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Rui Rocha afirmou esta terça-feira que a Iniciativa Liberal é contra uma “visão retrógrada” da sociedade e do papel das mulheres, mas sem querer “cancelar” ninguém, considerando até preferível que essas posições sejam manifestadas publicamente para serem rebatidas.

O presidente da Iniciativa Liberal falava aos jornalistas durante uma ação sobre habitação no Jardim Constantino, em Lisboa, a propósito do livro “Identidade e Família — Entre a Consciência da Tradição e As Exigências da Modernidade”, que o antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho apresentou, na segunda-feira à noite.

Questionado sobre o conteúdo deste livro e o teor do discurso de Pedro Passos Coelho, Rui Rocha declarou: “Eu não conheço o livro, vi excertos. Esses excertos há muitos deles com os quais eu não concordo. Parece-me que traduzem uma visão retrógrada, uma visão ultrapassada”.

Segundo Rui Rocha, “a Iniciativa Liberal tem relativamente a tudo isso posições muito claras”, mas é importante assinalar que “há uma posição que a Iniciativa Liberal também tem muito clara, que é a liberdade de expressão”.

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“Portanto, eu acho que estamos num mau caminho quando alguém defende as suas ideias — com as quais muitas delas eu não concordo e estou até do lado oposto — for logo vítima de ataques, de visões que querem cancelar. Nós não somos esse partido“, reforçou.

Interrogado se concorda que o lugar da mulher é em casa, na cozinha, o presidente da Iniciativa Liberal respondeu: “Aí está um ótimo tema onde eu tenho uma visão completamente oposta aos tais excertos que eu vi no livro e até posições que foram manifestadas por um dos autores desse livro”.

“A visão que a Iniciativa Liberal tem é de um país avançado, de um país de futuro e jamais de um país de retrocessos, de perda de direitos. Nesse aspeto, obviamente, nem um passo atrás. Mas eu prefiro que essas posições existam, sejam manifestadas para eu as poder criticar e para podermos fazer a defesa do país que entendemos. E, portanto, a liberdade de expressão deve ser respeitada mesmo e sobretudo quando divergimos completamente dessas visões“, acrescentou.

Rui Rocha sustentou que “o liberalismo é mesmo a filosofia política que defende o indivíduo, independentemente das suas características, das suas preferências”, que “quer que todos tenham os mesmos acessos, os mesmos direitos”.

“Cá estamos para defender isso”, assegurou.

Relativamente ao discurso de Passos Coelho, referiu também que não se revê “em muitas das posições” do antigo presidente do PSD.

Concretamente sobre as palavras de Pedro Passos Coelho interpretadas como um apelo a que o PSD fale com o Chega, para dar “um sinal muito forte” aos eleitores que expressaram desilusão nas últimas eleições, o presidente da Iniciativa Liberal considerou que são “questões internas do PSD”.

“É uma questão entre Pedro Passos Coelho e Luís Montenegro, eles têm obviamente de decidir isso entre eles. Não é uma questão que preocupe a Iniciativa Liberal”, afirmou.

Interrogado se votaria em Passos Coelho para Presidente da República em 2026, como assumiu que fez nas legislativas de 2011 e 2015, Rui Rocha advogou que “é extemporâneo” falar agora de presidenciais e argumentou que em 2011 e 2015 “as opções eram outras, os tempos eram outros” e que em democracia “escolhe-se muitas vezes tendo em conta as opções”, que “na altura eram piores”.

“Não me pedissem em 2015 para votar em António Costa”, disse.

“A Iniciativa Liberal oportunamente tomará posição sobre as presidenciais e tomará bem de certeza. Agora os tempos mudaram. Existe hoje por exemplo um partido que é a Iniciativa Liberal que é um excelente destino de voto dos portugueses, e a mim cabe-me defender a Iniciativa Liberal, apresentar as suas propostas”, completou.