Momentos-chave
- "Usurpação" e "manigância" face ao silêncio de Costa
- PS, BE e PCP "serão julgados pela história e pelo povo português", diz Paula Teixeira da Cruz
- PAN só anuncia amanhã como vai votar moção
- Telmo Correia: "O vosso resultado foi muito poucochinho, Dr. António Costa"
- Carlos César: Direita "dá-se mal com a democracia e não aceita a maioria"
- João Galamba (PS): Passos aplicou medidas de austeridade "por gosto"
- Passos: "Todos os Governos querem melhorar economia, mas nem todos conseguem fazê-lo"
- André Silva (PAN) elogia programa de Governo, mas insiste: Os animais vão deixar de ser legalmente entendidos como coisas?
- Jerónimo de Sousa: "Os resultados eleitorais expressaram a derrota do Governo e da sua política"
- Passos diz que país já está a "pagar um preço" por possível Governo à esquerda
- Catarina Martins justifica alternativa: "Não são jogadas políticas, é a democracia a funcionar"
- Montenegro (PSD) acusa Costa de "vergonha" e "desonestidade"
- Pedro Nuno Santos, PS :"A agenda liberal continua"
- Ponto de situação. O discurso de Passos
- Passos vai "opor-se a uma politica negativa, de ruína de Portugal"
- Passos: Remoção da austeridade não é "voluntarismo bondoso"
- Moção de rejeição do PS é a única a ser votada
- Acordos à esquerda só serão conhecidos na 4ª-feira
Histórico de atualizações
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O Liveblog de hoje fica por aqui. Obrigada por nos ter acompanhado. Amanha regressaremos antes das 10h para acompanhar em direto o segundo dia da discussão do programa de governo de Passos e Portas e que será também o dia da queda deste Executivo, com a aprovação da primeira moção de rejeição que vier a ser apresentada por parte da oposição de esquerda. Tenha uma boa noite.
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"Usurpação" e "manigância" face ao silêncio de Costa
“Usurpação”, acusou Paula Teixeira da Cruz. “Manigância”, chamou Telmo Correia. O primeiro dia do debate do programa de Governo de Passos e Costa ficou marcado pelas acusações do PSD e CDS a António Costa por ter negociado com o PCP e BE para derrubar esta terça-feira o atual Governo e assumir depois, se o Presidente lhe der posse, o comando de um novo Governo.
António Costa, neste primeiro dia, remeteu-se ao silêncio. Falará apenas na terça-feira depois de apresentar na mesa da Assembleia uma moção de rejeição do atual programa de Governo.
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No final do debate, o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, afirmou que lhe repugna que o secretário-geral do PS, António Costa, não tenha dado uma palavra ao país no primeiro dia de debate do Programa do Governo.
“Repugna-me mesmo, e assumo as palavras, repugna-me que algum dirigente político, ainda por cima com a pretensão de ser primeiro-ministro, mesmo perdendo as eleições, não tenha uma palavra ao país num dia como o de hoje. É um atentado à democracia”, declarou Luís Montenegro aos jornalistas, no parlamento, no final do primeiro dia de debate do Programa do Governo.
O líder parlamentar do PSD considerou que esse comportamento não está “à altura da história do PS” e acrescentou: “Eu acho que hoje aqueles que foram secretários-gerais do PS, que tiveram responsabilidades de liderança no PS, se estão a contorcer todos, estejam lá onde estiverem, a assistir a este comportamento arrogante, prepotente e indigno para a democracia”.
Lusa
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Os trabalhos na Assembleia da República terminam por hoje, mas amanhã serão retomados logo pela manhã. Também na sessão de terça-feira serão apresentadas e votadas as moções de rejeição ao programa de Governo.
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Mota Soares chama a atenção "das companhias com que [PCP e BE] andam"
Mota Soares responde agora aos pedidos de esclarecimento colocados pelos deputados.
Começa por notar que não existem em Portugal só dois setores, o privado e o público. “Há também o setor da economia social”, que procura dar resposta às necessidades da sociedade e que inclui as misericórdias, ipss, cooperativas, etc. E lembra que no governo socialista anterior foram “congeladas todas as pensões, incluindo as mínimas”, mas que nessa altura não ouviu a voz da deputada comunista Rita Rato, como ouviu agora.
“Quem congelou todas as pensões não foi este governo, foi o governo do PS”, diz, sublinhando que o diz “para chamar a atenção das companhias com que agora [a esquerda] anda”.
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Rita Rato (PCP): "Desemprego, pobreza e emigração são a marca deste Governo"
Rita Rato do PCP começa por cumprimentar Pedro Mota Soares que, diz, é “o ministro da pobreza, do desemprego e da caridade”. “Desemprego, pobreza e emigração são a marca deste governo e jamais se livrará desta responsabilidade“, acusa a comunista. “Este Governo e esta política foram derrotados pela luta dos trabalhadores” e pelo povo português.
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Jorge Falcato, deputado bloquista, faz a sua primeira intervenção em plenário, e escolhe o tema dos lares residenciais e da falta de apoio a pessoas com deficiência que precisam de “mais de 30 horas de assistência” permanente mas que não têm dinheiro para pagar a uma pessoa para cuidar deles. E lembra a greve de fome protagonizada há dois anos pelo tetraplégico Eduardo Jorge, que lutava pelo direito a uma vida independente. Jorge Falcato, também ele paraplégico, nota que o Govenro fala no seu programa de apoio à vida independente, mas não explica como – e nota que há dois anos o Governo prometeu melhorias a Eduardo Jorge, mas nada fez.
“Está na hora de ir embora, amanhã o Governo dará lugar a uma nova esperança para as pessoas com deficiência”, diz.
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Jorge Machado (PCP): "A realidade, a luta dos trabalhadores e do povo impôs-se à propaganda do Governo"
É a vez de Jorge Machado do PCP reagir à intervenção de Pedro Mota Soares. O comunista acusa o ministro de ter andado “quatro anos a repetir a mesma conversa. Bom, o senhor ministro tem um problema insanável com realidade” quando diz que “combateu as injustiças e as desigualdades sociais”
O deputado comunista começou, depois, a enumerar as conquistas deste Governo: 1.100 milhão portugueses desempregados, “80% do emprego criado no nosso país é precário”, promoção de “emprego gratuito” e corte de “direitos dos trabalhadores”. Mais: este Governo é responsável pelo “pior agravamento da pobreza alguma vez registado desde o fascismo”, acusou.
Por isso, diz Jorge Machado, Pedro Mota Soares “insiste em negar a realidade”. “Mas a realidade, a luta dos trabalhadores e do povo impôs-se à propaganda do Governo”.
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Agora toma a palavra Adão Silva, PSD.
Aproveitando a deixa de Helena Roseta, o deputado afirma que a segurança social pública continua a estar defendida no programa do Governo, apesar de admitir que tem de haver uma contratualização pública com os privados. E pede ao primeiro-ministro para dar mais informação sobre a dinâmica nova entre os Estado e as instituições de solidariedade social.
Respondendo a Carlos César, que tinha invocado as questões do combate à pobreza e exclusão social, Adão Silva destaca o aumento das pensões mínimas e rurais proposto pelo Governo, em contraponto com a proposta da esquerda de aumentar “apenas 0,3%” estas pensões.
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Seguem-se oito pedidos de esclarecimento ao ministro da Segurança Social. Começa Helena Roseta, PS.
“Aquilo que pretendem não é mais do que promover transferências nunca antes registadas do Estado para instituições privadas na saúde, educação, etc, e isso é a antecâmara da privatização da segurança social”, diz a deputada socialista. Helena Roseta critica o facto de não haver uma única referência a “direitos sociais” no programa de Governo.
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Mota Soares, ministro da Segurança Social, sobe ao púlpito para discursar à hora dos noticiários da noite para falar sobre o “sólido programa de emergência social” e das IPSS que “ajudaram a ajudar quem mais precisa”.
Lembrando que o atual Governo aumentou “as pensões mínimas, sociais e rurais para mais de 1 milhão de portugueses”, o ministro do CDS defendeu que este Governo ajudou as pessoas que “mais precisaram” face a um memorando que foi “negociado pelo PS”.
“Portugal tem níveis de desigualdades sociais inaceitáveis, níveis que conseguimos estancar em valores de 2011. Se as desigualdades não se agravaram isso deve-se a opções políticas claras de pedirmos o esforço adicional de quem mais dispunha”, explicou.
E elencou as medidas neste âmbito que o programa de Governo contém:
— aumentar as pensões mínimas, sociais e rurais
–repor 4º e 5ª escalões do abono de família
–plano nacional de combate ao insucesso escolar
–aprofundar a rede local de intervenção social
–mais contratualização com instituições sociais
–continuação da devolução dos hospitais às misericórdias
–combate ao desemprego
Com a “troika de esquerda”, as pensões serão aumentadas em 0,3% quando o atual Governo promete 1% por ano, sustentou Mota Soares, acusando ainda “o frentismo de esquerda” de “vender gato por lebre” ao querer repor os 4º e 5º escalões de IRS que desapareceram em 2011 ainda com o PS.
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Paula Teixeira da Cruz responde às perguntas. Começa pelo PEV. “Sabe que se há pessoa que conhece a Constituição sou eu. Nenhum de vocês leu a Constituição do princípio ao fim”, afirma, gerando um coro de protestos. Cita o artigo 8ª que leva Portugal a cumprir os tratados internacionais. De seguida, acusa o PEV de nunca terem anunciado uma coligação pós-eleitoral durante a campanha.
“Vê-se que o sr. deputado não sabe contar porque se soubesse contar contaria 2 milhões de votos na coligação”, acrescentou.
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Verdes: PSD e CDS estão desorientados e em pânico com a aliança PS/BE/PCP?
José Luís Ferreira, d’Os Verdes, também acena com a Constituição para dizer que “não tem” de ser o partido mais votado nas eleições a formar Governo. E, por isso, pergunta: as reações de sociais-democratas e centristas são “pânico” e “desorientação?
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Pedro Delgado Alves: o PS tinha a obrigação de "rejeitar, recusar e derrubar o atual Governo"
“Conhece a Constituição da República Portuguesa? Nós temos bons indícios de que não conhece”, começa por dizer o socialista Pedro Delgado Alves em resposta a Paula Teixeira da Cruza.
O deputado rebate as acusações da ministra – que acusou o PS de estar a protagonizar um “embuste eleitoral” – para defender que este era um processo democrático natural. Além disso, o PS tinha de respeitar a vontade dos seus militantes e “rejeitar, recusar e derrubar o atual Governo“.
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PS, BE e PCP "serão julgados pela história e pelo povo português", diz Paula Teixeira da Cruz
Paula Teixeira da Cruz, ex-ministra da Justiça, toma agora a palavra para dizer que a “possível rutura de um consenso” tem um “significado político” e um “impacto enorme que se vai sentir a um prazo” durante muito tempo “sobre a vida das pessoas, empresas e da economia” portuguesa.
A ministra da Justiça aproveitou para lembrar A herança do Executivo de José Sócrates, “uma governação irresponsável do PS”, e os desafios que o Executivo de Pedro Passos Coelho teve de enfrentar nos últimos quatro anos.
Agora, se esta aliança se concretizar, continua Teixeira da Cruz, socialistas, bloquistas e comunistas “serão julgados pela história e pelo povo português”, depois de “terem engendrado um dos maiores e mais perigosos embustes da democracia portuguesa”
Esta “fação que se quer apropriar do poder”, insiste a governante, vai concretizar “um primeiro e fatal passo para a radicalização do país”.
Paula Teixeira da Cruz lembra o 25 de novembro para fazer um paralelismo com o presente: PS, Bloco e PCP estão a tentar tomar o poder, acusa a titular da pasta da Justiça. Mas “os portugueses não vão deixar” que o país enfrente “um novo resgate” provocado pela governação socialista, apoiada por BE e PCP.
Sinais de debilidade económica que, para Teixeira da Cruz, já se estão a sentir, com a subida dos juros e a queda na bolsa. Muitos deputados da oposição começaram a rir e a ministra da Justiça reagiu: “Riam, riam, senhores deputados que depois vão chorar”. A aliança entre PS, Bloco e PCP “é uma caixa de pandora” e “uma usurpação eleitoral” que vão hipotecar as chances do país.
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PAN só anuncia amanhã como vai votar moção
André Silva, deputado do PAN, fez esta segunda-feira a sua estreia em debate parlamentar. Ao Observador, o deputado diz que só amanhã vai anunciar a sua posição face à moção de rejeição ao Governo. “Queremos dignificar os dois dias de debate e esperamos ainda ter oportunidade de colocar mais questões ao Governo”, disse o deputado do Pessoas-Animais-Natureza, afirmando que é importante conhecer o texto das moções para saber como o partido vai votar.
Sobre o programa de Governo apresentado pelo PS, André Silva confirmou que já olhou para ele, mas ainda não teve tempo para o analisar. “Ainda não é um documento final e muitas questões que interessam ao PAN ainda não estão vertidas naquelas medidas anunciadas e que devem resultar do entendimento com outros partidos. Um programa de Governo é muito mais do que aquelas medidas”, disse o deputado.
O PAN está concentrado na conferência de líderes desta quarta-feira que vai decidir sobre a atribuição de tempos ao partido, já que por ser apenas um deputado, não constitui um grupo parlamentar e, por isso, está limitado na sua intervenção na Assembleia da República – nomeadamente para intervir em plenário. Apesar de ter colocado várias questões ao primeiro-ministro durante o debate desta tarde, André Silva considera Passos Coelho “fugiu” a algumas questões como os espétaculos tauromáquicos ou as alterações climáticas.
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Carlos César: coligação "deve ter vergonha do programa que já cá está"
“É pena que esta Assembleia esteja a ser” constantemente “fustigada por considerações pessoais” e “ataques”, começa por dizer Carlos César para responder a Hugo Soares e Telmo Correia. O líder da bancada parlamentar socialista lembra os resultados eleitorais para dizer que a coligação não tem condições para governar depois de não ter conseguido chegar a qualquer acordo.
Posto isto, Carlos César insiste: só o PS consegue oferecer ao país “um Governo estável, consistente e com maioria no Parlamento”. E acrescenta: se Telmo Correia está tão interessado em discutir o programa do Governo do PS é porque “deve ter vergonha do programa que já cá está“.
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Na resposta, Carlos César sintetizou em sete conclusões. São elas:
- “O PSD foi o partido mais votado”;
- “A coligação de direita teve o segundo pior resultado”;
- A coligação de direita “perdeu 700 mil votos”
- “Os senhores deixaram de ter maioria para por si só constituírem governo”;
- “Para serem Governo, tinham de fazer um acordo com o PS”
- “Não conseguiram um acordo nem com o PS, nem com o BE, nem com o PCP”;
- “O PS tem a responsabilidade de garantir que o país não fique sem Governo e tem por isso a responsabilidade de assumir uma alternativa de Governo em consonância com os apelos do Presidente da República”.
Depois, virando-se para Telmo Correia, César ironizou dizendo que o deputado centrista “só pode ter vergonha” do programa que se está a debater uma vez que só questionam sobre o programa do PS.
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O debate aquece. Telmo Correia conseguiu irritar a esquerda e agora Carlos César faz subir o tom dos protestos das bancadas do PSD e CDS. O presidente do Parlamento, Ferro Rodrigues, deixa correr o debate sem chamar a atenção para os apartes.
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Telmo Correia: "O vosso resultado foi muito poucochinho, Dr. António Costa"
É a vez de Telmo Correia do CDS, que começa por acusar de António Costa de “arrogância” por não querer debater com Pedro Passos Coelho.
O centrista diz que o PS ainda não assumiu duas coisas: que os últimos anos foram “consequência do estado em que o PS deixou o país” e nem tampouco assumiu os resultados eleitorais. Telmo Correia aproveitou para apresentar várias capas de jornais que davam Passos Coelho e a coligação como os grandes vencedores das eleições. “O vosso resultado foi muito poucochinho, Dr. António Costa“.
Telmo Correia afirma que nada mudou e que PS, Bloco de Esquerda e PCP continuam tão distantes como sempre. A aliança, diz o centrista, é apenas uma “tentativa desesperada” de Costa para sobreviver no poder. E, para isso, o PS colocou-se “nas mãos do comité central do PS”. Foi uma intervenção dura com várias críticas aos socialistas. “Contem-nos o que diz o acordo”, pede, por fim, Telmo Correia. “Isto parece uma manigância e gostaríamos de conhecer o teor dessa manigância“.