Feche os olhos e imagine uma grande metrópole sem veículos TVDE a circular nas estradas. É fácil. Afinal, não foi assim há tanto tempo que este serviço se deu a conhecer a várias geografias. Faça agora o mesmo exercício, mas oriente o pensamento para um futuro próximo. É, a meu ver, uma tentativa inútil.
O ride-hailing transformou para sempre a forma como nos deslocamos, não só dentro das grandes cidades, mas também de e para fora delas. E, ainda bem. É que se este serviço não existisse no mundo moderno, as implicações para a acessibilidade urbana, estacionamento, inclusão social e conveniência diária seriam profundas.
Parece exagerado, mas passo a justificar. Mais do que a indiscutível conveniência, os serviços TVDE são, para muitos, uma necessidade. Pessoas com problemas de mobilidade, por exemplo, encontram neles uma resposta às suas necessidades de transporte. Sem serviços como o ride-hailing e os táxis, a mobilidade destes cidadãos seria significativamente limitada.
A existência destas opções facilita ainda a acessibilidade aos subúrbios, por exemplo, onde a rede de transportes públicos é, muitas vezes, insuficiente. E não descuremos também o papel do ride-hailing para a economia, na criação de empregos flexíveis, e até para a tecnologia com o desenvolvimento e optimização de aplicações capazes de atender cada vez melhor a todas as necessidades dos utilizadores.
Mais do que indispensáveis, os serviços das plataformas de TVDE são desejados. Um estudo recente da Kantar mostra uma “tendência de afastamento da posse” nas gerações mais jovens, seja na habitação ou nos meios de transporte. Estas conclusões são corroboradas por um outro estudo da McKinsey, publicado em 2023, que revelou que 77% das pessoas com mais de 45 anos utilizam um carro privado mais de quatro vezes por semana, em comparação com 49% dos indivíduos entre 30 e 45 anos e 42% entre os jovens dos 18 aos 30 anos. Além dos custos envolvidos na compra e manutenção de um carro particular, uma das razões apontadas para justificar estes números é o aparecimento das plataformas de TVDE – um serviço conveniente e chave na mão.
É essencial reconhecer o impacto que o ride-hailing tem nas nossas vidas diárias, mas também na sociedade. Contestá-lo é desvalorizar a modernização das cidades, a acessibilidade de quem vive longe dos centros, o emprego flexível e até a inovação tecnológica. Como qualquer indústria a dar os primeiros passos, há sempre melhorias a fazer. Mas agora é tempo de abrir estradas, não de erguer muros.