O primeiro Festival de Artes e Ópera (FIATO) do Porto começa esta quarta-feira e até sábado vai ter uma programação que se inicia e termina com óperas dedicadas a mulheres consideradas heroínas de Portugal.
Em outubro, aquando da apresentação do festival, a diretora artística, Teresa Nunes, explicou que o festival pretende fazer “uma homenagem de exaltação à mulher e ao seu papel na transformação dos tempos”, salientando que o FIATO ocupará salas da cidade como o Coliseu, o Teatro do Bolhão e Teatro Helena Sá e Costa, mas irá também “ao encontro da população em locais emblemáticos, como o Mercado do Bolhão e Estação de São Bento”.
“O objetivo principal é a aproximação dos públicos à ópera, levar este género artístico junto dos portuenses e ter uma programação variada onde a ópera se reinvente e se transforme, muitas vezes, noutra coisa” disse.
A abertura do festival, organizado pelo Quarteto Contratempus, acontece esta quarta-feira, às 21h00, no Coliseu do Porto, com a opereta Maria da Fonte, de natureza “cómica e satírica”, que conta com a Orquestra Artave e com o Coro do Teatro Nacional de São Carlos.
Escrita por Augusto Machado, com direção musical de João Paulo Santos e encenação de Ricardo Neves-Neves, esta opereta apresenta a “heroína popular como uma mulher intensa, corajosa que não se demite de uma certa consciência social”.
Na quinta-feira, sobe ao palco o Manifesto Nada, da Inestética Companhia Teatral, apresentada como “uma ópera-manifesto contra e a favor de tudo e decididamente sobre nada”.
A música de António Sousa Dias propõe “uma viagem possível neste universo, cortejando a desconstrução, flirtando com a colagem, namoriscando a irreverência, num piscar de olhos a diferentes expressões musicais contemporâneas ou próximas do movimento DADA e onde a lógica não é a regra”.
No Teatro Helena Sá e Costa, sexta-feira, às 21h00 a AREPO — Ópera e Artes Contemporâneas apresenta O Fauno das Montanhas, que “une duas dimensões artísticas distintas — filme mudo a preto e branco e ópera contemporânea — de forma a criar um novo subgénero artístico, nunca antes experimentado — ópera muda”.
Trata-se de uma ópera original, com música de Luís Solnado, libreto de Rui Zink, encenação de Linda Valadas e direção musical de Rui Pinheiro, que irá acompanhar e narrar o filme mudo português O Fauno das Montanhas, do cineasta madeirense Manuel Luís Vieira.
Na manhã do último dia do festival apresenta-se no Coliseu a companhia Ópera Isto com a peça Serena Serenata e, às 21h00, no Teatro do Bolhão, sobe ao palco o espetáculo de encerramento Torre da Memória, pelo Quarteto Contratempus.
“Através do canto vivo e destemido de uma varina em terra, iniciamos uma viagem pela vida quotidiana da comunidade piscatória de Esposende no início do século XX”, explicou Teresa Nunes, referindo que “em jeito de elegia, a viagem termina na evocação de uma tragédia marítima real”.
Da programação, destaca-se ainda a “Ópera à Moda do Porto”, “uma outra dimensão da diversão” que decorrerá em vários horários na Estação de comboios de S. Bento, na estação de metro da Trindade, Shopping Via Catarina e num autocarro da STCP, estacionado na Praça D. João I.
Nesta primeira edição do FIATO, cuja realização será bienal, Ricardo Alves foi convidado a criar cinco sketches inspirados nas figuras típicas do Porto, que serão apresentados em locais “emblemáticos” do Porto.
Haverá ainda a exposição Ópera Expandida, na Casa da Beira Alta, aulas de canto para todos, a partir dos 15 anos, por 10 euros, oficinas de Saúde Vocal e uma festa de encerramento com as DJ Shuggah Lickurs que no espaço Maus Hábitos “darão um toque especial às árias clássicas, mas sem perder a essência da ópera”.