A associação de professores de informática alertou esta quarta-feira para a falta de condições para realizar as provas digitais, denunciando que as escolas só agora vão começar a criar servidores locais ficando sem tempo para os testar devidamente.

Escolas com problemas de rede de internet, alunos com computadores avariados ou sem equipamentos, inexistência de suporte técnico para arranjar o material estragado são alguns dos problemas que têm sido apontados por professores e diretores.

Esta quarta-feira, a presidente da Associação Nacional de Professores de Informática (Anpri) revelou novos problemas: As escolas “só agora” vão começar a preparar uma alternativa para fazer face à fraca rede de internet.

“O ministério quer que as escolas criem um servidor local”, disse Fernanda Ledesma, defendendo que depois de configurar o tal servidor “deveria haver condições para o testar antes das provas”.

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“Falta pouco mais de um mês e meio para começarem as provas digitais”, período que ainda será interrompido pelas férias da Páscoa.

As provas de aferição, dirigidas aos alunos do 2.º, 5.º e 8.º anos, começam em maio, e a 12 de junho será a vez de todos os alunos do 9.º ano realizarem a prova de Matemática, que tem um peso de 30% na nota final.

Para a professora, o processo de instalação de um servidor para as provas digitais deveria ter começado no início do ano letivo, para dar tempo para “realizar testes de força” e para que professores e alunos pudessem treinar e ir “corrigindo o que corre mal“.

Além disso, lembrou Fernanda Ledesma, a disciplina de Matemática tem uma escrita com carateres diferentes que obriga a usar teclas especificas e, por isso, os alunos deveriam começar a treinar consistentemente muito antes dos exames.

Tal como tem sido pedido por pais, professores e diretores, também a Anpri defende um recuo no programa de desmaterialização das provas e exames nacionais, que começou gradualmente em 2021/2022.

“Este é um momento de avaliação externa que, por si só, já é um momento tenso e de algum nervosismo para os alunos. O exame do 9.º ano em formato digital devia ser suspenso”, defendeu Fernanda Ledesma, que também é contra a realização de exames nacionais de acesso ao ensino superior em formato digital.

Segundo o calendário do projeto, este é o ano da universalização das provas do 9.º ano e no próximo ano letivo será a vez dos alunos do 11.º e 12.º ano realizarem os exames nacionais em formato digital.

“Acho que o projeto não foi bem pensado de raiz, porque uma coisa são as provas de aferição, outra situação é querer passar tudo isto para digital. Há experiências noutros países de testes em formato digital, mas não com exames nacionais”, defendeu.

Para a professora, “começaram a construir a casa pelo telhado”, ao implementar um programa digital quando nem todas as escolas têm condições para o aplicar.

Primeiro era preciso garantir que as escolas têm infraestruturas e apoio técnico, assim como que todos os alunos têm equipamentos a funcionar, defendeu.

Fernanda Ledesma revelou ainda que a garantia do último lote de computadores atribuídos aos alunos “acabou na semana passada e, portanto, nenhum equipamento já tem garantia”.

A presidente da associação salientou que estes são computadores que se “avariam muito”: Os teclados e monitores “partem-se com muita frequência porque andam diariamente nas mochilas” dos alunos.

“Neste momento, as escolas têm dezenas de equipamentos em prateleiras”, alertou, e os professores de informática têm sido constantemente chamados a resolver problemas que estão fora das suas funções.

Professores fazem greve à manutenção de apoio técnico às provas digitais

Perante este problema, a Fenprof e a Anpri anunciaram na segunda-feira uma greve, que começa no 3.º período, ao trabalho de apoio e manutenção de equipamentos, bem como ao suporte técnico às provas digitais.