sem interromper as operações diárias, deverá receber um financiamento DIP (debtor-in-possession ou devedor em posse, em português) de 25 milhões de dólares do fundo Apollo Global Management e de outros investidores, cujos nomes não foram divulgados.

A Bird afirma ainda que pretende utilizar “o processo supervisionado pelo tribunal para facilitar a venda dos seus ativos”, sendo que “celebrou um acordo de ‘stalking horse’ com os atuais credores”. O Tech Crunch detalha que com esse tipo de acordo é iniciado um processo de licitação que tem como objetivo estabelecer o valor máximo da empresa. São os credores que vão estabelecer uma proposta base, mas a oferta está “sujeita a propostas mais elevadas e melhores” de pretendentes externos para “maximizar o valor para todos os interessados”. “A Bird espera concluir o processo de venda nos próximos 90 a 120 dias.”

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Fundada em 2017 por Travis VanderZanden, antigo executivo da Uber, a Bird entrou na bolsa de Nova Iorque no final de 2021. Porém, este ano a bolsa de Nova Iorque iniciou (e concluiu) um processo para a retirar, uma vez que a sua capitalização bolsista permaneceu abaixo de 15 milhões de dólares durante 30 dias de negociação consecutivos, algo que segundo as regras não é permitido.

Travis VanderZanden também deixou a empresa este ano e o cargo de CEO que ocupava até então. Neste momento, a Bird é liderada por Michael Washinushi, CEO interino, que, de acordo com o comunicado, continuará a ocupar essa função antes e depois da reestruturação. Washinushi afirma que a firma continua focada em tornar “as cidade mais habitáveis, usando a micromobilidade para reduzir o uso de automóveis, o trânsito e as emissões de carbono”. “Estamos a progredir em direção à rentabilidade e pretendemos acelerar esse progresso através do redimensionamento da nossa estrutura de capital com esta reestruturação”, conclui.

Notícia atualizada às 17h com a resposta da Bird, que remeteu o Observador para o comunicado