A filha de Salgueiro Maia disse esta quinta-feira à agência Lusa que “já vivia no Luxemburgo” quando Passos Coelho “convidou os portugueses a ganharem experiência no estrangeiro”, afirmando que responsabilizou o primeiro-ministro por “ironia” e para alertar para as dificuldades nacionais.

Em declarações à Lusa durante um jantar de homenagem ao capitão de abril, organizado a 25 de abril pelo portal de notícias português Bom Dia, Catarina Salgueiro Maia disse que chegou ao Luxemburgo em 2011, “o ano em que o primeiro-ministro aconselhou [os portugueses] a ganhar experiência no estrangeiro”, afirmando-se “muito obediente”.

No entanto, num testemunho anterior e divulgado nos últimos dias nas redes sociais, Catarina Salgueiro Maia disse que chegou ao Luxemburgo a 15 de Março de 2011, três meses antes de Pedro Passos Coelho ter tomado posse como primeiro-ministro, em junho desse ano.

À Lusa, Catarina Salgueiro Maia justificou que referiu o apelo de Passos Coelho “com ironia”, para mostrar que “não se dá o devido valor às pessoas que estão em Portugal”, admitindo ainda que se exprimiu mal.

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“Ele não me convidou a mim diretamente, porque eu já cá estava quando ele disse isso, e eu não usei a expressão no meu caso, mas se calhar exprimi-me mal”, disse, sublinhando que só pretendeu alertar para a situação do país, considerando “que os governos em geral não valorizam os jovens que têm e a população em geral”.

“Quando eu digo ‘eu obedeci’ é porque deixei de acreditar no país que tenho”, justificou.

“Eu vejo pessoas de 50 anos a emigrar, o que para mim é surreal, pessoas que descontaram trinta anos no próprio país e se veem agora obrigadas a emigrar, porque são novas demais para a reforma e velhas demais para emigrar”, acrescentou.

A jovem de 29 anos disse ainda à Lusa que lamenta as críticas que lhe estão a ser feitas nas redes sociais.

“Há pessoas que me acusam de querer ter privilégios por ser filha de quem sou, e eu não quero privilégios nenhuns. Quando referi a expressão de Passos Coelho foi para alertar para o facto de as pessoas em Portugal não serem devidamente valorizadas, porque nós temos excelentes profissionais em Portugal que se veem obrigados a emigrar, porque não temos condições para os acolher”, disse.

“Eu e outras pessoas podíamos ter muito mais oportunidades em Portugal, muito mais postos de trabalho, muito mais chances de conseguir ser alguém no nosso país, dando dinheiro ao nosso país e contribuindo para o nosso país, e é isso que Portugal não nos permite”, lamentou.

Catarina Salgueiro Maia lembrou ainda que há cerca de um ano tentou regressar a Portugal, mas a experiência “correu mal” e teve de voltar para o Luxemburgo há cerca de dois meses.

“Eu ainda sou jovem e gostava de voltar para o meu país, mas o meu país não me dá oportunidades para isso, e sabe convidar a mim e a todos os outros a ganhar experiência no estrangeiro, e depois vai ao estrangeiro contratar especialistas, médicos espanhóis e argentinos, porque não aproveita os médicos que nós temos”, exemplificou.

“Da mesma maneira que eu arrisquei voltar ao país e me saiu furado, se calhar outras pessoas arriscaram e também não conseguiram”, concluiu.