O ministro da Agricultura apelou à indústria, à grande distribuição e aos consumidores portugueses para comprarem carne de porco nacional, como forma de ajudarem a resolver a crise no setor da suinicultura em Portugal.
“Gostaria de fazer um apelo muito veemente à indústria portuguesa e à grande distribuição”, a qual “distribui a carne que adquire na indústria e é a indústria que abate e transforma os animais e a indústria, que, naturalmente, de acordo com as regras do mercado único, pode comprar em todo o espaço europeu, mas acho que, neste contexto, tem também um papel a desempenhar na resolução desta crise”, disse Luís Capoulas Santos.
Segundo o ministro, que falava aos jornalistas após ter participado na sessão de abertura da feira de agropecuária Ovibeja, “a crise [no setor da suinicultura] é europeia, mas naquilo que diz respeito aos produtores portugueses é um problema português e têm de ser os portugueses a resolvê-lo”.
“O Governo, naturalmente, e, por isso, estamos a lançar medidas, mas há um papel muito importante por parte dos consumidores”, que, “se preferirem a carne portuguesa, ajudarão a resolver o problema”, disse.
Agora, os consumidores portugueses “vão poder fazer essa escolha” por carne portuguesa, disse, lembrando que o Conselho de Ministros aprovou hoje o decreto-lei que torna obrigatória a rotulagem de carnes frescas, refrigeradas e congeladas de suíno, ovino, caprino e aves com a identificação do país de origem ou do local de proveniência e das substâncias que possam causar alergias.
Desta forma, “os consumidores portugueses também podem ajudar o setor, porque, assim, passam a poder distinguir qual é carne portuguesa e a estrangeira e será uma opção e estou certo que os portugueses não deixarão de testemunhar a sua solidariedade, preferindo aquilo que é português e inequívoca e reconhecidamente de qualidade”, frisou.
“Mas, naturalmente que é fundamental que a indústria também adquira carne em Portugal, apesar de, de acordo com as regras do mercado único, que não podemos alterar, ninguém poder impor a ninguém onde é que compra este ou aquele produto, até porque nós [portugueses] também queremos colocar os nossos produtos nesses países europeus”, sublinhou.
Em Portugal, no caso dos suínos, “apenas produzimos metade das nossas necessidades, portanto, é perfeitamente possível à indústria adquirir lá fora, porque terá sempre de fazê-lo, mas uma vez escoada a produção nacional como é evidente”, defendeu.
Capoulas Santos transmitiu “uma palavra de compressão e de solidariedade” para com os suinicultores, pelos quais se tem “vindo a bater em Bruxelas e internamente para encontrar mecanismos que possam aliviar a situação difícil que atravessam” e lembrou que, perante a crise no setor, “o Governo português não ficou parado e, neste momento, é o único que avançou com medidas nacionais” para os apoiar.
Quanto às medidas, o ministro, além do diploma da rotulagem obrigatória da carne hoje aprovado, disse que já estão aprovados e entrarão em vigor “dentro de poucos dias” os descontos de 50% nas contribuições para a Segurança Social de todos os suinicultores e respetivos trabalhadores, até ao final deste ano.
As linhas de crédito “de 20 milhões de euros com um ano de carência, uma a três anos para acudir a problemas e tesouraria e outra a seis anos para acudir a problemas de desendividamento”, deverão estar disponíveis “dentro de duas a três semanas”, acrescentou.
Em relação aos protestos de suinicultores, o ministro disse compreender a sua existência,
“Não posso dizer que concordo com a forma como alguns estão a ser levados a cabo, mas compreendo a sua existência”, porque “são produtores que estão a perder dinheiro há muitos meses e estiveram silenciosos durante muito tempo”, afirmou.