San. É o equivalente ao São português. É um prefixo que sugere santidade e dá a entender que o nome que vem a seguir pertence a uma pessoa importante. Durante anos Iker não era Iker, era San Iker. O homem que punha umas luvas na mão, enfiava-se entre os postes e parava bolas atrás de bolas que rematavam à baliza do Real Madrid ou da seleção espanhola. Casillas defendia tudo quando era preciso e fê-lo quando a Espanha atropelou tudo e todos nos Europeus de 2008 e 2012 e, pelo meio, no Mundial de 2010. Agora o FC Porto parece querer que o espanhol vá tentar parar tudo o que for rematado à baliza dos dragões.

Assim, de repente, aparece a notícia de que o homem com 34 anos, 126 jogos pela seleção de nuestros hermanos e mais de 700 feitos com o Real Madrid está prestes a ser contratado pelos portistas. Quem o diz é a TVE, canal de televisão espanhol que até adianta que o clube de Cristiano Ronaldo vai “compensar financeiramente” o guarda-redes “para que não perca dinheiro ao assinar pelo FC Porto”. Agora resta saber se isto não é mais um dos éne rumores que todos os anos entretêm o mercado de transferências de verão.

Enquanto não se confirma, escreve-se o que se sabe. E o que sabemos é que Iker Casillas há anos que é considerado um dos melhores guarda-redes do mundo, reputação que só abanou quando José Mourinho treinou o Real Madrid. Na última época e meia em que lá esteve — entre janeiro de 2012 e o verão de 2013 — o português viu em Diego López alguém com mais jeito do que Casillas para proteger a baliza. Mourinho apenas utilizava Iker nos jogos da Liga dos Campeões ou da Copa del Rey, algo que Carlo Ancelotti também fez durante 2013/2014, época em que o Real conquistou a Champions em Lisboa.

Nesta última temporada tudo voltou ao normal, embora, talvez pela primeira vez, Iker Casillas tenha ouvido um ou outro assobio no Santiago Bernabéu, estádio merengue. Os últimos tempos não lhe têm corrido tão bem, também por culpa do que fez e não fez no Mundial de 2014, no Brasil, onde lhe apontaram o dedo por alguns golos que a Espanha sofreu na caminhada em que se ficou pela fase de grupos da competição. Iker é, até hoje, homem de um clube só. Está há 16 anos no Real Madrid e muito se tem falado da sua saída, em parte, porque o clube está a esforçar-se para contratar David de Gea, o também espanhol que defende a baliza do Manchester United.

No lado do FC Porto, é certo e sabido que há espaço para que lá chegue um guarda-redes. Fabiano, o titular durante 2014/2015, já foi emprestado ao Fenerbahce, enquanto Andrés Fernández, o suplente, dizem estar a caminho do Granada. Quem sobra é Helton, que já não vai para novo (37 anos) e precisará de alguém para competir com ele pelo lugar. E se, de repente, lhe aparecer à frente, nos treinos, um campeão mundial, europeu e da Liga dos Campeões? Vaya, que surpresa.

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