Os alunos do 12º ano realizaram esta manhã o exame nacional de Português, uma das mais importantes provas de entrada no ensino superior. Este ano, a primeira fase do exame incidia num poema de Alberto Caeiro, na interpretação de um texto de Vergílio Ferreira e numa composição sobre cultura científica.
Consulte aqui em baixo as respostas oficias publicados no Instituto de Avaliação Educativa. Veja também o enunciado da prova a partir deste link (versão 1 e versão 2) e saiba os pormenores da contabilização das pontuações clicando aqui.
Grupo I – A
1 | 20 | |
No poema, são apresentados dois processos distintos de criação poética. De acordo com o primeiro processo – o dos «poetas que são artistas» (v. 1) –, a poesia corresponde a um trabalho minucioso, rigoroso e artesanal. Neste contexto, as comparações com o carpinteiro (v. 3) e com o pedreiro – «como quem construi um muro» (v. 5) – enfatizam o trabalho formal e, por conseguinte, consciente do poeta. O segundo processo – defendido pelo sujeito poético – é o que se deduz do verso 4, em que o «eu» manifesta a sua tristeza e estranheza por haver poetas que não são capazes de «florir», ou seja, de fazer da criação poética um ato involuntário, espontâneo e tão natural quanto o ato de «florir». Deste modo, o primeiro processo, o de uma poesia pensada, opõe-se à ideia de uma poesia espontânea e simples, dado que está em contradição com a própria natureza que, na sua diversidade e harmonia, constitui o modelo da verdadeira arte. |
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2 | 20 | |
No verso «Penso nisto, não como quem pensa, mas como quem não pensa» (v. 9), o sujeito poético exprime a ideia de que o pensamento é algo natural e espontâneo, recusando, por isso, o pensamento puro, na medida em que se afasta das sensações. Ao pensar, incorre, porém, naquilo que combate: a intelectualização. Assim, verifica-se a existência de uma contradição entre o que o «eu» poético afirma (pensar como se não pensasse) e o que faz (pensar). |
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3 | 20 | |
Na quarta estrofe do poema, a valorização das sensações é evidenciada pelo facto de o sujeito poético privilegiar a realidade captada pelos sentidos, concretamente a visão e a audição, como se comprova nos versos «E olho para as flores e sorrio…» (v. 10) e «E deixar que o vento cante para adormecermos» (v. 17). Nega-se, assim, a necessidade de compreender algo mais além daquilo a que se acede através das sensações, atitude evidenciada nos versos «Não sei se elas me compreendem / Nem se eu as compreendo a elas» (vv. 11-12). A comunhão com a natureza decorre, por um lado, do facto de o «eu» considerar que é um elemento da natureza tal como as flores, partilhando com elas uma «comum divindade» (v. 14) que permite aceder à «verdade» (v. 13) e, por outro lado, do facto de «a Terra» ser caracterizada como a mãe natureza, acolhedora e protetora. Por esta razão, o homem entrega-se à natureza, numa atitude de desprendimento e de aceitação, sem qualquer mediação reflexiva (vv. 15-17). |
Grupo II – B
4 | 20 | |
Os episódios evocados têm em comum o facto de corresponderem a situações de perda que o autor não compreendeu e que provocaram nele um sentimento agudo de solidão. Estes episódios distinguem-se, no entanto, pelo modo como essas partidas foram experienciadas por Vergílio Ferreira: quando o pai partiu, ficou a vê-lo afastar-se, sem exteriorizar o seu espanto e a sua mágoa; todavia, quando a mãe e a irmã partiram, reagiu, correndo atrás da charrete, na tentativa de as alcançar, e, depois, chorando durante a noite. |
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5 | 20 | |
A afirmação «Mas toda essa infância me parece atravessar apenas um longo inverno.» (ll. 13-14) sintetiza a perceção de Vergílio Ferreira em relação à sua infância, na medida em que todo esse período é reduzido a um «longo inverno» (l. 14), refletindo uma vivência psicológica do tempo marcada pela dor. Efetivamente, o facto de a sua infância ter sido cristalizada na memória como um «longo inverno» sugere que se terá tratado de um tempo penoso, sofrido, marcado pela angústia, pelo abandono e pela solidão. Neste contexto, a descrição do inverno, caracterizado como um tempo lúgubre e tempestuoso, triste e assustador, confirma essa perceção. |
Grupo II
Item | Versão 1 | Versão 2 | Pontuação |
1 | (C) | (B) | 5 |
2 | (D) | (C) | 5 |
3 | (A) | (B) | 5 |
4 | (D) | (A) | 5 |
5 | (A) | (D) | 5 |
6 | (B) | (A) | 5 |
7 | (A) | (D) | 5 |
8 | (deixis) pessoal | (deixis) pessoal | 5 |
9 | (oração) subordinada (adjetiva) relativa (restritiva) | (oração) subordinada (adjetiva) relativa (restritiva) | 5 |
10 | ensinar ciência | ensinar ciência | 5 |
Grupo III
Dada a natureza deste item, não é apresentado exemplo de resposta.