O Museu das Civilizações da Europa e do Mediterrâneo (MuCEM), na cidade francesa de Marselha, vai dar “carta branca” à Cinemateca Portuguesa, a partir desta quinta-feira e até 16 de junho, com um ciclo de filmes portugueses.

O ciclo chama-se “Souvenirs Argentiques – Carte Blanche à la Cinemathèque Portugaise” (“Recordações Analógicas – Carta Branca à Cinemateca Portuguesa”) e surge no âmbito do programa “Os encontros das cinematecas”, iniciado em 2016 com a Cinemateca de Bolonha.

“Este ano, escolhemos a Cinemateca Portuguesa porque ela tem um trabalho original. Por um lado, restaura os filmes, nomeadamente os 35mm. Por outro, ela trabalha na preservação dos suportes de origem – o que é raro na era do digital – e difunde os filmes portugueses e não só”, justificou à Lusa o responsável das relações internacionais do museu, Mikael Mohamed.

A programação abrange filmes de 1930 a 2012, tendo como objetivo mostrar “o trabalho de restauro e de conservação feito pela Cinemateca” e dar a conhecer “cineastas portugueses menos conhecidos, como João Botelho, José Álvaro Morais, António Reis e Margarida Cordeiro, Jorge Silva Melo, Rita Azevedo Gomes ou Margarida Cardoso”, indica o comunicado do MuCEM.

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“É uma programação para fazer descobrir alguns filmes bastante raros ou pouco conhecidos em França e outros, talvez, um pouco mais conhecidos. A ideia não é fazer uma retrospetiva cronológica, mas tentar apresentar uma variedade de filmes que sejam representativos”, explicou Mikael Mohamed, sublinhando que a programação foi feita em parceria com a Cinemateca Portuguesa e que o ciclo tem o apoio do Instituto Camões e da Embaixada de Portugal em Paris.

A programação começa esta quinta-feira, na presença do diretor da Cinemateca Portuguesa, José Manuel Costa, com a projeção do filme “Maria do Mar”, de José Leitão de Barros (1930), um clássico do cinema mudo português, acompanhado por um cine-concerto do compositor e pianista francês Roberto Tricarri e do quarteto Hum.

O ciclo conta, ainda, com os filmes “Os Verdes Anos”, de Paulo Rocha, e “Recordações da Casa Amarela”, de João César Monteiro, a 17 de fevereiro, “A Cancão de Lisboa”, de Cottinelli Telmo, e “Francisca”, de Manoel de Oliveira, a 24 de março, “Três Palmeiras”, de João Botelho, “Zéfiro”, de José Álvaro Morais, e “A Costa dos murmúrios”, de Margarida Cardoso, a 7 de abril, “Agosto”, de Jorge Silva Melo, e “A Vingança de uma Mulher”, de Rita Azevedo Gomes, a 12 de maio, “Trás-os-Montes”, de António Reis e Margarida Cordeiro, e “O Sangue”, de Pedro Costa, a 16 de junho.

“Para nós é fascinante. Escolhemos esta cinemateca porque tem um objetivo muito particular e corajoso na era do digital. É verdade que Portugal tem um lugar bastante importante para nós. Tivemos uma retrospetiva de Miguel Gomes no ano passado e também trabalhámos com o artista Miguel Palma no ano passado”, concluiu Mikael Mohamed.

De 22 a 24 de janeiro de 2016, o MuCEM fez um ciclo dedicado a Miguel Gomes, intitulado “Um olhar de cineasta sobre o Portugal contemporâneo”, na primeira retrospetiva que o museu, aberto em 2013, dedicou a um realizador.

Em abril do ano passado, no encerramento do festival Rencontres Internationales de Cinéma de Patrimoine, em Paris, a Cinemateca Portuguesa recebeu o Prémio Henri Langlois, pelo trabalho de conservação e restauro do património fílmico português.