O ministro da Defesa nacional disse ter uma “profunda satisfação” pelo trabalho desempenhado pelos quatros militares portugueses naquele que foi um “trabalho extremamente difícil”.

“Exigiu coragem, determinação, imaginação e criatividade na procura de soluções inusitadas”, referiu Gomes Cravinho, acrescentando que “aquilo que tinha sido proposto era extremamente difícil de conseguir”.

Gomes Cravinho salientou ainda que a força destacada de quatro homens foi a Cabul honrar uma “dívida de gratidão”, para trazer para “território nacional os afegãos que trabalharam” com os portugueses para começarem uma vida nova.

João Gomes Cravinho anunciou que amanhã chegam “duas levas” com cerca de “36 a 38 pessoas” e estarão “mais a chegar no fim de semana”. “Estes números poderão variar alguns refugiados”, salientou o ministro da Defesa Nacional.

Questionado pelos jornalistas, João Gomes Cravinho disse “não ter informação sobre nenhuma pessoa que esteja ainda no Afeganistão” da lista dos 116 afegãos que ajudaram a missão portuguesa.

Quem estivesse interessado em vir para Portugal, deveria contactar os quatro militares portugueses. Gomes Cravinho assegura, contudo, que não “tem conhecimento de que [desses 116 afegãos] algum esteja no Afeganistão e queira sair do país”.

Marcelo Rebelo de Sousa frisou que os afegãos que estiveram com Portugal em variadas situações “mereciam que se estivesse com eles” na “situação mais difícil da sua vida” — ao drama que vive o povo afegão neste momento.

“E a missão destes jovens consistiu nisso mesmo: pagar uma dívida de gratidão, fazer aquilo que fizemos durante 20 anos mas fazê-lo em 3 dias em condições dramáticas quase impossíveis”, diz Marcelo, que diz que se tratou de um “pleno sucesso”. “Isto são as forças armadas portugueses, isto é Portugal.”

O Presidente da República destacou que se tratou de uma “missão plenamente sucedida” e “Portugal sai de cabeça erguida” desta missão do Afeganistão com os quatros militares que estiveram em Cabul a mostrarem “qualidades militares, qualidades humanas, valores éticos e uma coragem a toda a prova”.

Em declarações aos jornalistas no local, Marcelo Rebelo de Sousa recordou quando dois portugueses morreram no Afeganistão e lembrou a visita a Cabul em 2019. Na altura, era “reconhecido o papel militar, ético e humano dos portugueses”.

Além disso, Marcelo salientou a resposta das forças armadas portugueses aos desafios no Afeganistão que “revelaram estar à altura durante os 20 anos da nossa presença” no país.

O chefe de Estado aproveitou ainda para destacar o papel do Governo, de Augusto Santos Silva e de Gomes Cravinho, frisando que nestes dias “estiveram permanentemente em contacto com os aliados de forma íntima e tão próxima para salvaguardar a saída dos nossos compatriotas”.

À chegada a Portugal, o major Marco Silva, um dos militar que esteve no Afeganistão, esclareceu que foi projeto para o Afeganistão com o “intuito de apoiar a retirada de um conjunto de cidadãos afegãos que tinham uma ligação próxima ao trabalho das Forças Armadas Portuguesas”.

O major Marco Silva salientou que o trabalho de retirada “foi feito com maior entrega, dedicação, profissionalismo e com o maior sentido de dever”.

Pelo menos oito crianças — incluindo um bebé de colo — e várias mulheres já saíram do avião, tendo sido transportadas num autocarro.

Do aerodrómo militar de Lisboa seguem agora para um alojamento provisório na capital, ao que apurou o Observador.

Os quatro militares portugueses e o grupo de 24 afegãos já chegaram a Lisboa no avião CC130 ao aerodrómo militar.

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson prometeu hoje “mover o céu e a terra” para ajudar as pessoas que são elegíveis para realojamento e ficarão presas no Afeganistão depois do dia 31 de agosto — o prazo final para a missão dos EUA.

“O crucial é que os talibãs, o novo governo afegão, independentemente de como seja composto, precisa de entender que se querem ter um compromisso com o Ocidente e se querem ter um relacionamento connosco, então uma saída segura para essas [pessoas] é absolutamente primordial”, disse Johnson.
Em declarações aos media britânicos o primeiro-ministro disse que sentiu um “grande pesar” por não terem sido capazes de tirar todos de lá durante o que ele descreveu como a “primeira fase” do processo de evacuação.

“Conforme chegamos às horas finais da operação, também haverá pessoas que não conseguiram passar, pessoas que podem se qualificar [para o realojamento]”, disse Boris Johnson. “O que eu digo é que moveremos o céu e a Terra para ajudá-los, faremos tudo o que pudermos.”

São 24 os refugiados afegãos que esta noite chegarão a Portugal. O avião c130 deve aterrar no aérodromo militar de Figo Maduro por volta das 21h15, depois de ter saído de Madrid às 20h10 em ponto.

O Observador sabe que Marcelo Rebelo de Sousa vai marcar presença para os receber.

Já chegaram ao aéreodromo militar de Figo Maduro vários veículos de assistência médica, do INEM da Cruz Vermelha, para examinar o estado de saúde dos refugiados afegãos quando estes chegarem ao país.

Turquia é o mais recente país a terminar as operações de retirada de estrangeiros e afegãos de Cabul. O Presidente, Erdogan, disse que uma equipa de técnicos turcos vai permanecer no país, reporta a agência Reuters.

O avião que transporta os quatro militares portugueses que estiveram no Afeganistão e um grupo de afegãos já aterrou em Madrid, avança o El País.

É esperado que o avião chegue a Lisboa pelas 20h25.

As autoridades francesas reuniram-se com os representantes talibãs para discutir os esforços da retirada de pessoas de Cabul, confirmou o Ministério das Relações Exteriores do país.

Antes, o porta-voz dos talibãs, Suhail Shaheen, afirmou, através da rede social Twitter, que a reunião ocorreu na capital do Catar, Doha, na quinta-feira.

“De facto, ocorreram nos últimos dias contactos operacionais com representantes do movimento talibã, tanto em Cabul como em Doha, a fim de facilitar as nossas atuais operações de evacuação“, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros num comunicado enviado à agência de notícias Reuters.

A França ainda está a tentar retirar várias centenas de afegãos. O secretário de Estado para os Assuntos Europeus francês, Clément Beaune, indicou que a retirada de pessoas pode continuar além do prazo final da noite de sexta-feira.