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Papa encontra-se com vítimas de abusos sexuais do clero e pede perdão em nome da Igreja. CEP diz que reunião é “confirmação do caminho de reconciliação” e grupo VITA fala em “momento reparador”

O avião que vai transportar o Papa Francisco até Lisboa já está praticamente cheio. O Airbus A320 da companhia aérea italiana ITA Airways leva, além do Papa Francisco, o séquito papal (com vários cardeais, incluindo o português Tolentino Mendonça) e vários jornalistas de todo o mundo.

A bordo estão 78 jornalistas de todo o mundo, incluindo 11 portugueses — o Observador é um dos meios a bordo do avião papal.

A chegada a Lisboa está agendada para cerca das 10h00, após um voo de cerca de 3h10 pilotado pelo italiano Corrado Di Maria.

O embarque está a ser feito através do Terminal 5 do Aeroporto de Fiumicino, em Roma — um terminal usado quase exclusivamente para voos de estado.

Durante o voo de ida para Lisboa, o Papa Francisco deverá cumprimentar os presentes a bordo, mas a conferência de imprensa de balanço da JMJ acontecerá apenas no voo de regresso a Roma.

O vice-presidente da câmara de Lisboa assumiu que uma das preocupações neste momento é que os peregrinos nadem no Rio Tejo. “Hoje tivemos notícias de pessoas que estiveram a banhar-se no Rio Tejo, na zona de Belém. É uma preocupação”, disse Filipe Anacoreta Correia em entrevista à Renascença, garantindo que a autarquia tem tentado desencorajar este tipo de comportamento.

Na mesma entrevista, Filipe Anacoreta Correia falou sobre a possibilidade de o Parque Tejo vir a ser nomeado Parque Papa Francisco, uma vez que é lá que o pontífice vai celebrar a missa de envio no final da Jornada Mundial da Juventude.

A associação de técnicos de emergência médica denunciou esta terça-feira as fragilidades do Sistema Integrado de Emergência na margem sul do Tejo, alertando que o reforço de meios anunciado para a Jornada Mundial da Juventude é “apenas uma realocação”.

O presidente do conselho diretivo da Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica (ANTEM), Paulo Paço, adiantou à agência Lusa que a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) de Setúbal respondeu a uma emergência nesta cidade, acabando por transportar o doente para a urgência do Hospital São Bernardo.

“Aquela viatura é única e exclusivamente para fazer deslocar a equipa de suporte avançado de vida, que neste caso é composto por médico e enfermeiro e mais ninguém. Até mesmo por uma questão legal (…) daquilo que nos foi dado a conhecer, nem sequer em termos de seguro (…) cobriria este ocupante”, explicou Paulo Paço.

Pelas informações recolhidas pela ANTEM, foi acionada para o local da emergência uma ambulância de Castanheira do Ribatejo, Vila Franca de Xira, distrito de Lisboa, o que “é preocupante desde logo” devido aos “cerca de 50 minutos em marcha de urgência” entre as localidades.

Paulo Paço frisou que esta situação levanta questões: “Não existiam ambulâncias disponíveis em Setúbal? E, para além disto, se este transporte [pela VMER] é legal?”.

O responsável da ANTEM sublinhou também que este tipo de situações acontece diariamente em Setúbal e por toda a margem sul do Tejo, acrescentando que “em tempo útil” a associação alertou que, com a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa, as fragilidades “iriam-se agravar”.

“O que é um facto é que, logo no primeiro dia da JMJ, acontece esta situação que é completamente condenável”, destacou.

A agenda do Presidente da República para esta quarta-feira apresenta mais alguns detalhes sobre o primeiro dia do Papa em Portugal.

Após a cerimónia de boas-vindas e da chegada ao Palácio de Belém, o Papa Francisco vai ter um encontro com “altas entidades, o corpo diplomático acreditado em Portugal e a sociedade civil”, no Centro Cultural de Belém, previsto para as 12h15 desta quarta.

Está prevista para essa ocasião uma intervenção do chefe da Igreja Católica e também uma intervenção do Presidente da República.

A saída de peregrinos do Parque Eduardo VII decorreu hoje com normalidade, depois da primeira missa da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), com as pessoas a saírem sobretudo em grupos, após a bênção do cardeal-patriarca, às 20:30.

Após a comunhão, algumas pessoas começaram a sair do recinto, esta semana denominado Colina do Encontro e que esteve praticamente lotado, mas foi quando Manuel Clemente pediu a todos que “anunciem o Evangelho’ e desejou “boa jornada” em várias línguas, que a maioria se começou a dirigir aos vários pontos de saída.

Com os corredores cheios de gente, que saía ordeiramente sob orientação de voluntários e elementos da segurança, começaram a abrir-se algumas clareiras no parque.

Contudo, a festa continuava, uma hora depois, com o Festival de Juventude, ao qual muitos assistiam já deitados no relvado, evidenciando algum cansaço.

A organização remeteu para quarta-feira a divulgação de dados sobre o número de pessoas que assistiram à missa, que marcou o arranque da JMJ de Lisboa.

O jornalista do Observador João Francisco Gomes está no Vaticano, de onde partirá amanhã a bordo do avião que traz o Papa Francisco para Lisboa. Neste vídeo conta como foi o dia, cheio de reuniões técnicas para a imprensa que vai acompanhar o pontífice, e o que se espera para as próximas horas e dias.

Na primeira celebração da JMJ, cerca de 200 mil pessoas juntaram-se no Parque Eduardo VII e no Marquês de Pombal para assistir à celebração presidida por D. Manuel Clemente. Veja as fotos aqui.

As imagens das 200 mil pessoas que encheram o Parque Eduardo VII no arranque da JMJ

À saída da missa de abertura da Jornada Mundial da Juventude, Marcelo Rebelo de Sousa disse que se “concretizou um sonho” e que, enquanto Presidente da República, estava “muito feliz”.

“Saio daqui muito feliz porque se cumpriu um sonho, foi um momento único na vida de todos os nós. Não teremos certamente muitas hipóteses de ver o Papa Francisco entre nós. Todos os Papas são especiais, mas este é muito especial”, disse em declarações aos jornalistas.

Questionado sobre a homilia do Cardeal-Patriarca de Lisboa, Marcelo considerou que “foi a mensagem certa”. “O dever de qualquer pessoa é estar ao serviço. Partir e ir ao encontro dos outros é estar sempre em reflexão”, referiu. “Uma Jornada Mundial da Juventude à escala da humanidade é ela própria um momento de reflexão sobre a Europa, sobre o mundo, sobre a guerra e a paz e sobre o desafio de cada uma das igrejas em si mesmas perante um mundo tão diferente e tão difícil, num momento que é muito complicado”, acrescentou.

Cerca de 300.000 passageiros utilizaram até às 17h de hoje o Metro de Lisboa, dos quais um terço era participante da Jornada Mundial da Juventude, segundo a empresa.

Numa resposta enviada à Lusa, o Metropolitano de Lisboa refere que o transporte dos peregrinos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) “está a efetuar-se de forma ordeira”.

Segundo a empresa, 300.000 pessoas circularam, entre as 6h30 e as 17h de hoje, no Metro de Lisboa, mais 36,6% do que a 1 de agosto de 2022, quando foram registadas 225.000 entradas.

Nas línguas oficiais da jornada, o Cardeal-Patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, desejou uma “felicíssima” Jornada Mundial da Juventude aos milhares de peregrinos que se reuniram no Parque Eduardo VII para a missa de abertura. “Amanhã teremos o Papa Francisco connosco. Mas hoje, amanhã e sempre temos Cristo, Senhor”.

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

No Parque Eduardo VII são vários os ministros da comunhão que estão agora a distribuir a comunhão aos fieis na missa de abertura da Jornada Mundial da Juventude. Face ao número de peregrinos presentes, foi pedido às várias paróquias que indicassem pessoas idóneas para ajudar neste momento. Para muitos, é a primeira vez a fazer este serviço.

Normalmente é necessário fazer várias formações para se ser ministro da comunhão. Foi aberta uma exceção para a jornada e os que se inscreveram receberam uma formação mais breve para saberem como iria decorrer a comunhão durante a missa de abertura, presidida pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa, e também na missa de envio, celebrada pelo Papa Francisco.

JOÃO PORFIRIO/OBSERVADOR

A Diocese de Mindelo anunciou hoje que seis peregrinos cabo-verdianos não têm estado com o grupo nem participado nas atividades da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), mas alertou para a “confusão” com as notícias sobre desaparecimento.

“A notícia que tem sido veiculada em alguns meios de comunicação social sobre peregrinos da JMJ cabo-verdianos e angolanos, alegadamente desaparecidos, parece-nos uma comunicação exagerada e que semeia confusão e alarme desnecessário”, afirmou a Diocese, em comunicado.

A mesma fonte referiu que as jornadas estão ainda a decorrer e que o facto de alguns peregrinos não terem comparecido em Leiria e Lamego “não é razão suficiente para se falar em desaparecimento”.

A CP diz ter registado um aumento “significativo” da afluência nos comboios nos últimos dias, em especial desde segunda-feira, relacionado com a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), mas garante que não tem registado supressões.

Em resposta a perguntas do Observador, a empresa não quantifica esse aumento e indica que ainda está a “compilar dados”, mas confirma que é “significativo”.

A maior afluência regista-se “na zona urbana de Lisboa, onde se concentram a maioria dos eventos da JMJ”. Mas também aponta para um “aumento significativo de passageiros nos comboios que partem de diversas regiões do país em direção a Lisboa”.

Quanto a possíveis constrangimentos na circulação, a CP assegura estar “a trabalhar arduamente para garantir que todos os serviços sejam mantidos e que as eventuais dificuldades sejam minimizadas”. E sublinha que, até ao momento, não tem registado supressões, estando “a fazer todos os esforços para assegurar que a rede continue a operar eficientemente e sem interrupções durante este período de maior afluência”.

O Chega entregou hoje um requerimento na Assembleia da República solicitando esclarecimentos do ministro da Administração Interna sobre o número de peregrinos na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que estão “sem paradeiro”, indicou o presidente do partido.

“Hoje fizemos um requerimento, através do parlamento, para que o senhor ministro da Administração Interna possa responder quantos peregrinos estão sem paradeiro neste momento, se é possível termos alguma ideia da sua localização e de quais os trajetos migratórios — se forem migratórios — que estão a seguir para o continente europeu”, disse André Ventura.

O líder do Chega falava à margem de uma arruada no Funchal, na Madeira, onde se encontra para uma visita de três dias, até quinta-feira, no âmbito da preparação para as eleições legislativas regionais de 24 de setembro.

O Cardeal-Patriarca aproveitou ainda a homilia para distinguir entre a pressa de que fala o lema da jornada e a ânsia. “Quando disse ao Papa Francisco que era este precisamente o lema da nossa Jornada – Maria dirigiu-se apressadamente… – ele logo acrescentou que sim, apressadamente mas não
ansiosamente”, explicou.

“Na verdade, a ânsia é do que ainda não temos e
pretendemos inquietos. A pressa é diferente, é partilhar o que já
nos leva. Por isso é uma urgência serena e sem atropelo. Como
aqui chegastes e como aqui estareis, levando aos outros o que
vos traz a vós”, acrescentou.

JOÃO PORFIRIO/OBSERVADOR

Na missa de abertura da JMJ, o Cardeal-Patriarca de Lisboa deu as boas-vindas aos milhares de peregrinos de todo o mundo que já chegaram a Portugal para o maior evento católico do mundo. “Bem-vindos todos. Desejo que vos sintais em casa, nesta casa comum em que viveremos a Jornada Mundial”, disse durante a homilia.

Lembrando o lema da jornada — “Maria levantou-se e partiu apressadamente” — Manuel Clemente destacou o percurso, em muitos casos longo e desafiante que os peregrinos fizeram. “Maria pôs-se a caminho (…). Também vós vos pusestes a caminho. Foi para muitos um caminho difícil pela distância, as ligações e os custos que a viagem envolveu. Foi preciso juntar recursos, desenvolver atividades para os obter e contar com solidariedades que graças a Deus não faltaram”.

“De longe ou mais perto, pusestes-vos a caminho. É muito
importante pôr-se a caminho. Assim devemos encarar a própria
vida, como caminho a percorrer, fazendo de cada dia uma nova
etapa”, acrescentou.

JOÃO PORFIRIO/OBSERVADOR