Os professores portugueses passam mais tempo a manter a ordem dentro da sala de aula e menos tempo a ensinar do que os professores nos restantes países da OCDE. Estas são algumas das conclusões do estudo TALIS 2013 – Teaching and Learning International Survey -, um relatório internacional que avalia as condições de trabalho dos professores e o ambiente de aprendizagem que existe nas escolas, desenvolvido pela OCDE e cujas conclusões foram apresentadas esta quarta-feira.

O inquérito foi realizado junto de mais de 100 mil professores e diretores de escolas do 3º ciclo em 34 países.

Em comparação com os restantes países analisados, os professores portugueses dizem dedicar mais horas por semana a preparar as aulas (nove horas em Portugal, quando a média é de sete), a avaliar os trabalhos dos alunos (10 horas, o dobro da média) e a ensinar (21 horas – a média é 19 horas).

Apesar disso, os professores portugueses passam menos tempo (75,8% do total de horas dedicadas à profissão contra 78,7% da média) a ensinar e em programas de formação do que os restantes 33 países e mais tempo em tarefas administrativas (8,2% contra 8% da média) e a manter a ordem dentro da sala de aula (15,7%, três valores acima da média, 12,7%).

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Apesar de 94% dos professores portugueses do 3º ciclo estar satisfeitos com o seu trabalho, apenas 10,5% considera que a profissão é valorizada pela sociedade.

Apesar de nos restantes países a maior parte dos professores também sentir que a sua profissão não é valorizada socialmente, a média dos países analisados é superior à de Portugal: 30,9% acredita que a sociedade dá valor a quem ensina.

Segundo o relatório, os países onde os professores se sentem mais valorizados correspondem largamente aos países que têm melhores resultados nos testes PISA, o inquérito que analisa, de três em três anos, as competências matemáticas, científicas e de leitura dos alunos de 15 anos.

Ainda assim, em Portugal a proporção de professores que acredita ter ajudado os seus alunos a valorizar a aprendizagem (99%) é superior à média (80,7%). O mesmo acontece relativamente à crença de que o seu trabalho contribuiu para levar os estudantes a desenvolver o pensamento crítico. 97,5% dos professores portugueses responderam positivamente a esta questão, enquanto que a média é de 80,3%.

Há mais mulheres professoras em Portugal (73,2%) do que nos restantes países do TALIS (68,1%), em média, os professores são mais velhos (45 anos em Portugal, dois anos acima da média) e passaram mais anos a ensinar (19 anos, contra 10 anos nos restantes países). Mas a proporção de professores com formação pedagógica ou programas de treino (82,1%) é menor do que nos restantes países (89,8%).

Apesar de o número de mulheres professoras em Portugal ser superior à média, há menos mulheres a ocupar o cargo de diretor de escola (39%) quando comparado com a percentagem  nos restantes países analisados (49%).

O sumário dos resultados relativos a Portugal pode ser consultado aqui. A OCDE disponibilizou uma página onde cada utilizador pode comparar os indicadores com os outros países ou com a média.