Um homem define-se pela obra, mas também por quem tem próximo. E Alberto Vaz da Silva soube escolher bem os seus próximos. Casou-se com Helena Vaz da Silva, vivendo uma história de amor como terão certamente existido muito poucas; foi próximo de João Bénard da Costa, Pedro Tamen, Nuno Bragança, António Alçada Batista. Cruzou a segunda metade do século XX, dominou as escritas portuguesas como mais nenhum outro – entreteve-se com a grafologia quando se reformou das leis e ocupou-se sempre do divino interior.

Em dezembro, Laurinda Alves captou para o Observador a sua última entrevista, que fica aqui:

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Alberto Vaz da Silva morreu em casa aos 79 anos, junto dos filhos, vítima de cancro. José Tolentino de Mendonça prestou-lhe os últimos sacramentos. Ele mesmo tinha escrito, no final de junho, um texto no Expresso intitulado “Saudades para Alberto Vaz da Silva”, onde prestou uma sentida homenagem:

“Ele vislumbrou uma nova relação com o real, feita já não de oposições e distâncias, como se a vida não fosse um mistério único, mas sublinhando corajosamente os traços de união, os hífens inesperados, as continuidades. E assim nos mostra que não há pequeno ou grande, não há cósmico nem quotidiano, não há interno ou exterior: por todo o lado e em todas as coisas está, pelo contrário, latente a mesma espantosa proposta que a vida em si mesma é.”

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