Em meados da década de 1990, Wipeout foi lançado com uma combinação de naves velozes em ambientes futuristas e a banda sonora techno/eletronica dos Chemical Brothers, The Prodigy e New Order. Foi então criada uma nova vaga de videojogos no qual velocidades alucinantes e cenários psicadélicos eram os pontos-chave. Contudo, foi anos antes que este estilo realmente nasceu, na Super Nintendo com F-Zero, que era completamente revolucionário e muito à frente do seu tempo.

Fast RMX é uma espécie de sucessor desta nobre linhagem de corridas alucinantes. Esta iteração, um dos jogos de lançamento exclusivo da Nintendo Switch, disponível apenas em compra digital, não é um título obrigatório mas mesmo assim é uma boa compra para quem gosta do estilo, quando avaliamos a relação preço-qualidade.

Assim como outros géneros que dependem muito de modas, este não tem sido atualizado há muitos anos. Quando Wipeout saiu, as cópias e jogos inspirados nele eram lançados em mais quantidade do que a que podíamos lidar, mas com a perda de “interesse” neste tipo de jogos de corrida frenéticos, Fast RMX tem, nos dias de hoje, pouca concorrência.

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O que Fast RMX nos dá é bastante: uma escolha considerável de veículos e circuitos que tem que ser desbloqueada com a nossa performance. De início apenas três campeonatos e três naves estão disponíveis, conseguindo posições de pódio são desbloqueados um total de 10 campeonatos com 30 pistas e 15 bólides que desafiam a gravidade e a velocidade do som.

O ponto de diferença neste e nos outros é a utilização do que chamam “phasing” ou, para facilitar, polaridades. As nossas naves têm duas polaridades alternáveis e distintas por cores azul e amarelo. Algumas secções das pistas têm luz dessa cor, quando passamos com a cor correspondente somos recompensados com um pequeno bónus de aceleração e velocidade de topo, passar com a cor diferente e perdemos energia e velocidade. Simples em teoria mas na prática, os reflexos necessários para tirar o máximo deste fator têm que ser bem treinados.

A imagem neste jogo é bastante boa e muito superior à versão lançada previamente na Wii U, especialmente quando nos deslocamos a velocidades altas e tudo passa por nós numa mancha esticada. É uma mancha bem definida, mas não deixa de ser uma mancha. Todos os gráficos e arte, tanto das naves como das pistas, cenários principais e de fundo, foram cuidados e desenhados ao pormenor, nenhuma pista é difícil de acabar mas são extremamente difíceis de dominar e de chegar ao fim com um lugar no pódio. É daqueles jogos para passar uns tempos sozinho até aprender todas as linhas de corrida como deve ser antes de desafiar um amigo.

Falando em amigos, é nisso mesmo que este jogo está focado. Até à data Fast RMX pode ser jogado com até oito pessoas (cada um com a sua Switch) em modo portátil, ou até quatro em split screen usando os comandos Joy-Con separados. Está anunciada para breve uma atualização que permitirá o mesmo online.

Além da partilha imediata com pelo menos uma pessoa ao nosso lado, há mais um ponto que faz de Fast RMX uma ótima compra. A sensação de velocidade e diversão que vêm com ela são quase indescritíveis. Apesar de não poder ser medido ou colocado numa escala, é este ponto totalmente arbitrário que dá a maior fatia de qualidade a este jogo.

Não posso dizer que as naves sejam as melhores que já vi, nem sequer as pistas; e a banda sonora, ao contrário dos “velhinhos” Wipeout, apaga-se da memória. Mas quando juntamos todos os fatores e carregamos no acelerador para aquele arranque vertiginoso, a nossa cabeça quase é lançada para trás só por instinto. E é aí que está a marca de uma boa produção.

João Machado, Rubber Chicken