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Porque foi imposta a lei marcial?

Os militares tailandeses justificam a imposição da lei marcial na madrugada de terça-feira como uma forma de “manter a paz e a ordem” e tentar travar a violenta crise política que se arrasta desde o final de 2013, que provocou mais de  24 mortos e bloqueou o governo, deixando o país sem orçamento de estado e incapaz de realizar eleições.

O general Prayuth Chan-Ocha, chefe do exército, disse que a continuação dos protestos pró e anti-governo podiam “ter um impacto na segurança do país”.

 

 

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Como começou a crise política?

Em novembro de 2013, o parlamento tailandês aprovou uma amnistia para perdoar todos aqueles que estiveram envolvidos nos conflitos políticos dos últimos anos. Muitos acreditam que esta lei tinha como objetivo permitir ao antigo primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, deposto por um golpe militar em 2006 e exilado, regressar ao país sem cumprir qualquer tempo de prisão. Shinawatra foi condenado a dois anos de prisão por abuso de poder e corrupção.

Na altura, cerca de 100 mil manifestantes encheram as ruas de Banguecoque para demonstrarem a sua oposição à lei proposta pela primeira-ministra Yingluck Shinawatra, irmã de Thaksin Shinawatra.

Os protestos, inicialmente pacíficos, tornaram-se violentos quando os manifestantes pró-governo e os apoiantes da primeira-ministra, conhecidos por “camisas vermelhas” se envolveram em confrontos dos quais resultou um morto.

Apesar de a lei ter sido rejeitada pelo senado, os protestos contra o governo de Yingluck Shinawatra continuaram, numa campanha para travar a influência política dos Shinawatras.

Os apoiantes do governo acusam a oposição de querer pôr fim à democracia tailandesa e restaurar o sistema político anterior a 2001.

Como resposta aos protestos o parlamento foi dissolvido e foram propostas novas eleições para 2 de fevereiro de 2014. Yingluck Shinawatra disse que continuaria no poder até às eleições e pediu aos manifestantes para pararem os protestos.

Esperava-se que as eleições dessem a vitória ao partido de Shinawatra, mas foram declaradas inconstitucionais depois de os protestantes anti-governamentais terem causado distúrbios durante o momento eleitoral. Foram agendadas novas eleições para 20 de julho.

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Quais são os lados em confronto?

Os protestos anti-governamentais são liderados por Suthep Thaugsuban, um antigo vice primeiro-ministro que se demitiu do Partido Democrata (oposição).

A maior parte destes manifestantes vivem nas cidades, são de classe média e têm o apoio da elite tradicional tailandesa, constituída por poderosos homens de negócios, generais conservadores, aristrocratas e conselheiros reais. Opõem-se ao antigo primeiro-ministro Thaksin, que vêem como corrupto e como uma ameaça à autoridade do rei Bhumibol Adulyadej.

Os “camisas vermelhas” têm apoiado as políticas do governo e tinham avisado que iriam encher as ruas caso o atual governo fosse forçado a cessar funções e que isso iria despoletar uma guerra civil. Quando Yingluck Shinawatra foi afastada do governo, a 7 de maio de 2014, os “camisas vermelhas” saíram em força para os arredores de Banguecoque.

Os apoiantes de Yingluck Shinawatra acham que os tribunais estão do lado da elite urbana que se opõe à primeira-ministra deposta.

Segundo o jornal The Telegraph, as políticas populistas do partido Pheu Thai têm grande apoio no norte e no nordeste da Tailândia, densamente populado e rural e junto da classe trabalhadora nas cidades.

 

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Quem governa agora?

Em julho de 2011, Yingluck Shinawatra foi eleita a primeira mulher primeira-ministra da Tailândia. Apesar dos protestos, conseguiu manter-se no poder. No entanto, no dia 7 de maio de 2014, os tribunais afastaram-na depois de decidirem que tinha agido ilegalmente quando em 2011 afastou o chefe de segurança nacional, Thawil Pliensri, (nomeado pelo governo anterior).

Na mesma altura, nove ministros do governo de Shinawatra também foram afastados do poder e o ministro do comércio Niwatthamrong Boonsongpaisan foi nomeado primeiro-ministro interino.

Segundo a CNN, Boonsongpaisan ainda não deixou o cargo, mas uma fonte citada pela televisão norte-americana disse que o governo não tinha sido consultado antes de os militares avançarem.

Até agora, os líderes civis ainda não fizeram nenhuma aparição pública, nem comentaram a situação e a sua localização é desconhecida.

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Será um golpe de estado?

Quando impôs a lei marcial, o general citou uma lei de 1914. De acordo com Paul Chambers, professor e analista militar na universidade tailandesa Chiang Mai, citado pelo Wall Street Journal, a lei de 1914 dá ao exército grande poder e atribui ao chefe dos militares o controlo do reino, sem que ele necessite do consentimento do primeiro-ministro.

Segundo Chambers, o general Prayuth não pode dizer que não levou a cabo um golpe de estado. Para este investigador, a referência à lei de 1914 pode ser uma forma de o chefe do exército tomar o poder ou colocar à frente do governo um primeiro-ministro neutral.

Os tailandeses estão habituados a golpes de estado. Desde que a Tailândia se tornou uma monarquia constitucional, em 1932, houve pelo menos 18 tentativas ou golpes concretos.

O último foi em 2006, quando os militares depuseram Thaksin Shinawatra.

 

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