Vários serviços do Estado francês foram afetados no domingo por ataques informáticos de uma “intensidade sem precedentes”, anunciou o Matignon, a residência oficial do primeiro-ministro francês, esta segunda-feira.

De acordo com o jornal Le Figaro, que cita uma fonte da segurança francesa, os ataques “não são atribuíveis ao Estado russo nesta fase”. O incidente informático afetou “muitos serviços dos Ministérios”, mas nesta altura estarão a ter um impacto “reduzido”, uma vez que os processos já estão a ser recuperados. O Ministério do Trabalho terá sido um dos mais afetados.

O governo francês ativou uma “unidade de crise” no domingo à noite “para implementar medidas e garantir a continuidade dos serviços de tecnologias de informação”.

Embora França ainda não tenha identificado os autores do ataque, o grupo de piratas informáticos Anonymous Sudan reivindicou a operação, numa mensagem divulgada através da rede social Telegram.

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Este grupo de cibercrime pró-Rússia explicou que entre os seus alvos estavam os Ministérios da Cultura, da Saúde, da Economia e da Transição Ecológica, além dos da Aviação Civil, a direção interministerial de economia digital, o Instituto Geográfico Nacional e o gabinente do primeiro-ministro.

O grupo tem apoio de Moscovo e de vários grupos islamitas, segundo a agência EFE.

“Nesta fase, o impacto destes ataques foi reduzido para a maioria dos serviços e o acesso aos sites do Estado foi restaurado”, assegurou o gabinete do primeiro-ministro.

Antes dos Jogos Olímpicos de Paris, este verão, as eleições europeias de 9 de junho serão “um desafio considerável e um alvo” para a manipulação estrangeira, avisou na passada semana o secretário-geral do Departamento de Defesa e Segurança Nacional, Stéphane Bouillon.

Este departamento — que reporta diretamente ao primeiro-ministro – deve organizar no dia 29 de março, para todos os partidos políticos franceses candidatos às eleições europeias, uma reunião para “aumentar a sensibilização para as chamadas ameaças híbridas”, a fim de enfrentar os riscos de “ciberataques, manipulação de informação e interferência estrangeira”.

O ministro francês das Forças Armadas, Sébastien Lecornu, apelara, em 20 de fevereiro, ao reforço das medidas de segurança face às ameaças de “sabotagem e ciberataques” com origem na Rússia.

(Atualizada às 19h10)