O empresário Francisco Pessegueiro, um dos 13 arguidos do processo Vórtex, terminou esta quinta-feira as suas declarações durante a audiência de julgamento do caso de corrupção na Câmara de Espinho, que decorre no tribunal local.

Ao longo das sete sessões em que foi ouvido, o empresário com negócios na área da construção confessou ter corrompido Miguel Reis e Pinto Moreira, quando eram presidentes daquela autarquia do distrito de Aveiro, afirmando estar “profundamente” arrependido do que fez.

Pessegueiro, o primeiro arguido a ser interrogado, referiu ainda que os dois ex-autarcas lhe pediram, cada um, o pagamento de 50 mil euros para aprovar projetos urbanísticos, valor que nunca chegou a pagar.

Na sessão desta quinta-feira, o empresário assumiu que tinha um envelope com mil euros para entregar ao arquiteto da autarquia, José Costa, coarguido no processo, numa altura em que tentava desbloquear um problema relacionado com a construção de um anexo no logradouro de um edifício, que se encontrava embargado.

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No entanto, esclareceu que isso não serviria como pagamento de nada, constituindo antes um “agradecimento pela forma como desempenhava as suas funções”.

Contou ainda que o arquiteto José Costa “era correto e não facilitava”, alegando que não chegou a dar o referido envelope, porque a sua relação com aquele era “muito diplomática”.

“Ele nunca me pediu nada e eu achava que era incorreto da minha parte fazer uma coisa dessas”, acrescentou.

Da parte da tarde, o coletivo de juízes começou a ouvir o arquiteto João Rodrigues, coarguido no processo, e que, na tese do Ministério Público, estabeleceu um plano com os arguidos Francisco Pessegueiro e Paulo Malafaia para promover projetos imobiliários, procurando obter decisões céleres e favoráveis nos processos submetidos à autarquia, mediante a entrega de contrapartidas.

Numa nota introdutória, o arguido referiu que a maioria dos factos que lhe são imputados “não correspondem à verdade”, negando ter feito “um conluio” com os outros dois empresários.

“Não corresponde à verdade, nem faço ideia onde possam ter tirado essa conclusão”, afirmou.

A audiência foi interrompida cerca das 17h00, prosseguindo na próxima quinta-feira, com a continuação das declarações do arguido João Rodrigues.

O processo Vórtex está relacionado com “projetos imobiliários e respetivo licenciamento, respeitantes a edifícios multifamiliares e unidades hoteleiras, envolvendo interesses urbanísticos de dezenas de milhões de euros, tramitados em benefício de determinados operadores económicos”.