A contração da economia foi, em 2012, de 4,4% em termos nominais e de 4% em termos reais, descontado o impacto da inflação. Estes são os resultados finais divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), reveladores de que a recessão, naquele ano, foi mais profunda do que a evolução negativa de 3,3% na atividade que tinha sido calculada anteriormente.
O principal contributo para este comportamento teve origem na evolução da procura interna que, em 2012, foi de menos 7,6 pontos percentuais. Em 2011, o contributo da procura interna para o produto interno bruto (PIB) já tinha recuado 6,1 pontos percentuais. Um resultado mais negativo no desempenho economia foi evitado pelo facto de a procura vinda do exterior ter melhorado o seu peso em 3,6 pontos percentuais, “num ano de crescimento das exportações” em 3,4% “e diminuição nas importações” em 6,3%.
Nas vendas ao exterior, que subiram 3,6%, explica o INE, destacaram-se os produtos petrolíferos, com um crescimento de 33,4%, bem como os metais preciosos, com uma evolução de 23,7% e os fuelóleos que aumentaram 14,9%. As encomendas de automóveis recuaram 10,7% e de aparelhos eletrónicos, como rádios, televisões e comunicações, desceram 16,2%. Nas importações de bens e serviços, registou-se uma contração de 6,3%, um agravamento em relação a 2011 de 0,5 pontos percentuais.
O fraco desempenho da procura interna ficou a dever-se, sobretudo, ao comportamento verificado no investimento que baixou em 18,1%, depois uma queda de 14% no ano anterior, seguindo-se a despesa de consumo das famílias que se contraiu em 5,5%, uma amplitude de variação superior à descida de 3,6% de 2011. Quanto ao consumo público, recuou 3,3%.
Os números do INE indicam, igualmente, que a produtividade do trabalho registou um crescimento de 2,2% em 2012, mas “num contexto de diminuição acentuada do volume de emprego”, sublinha a entidade responsável pelas estatísticas nacionais. O emprego total baixou 5,3%, com destaque para o comportamento negativo verificado nos setores da construção, comércio, restauração e hotelaria e indústria. As remunerações também caíram. Em 2011 tinham baixado 3,8% e, no ano seguinte, tiveram uma quebra de 7,7%, resultado da “diminuição de 5,5% do emprego remunerado e da diminuição da remuneração média em 2,3%”.
Queda maior no PIB e reembolso ao FMI justificam aumento da dívida
O valor da dívida pública foi revisto em alta em mais de dois mil milhões de euros, terminando 2014 nos 130,2% do PIB, mais dois pontos percentuais que o estimado pelo INE na segunda notificação a Bruxelas feita no final de setembro do ano passado (esses números eram uma estimativa da responsabilidade do Ministério das Finanças).
Segundo a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, em declarações aos jornalistas hoje na Maia, na inauguração de uma nova base da Easyjet, o que explica este aumento é, em primeiro lugar, a revisão operada no valor do PIB. O INE reviu em baixa o PIB de 2012, e diz agora que a recessão verificada nesse ano foi afinal de 4%, e não de 3,3% como estava calculado anteriormente. O efeito, “totalmente imprevisto” para a ministra, tem um efeito “meramente estatístico” no valor, já que a revisão do valor já vem de trás.
A revisão operada no valor do PIB em 2012 acabou por ter consequências no valor do PIB nos anos seguintes, tendo caído em média 1.500 milhões de euros nestes três anos (2012, 2013 e 2014) face ao que o INE tinha calculado anteriormente.
O segundo fator a explicar este aumento, segundo a ministra das Finanças, foi o reforço da almofada financeira. Portugal foi ao mercado na parte final do ano financiar-se mais que o previsto para, em parte, fazer face ao reembolso ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que tem a realizar este ano. Só no mês de março, Portugal já devolveu ao FMI 6,6 mil milhões de euros. Outro fator a ter em conta, diz a governante, é o da desvalorização do euro que se tem feito sentir, tendo impacto no valor da dívida pública que Portugal tem em moeda estrangeira (principalmente em dólares).