O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, afirmou esta segunda-feira que a autarquia “não é tida nem achada” pela Infraestruturas de Portugal (IP) em matérias relacionadas com a VCI, onde lembrou existirem “enormes problemas”.

“A cidade tem um território chamado VCI [Via de Cintura Interna] em que a IP acha que a câmara não é tida nem achada”, afirmou o autarca independente durante a reunião do executivo, referindo-se a alterações feitas pela IP seja ao nível do trânsito ou da velocidade de circulação.

Questionado pela vereadora social-democrata Mariana Macedo sobre o abate de árvores, que serviam como barreira acústica na Prelada, junto à VCI, levado a cabo pela IP, Rui Moreira reforçou as críticas à atuação daquele organismo público na cidade.

“Verificámos que estavam a deitar abaixo cerca de 60 árvores e acham que não têm de dar aviso às tropas”, referiu, acrescentando que a VCI continua com “imensos problemas”.

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O autarca disse também já ter alertado a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-Norte) para os elevados riscos de poluição inerentes àquela via e que se a situação permanecer como está não será possível alcançar as metas a que o município se propôs, nomeadamente, em matéria de redução carbónica.

Em 8 de fevereiro, o atual Governo remeteu para um próximo executivo as decisões sobre a reordenação do trânsito na VCI, após confirmar que o presidente da Câmara do Porto defendeu estarem reunidas as condições para as tomar.

“O presidente da Câmara Municipal do Porto acredita estarem reunidas as condições para se avançar com as alterações na VCI e disso mesmo deu nota informalmente ao secretário de Estado Adjunto e das Infraestruturas. Contudo, a decisão de implementação, ou não, das referidas medidas deverá ser tomada pelo próximo Governo“, afirmou a Secretaria de Estado das Infraestruturas em resposta à Lusa.

A Lusa tinha questionado o gabinete liderado por Frederico Francisco acerca da posição do autarca do Porto, Rui Moreira, noticiada pelo Porto Canal, em que este se manifestava “mesmo convencido” de que, desta vez, se iriam fazer as alterações.

Num grupo de trabalho criado em 2020 foram propostas 27 medidas, baseadas em três áreas temáticas: gestão de portagens, melhorias de infraestruturas e a gestão das mesmas.

O grupo de trabalho propôs um cenário, denominado G, que consistia na redução tarifária no último pórtico sul da A28, na introdução de um novo pórtico na A28, a sul da interseção com a A41, na eliminação dos dois pórticos existentes no tramo poente da A4 e na introdução de um novo pórtico entre a A4 (nascente) e a A3 (tramo sul).

No dia 22 de janeiro, o autarca independente tinha exigido a aplicação das medidas para retirar pesados da VCI, acordadas pelo grupo de trabalho em 2020, responsabilizando o Governo e Matosinhos pela não implementação.

No mesmo dia, a Câmara de Matosinhos defendeu que a mudança estrutural no cenário de trânsito na região só virá com a adoção do transporte público, após Rui Moreira ter responsabilizado o município pelo tráfego na VCI.

No entanto, a autarquia liderada por Luísa Salgueiro (PS) disse concordar com o chamado cenário G, o que levou Rui Moreira a comunicar ao secretário de Estado que, no seu entendimento, estavam reunidas as condições para avançar com o projeto, segundo o Porto Canal.

Na Assembleia Municipal daquele dia, o movimento Aqui Há Porto!, que apoia Rui Moreira, apresentou ainda uma moção, que foi aprovada, em que instava o Governo a isentar, por um período experimental de um ano, as portagens na A41-CREP.

A moção instava ainda o secretário de Estado Adjunto e das Infraestruturas a aplicar taxas de portagens na VCI “a todo o tráfego de atravessamento”, exceto “aquele que tem como origem e destino a cidade do Porto”.