Gastou o dinheiro todo nas férias e mal tem para comer um bom bife nos próximos dias, quanto mais para gastar em bilhetes de concertos. O Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, não alimenta estômagos, mas a alma vai ficar saciada com os quatro concertos gratuitos da 10.ª edição do Manta. Sexta-feira, 2 de setembro, começa com o disco de estreia de Valter Lobo e segue para a certeza que já são os Capitão Fausto.

No sábado, há um concerto de Alek Rein, heterónimo de Alexandre Rendeiro que se dedica ao rock e ao folk psicadélico. O grande momento do fim de semana acontece depois, quando subir ao palco Thurston Moore, o eterno Sonic Youth. Com um novo disco com saída prevista ainda para este ano, Rock’N’Roll Consciousness, sabe-se que haverá canções novas. O resto é surpresa — boa, que com Thurston Moore não há mau rock. Os espetáculos acontecem no jardim e não existe reserva prévia de bilhetes. É chegar e, às 21h30, entrar.

Em Lisboa também há um concerto de rentrée ao qual é possível ir deixando a carteira em casa. A Orquestra Gulbenkian e Mário Laginha apresentam “Rapsódia na Rua”, sábado, 3 de setembro, às 21h30, na Praça do Município. A direção é do maestro francês Jean-Marc Burfin e o público vai poder escutar obras dos compositores Alexander Borodin, Edvard Grieg e George Gershwin (séculos XIX e XX).

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Da crueza rock e da música clássica passamos para um vulto da Música Popular Brasileira, Caetano Veloso. À única data anunciada para o Coliseu dos Recreios, em Lisboa, a 7 de setembro, adicionou-se mais uma, na véspera, quando os bilhetes começaram a voar. Mesmo sem se saber bem o que é que o autor de “O Leãozinho” vai tocar — uma das partes deverá ser em parelha com uma nova artista brasileira, Teresa Cristina. Quando se tem aquela voz, aquele violão e mais de cinco décadas de carreira, o bom espetáculo é garantido. Bilhetes a partir dos 20€.

Perdeu a estreia absoluta da Orquestra Jazz de Matosinhos com Sérgio Godinho, no passado dia 19 de junho? Eis uma nova oportunidade para escutar canções como “Com um brilhozinho nos olhos”, “Liberdade”, “Maré Alta” ou “Arranja-me um emprego”, com novos arranjos para Big Band. O concerto está marcado para sexta-feira, 9 de setembro, às 22h00, na Avenida dos Aliados, no Porto. Imperdível.

No papel, é um festival. Na prática, é numa sala fechada com condições acústicas ideais e com cadeiras para que o público se concentre na música, e não no cansaço. O Festival Para Gente Sentada regressa a Braga nos dias 16 e 17 de setembro. Nos dois dias, há a destacar os dois cabeças de cartaz: a brasileira Mallu Magalhães no primeiro, José González no segundo. O bilhete diário custa 20 euros e o passe 35 euros.

No ano passado, o NOS D’Bandada fez-se de 78 concertos gratuitos em 21 palcos espalhados pela Baixa do Porto, com 14 horas seguidas do melhor da música portuguesa. A próxima edição acontece a 17 de setembro e, apesar de ainda não ser conhecida a programação (será anunciada esta quinta-feira), é garantido que vai valer a pena marcar esse dia na agenda.

A temporada sinfónica do Teatro Nacional de São Carlos começa, habitualmente, com um concerto da Orquestra Sinfónica Portuguesa no CCB, com direção musical da maestrina Joana Carneiro. Este setembro não será diferente e, no dia 18, às 17h00, o público poderá ouvir o concerto para violoncelo de Witold Lutoslawski (1913 – 1994), com a presença do violoncelista Johannes Moser. Segue-se o a Sinfonia n.º 4 em Mi bemol maior, Romântica, de Anton Bruckner (1824 – 1896). Bilhetes a partir dos cinco euros.

Uma das mais importantes bandas portuguesas, os GNR, está a celebrar 35 anos de carreira, com direito a uma biografia oficial. O lançamento do livro, da autoria do jornalista Hugo Torres, está marcado para o dia 20 de setembro no Porto (Casa da Música), cidade onde fizeram o seu primeiro sucesso, “Portugal na CEE”. A CEE mudou de nome, os GNR mudaram de vocalista e de baixista, mas a irreverência manteve-se sempre. Parte dela estará à mostra numa entrevista que será conduzida em palco, à qual se segue um pequeno concerto com quatro músicas. Uma noite com os GNR por 10 euros é o que se pode chamar de bom negócio.

No Caixa Alfama, tudo isto é fado. E, por tudo, queremos dizer, por exemplo, Carminho, Gisela João, Raquel Tavares, Ricardo Ribeiro, Maura Airez, Marco Rodrigues e António Pinto Basto. Ao longo dos dias 23 e 24 de setembro, 1o espaços de Alfama, em Lisboa, enchem-se de concertos de alguns dos maiores nomes do fado. O acesso a tudo isto faz-se em troca de um bilhete que custa 38 euros até ao dia 22 de setembro. Nos dias do evento, sobem para 45 euros.

Se Carminho se prepara para lançar um disco onde canta temas de Tom Jobim, Camané vai cantá-lo ao vivo no dia 1 de outubro, às 22h00, no cenário privilegiado que é a Cerca do Castelo de Óbidos. “Nos anos 70, quando era miúdo, já ouvia e admirava este movimento de Bossa Nova e estes sons que vinham do Brasil”, começa por dizer o fadista português, perante o desafio do festival literário Fólio. “Vou cantar temas incontornáveis da sua obra, bem como alguns menos conhecidos mas que me dizem bastante. Espero estar à altura do desafio, farei o meu melhor para dignificar esta música que tanto admiro.” Os bilhetes custam 12 euros e deverão voar rapidamente.

Yann Tiersen é conhecido, principalmente, como sendo o autor da fabulosa banda sonora do filme “O Fabuloso Destino de Amélie”. Mas já fez tanta coisa que, quase sempre que vinha dar um concerto a Portugal, era melhor avisar os leitores para que não fossem à espera de o ver sentado ao piano, a tocar doces melodias. Com o novo disco, Eusa, esse imaginário fará sentido. Gravado nos estúdios Abbey Road, é feito de 10 canções a solo no piano. O disco é lançado a 30 de setembro e, oito dias depois, a 8 de outubro, o bretão sobe ao palco do Coliseu dos Recreios. Bilhetes a partir dos 20 euros (com grande chance de esgotarem).

Até há bem pouco tempo, a frase “Peter Murphy no Convento de São Francisco” não faria muito sentido. A verdade é que o monumento conimbricense sofreu obras de remodelação e afirma-se agora como um centro cultural de Coimbra. No dia 14 de outubro, passa por lá o senhor Bauhaus. Segue no dia seguinte para o Teatro Municipal da Guarda, no dia 16 atua na Casa da Música, no Porto, e no dia 17 na Aula Magna, em Lisboa.

And now, for something completely different… Alex Cameron. É da Austrália que chega à Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, um dos projetos mais peculiares do ano. É difícil arriscar uma descrição, pelo que recorremos à ajuda do jornal britânico Guardian: “(…) ele pinta rápida e eficazmente sketches de personagens perdedores e assustadores, reforçados pelo som da pop sintética e da sua voz confiante, quente de barítono.” No seu primeiro e único disco de estúdio, Jumping the Shark, os sons dos anos 80 servem de base ao ambiente autodepreciativo a que recorre, encarando com aparente naturalidade o facto de ser um falhado. No dia 21 de outubro (22h00), haverá gente a sair do concerto dando o dinheiro por bem empregue e haverá outros a pensar: “O que raio foi isto?”. Mas parece seguro afirmar que a indiferença não deverá andar por lá.

Em junho, nove músicos, entre eles John Parish e Mick Harvey, ex-Bad Seeds, entraram no palco principal do NOS Primavera Sound de forma solene, em compasso de bateria, vestidos de preto. A comandar esta espécie de orquestra estava PJ Harvey, de saxofone na mão, vestindo uma minissaia, sem medo da brisa do Atlântico e sem palavras para dar ao público, oferecendo em troca um concerto intenso sem mácula. A inglesa regressa agora ao sul do país no dia 27 outubro, no Coliseu dos Recreios. Haverá muito The Hope Six Demolition Project para ouvir, algumas de Let England Shake e incursões pelo passado. Venha o que vier, depois do que vimos e ouvimos no Porto, valerá cada um dos 40 euros que o bilhete custa.