Na maré baixa de lançamentos de videojogos que decorrem no Verão, e apenas com Uncharted: The Lost legacy no horizonte de Agosto a agitar as águas, as atenções viram-se ora para as férias ora para a Gamescom que começa em Colónia daqui a poucas semanas.

Este período menos agitado de lançamentos que tem sido bem percetível nos nossos artigos do Observador das últimas semanas tem demonstrado outra realidade que mantém as rodas dentadas do mercado a rodarem: a “recauchutagem” de jogos antigos com uma nova “roupagem” e que lhes permita ser vendidos a preços de novos lançamentos.

Mas nesta primeira semana de Agosto, e talvez a mais pacífica do ano em termos de videojogos, o grande destaque vai mesmo para outro tipo de apropriação comercial da nostalgia e do ambiente retro, com o lançamento de Namco Museum, para a Nintendo Switch.

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A clássica empresa japonesa de videojogos, tornada famosa desde o final dos anos 1970 pelas suas máquinas de arcada, muitas delas clássicos intemporais da História dos videojogos, e que fazem parte da nossa memória cultural coletiva.

Por essa razão a companhia (que nos dias de hoje se chama Bandai Namco Entertainment) criou compilações dos seus jogos emblemáticos para as consolas domésticas, começando com Namco Museum Vol.1 para a PlayStation em 1995. Não é portanto uma surpresa ver chegar a este verdadeiro fenómeno de vendas que é a Switch mais uma coletânea da Namco, a trazer para as novas gerações jogos clássicos do seu portefólio e para as gerações mais velhas um regresso salutar ao passado.

Sendo um marco dos próprios videojogos, é óbvio que Pac-Man de 1980 tinha que ser presença obrigatória. A ladeá-lo como verdadeiros emblemas de um período e da importância das máquinas de arcada estão também Galaga de 1981 e Dig Dug de 1982, todos estes jogos bem conhecidos do público (especialmente português) por serem presença assídua nas consolas clonadas da NES original.

A juntarem-se aos verdadeiros landmarks que são Pac-Man, Galaga e Dig Dug estão outros 7 jogos de arcadas menos famosos, mas que igualmente fazem parte do longo historial da companhia nascida em Tóquio: The Tower of Druaga, Sky Kid, Rolling Thunder, Galaga ’88, Splatterhouse, Rolling Thunder 2 e Tank Force.

Os jogos mantém a mesma orientação clássica das máquinas de arcadas (e a sua jogabilidade), em que o resto do ecrã da Switch é ocupado com os decalques e autocolantes das próprias máquinas, a tentar simbolizar o espírito da arcada original.

As opções adicionais são adições de flavour ao próprio conceito do Namco Museum. Entre podermos rodar o ecrã da Switch para jogar alguns jogos mais apropriadamente na sua configuração original vertical, à possibilidade de podermos adicionar scanlines para emular a sensação de jogar num CRT.

Para além destes 10 jogos clássicos onde até temos de carregar num botão para “introduzir uma moeda” o 11º jogo é o remake de um dos mais aclamados jogos de Pac-Man de sempre, Pac-Man vs. de 2003, um exclusivo da GameCube e já relançado para a Nintendo DS.

A diferença deste Pac-Man vs. é que era um jogo assimétrico no qual 3 jogadores controlavam os emblemáticos fantasmas, e um quarto jogador controlava o Pac-Man num jogo de apanhada que traz um ponto de vista completamente diferente ao clássico jogo de arcadas.

Visto que as características deste jogo obrigam a uma assimetria (e obviamente a ser jogado com pelo menos duas pessoas) as características da Switch eram o ambiente perfeito para relançar este clássico recente.

Apesar de ter uma excelente curadoria de jogos de arcadas clássicos e um jogo excelente da década passada que um número mais reduzido teve acesso, o preço deste Namco Museum é capaz de ser um pouco excessivo. Os perto de 30€ de custo tornam-no caro, especialmente se pensarmos que a probabilidade de já termos os jogos clássicos todos anteriormente (e que aqui surgem inalterados à exceção da possibilidade de jogarmos desafios específicos e de termos tabela classificativa online) aliadas ao pseudo-remake de Pac-Man vs. tornam esta coletânea um objeto de custo relativamente inflacionado.

Por outro lado, e depois de termos passado esta primeira semana de Agosto a jogar alguns destes jogos clássicos, percebemos que a sua intemporalidade reside sobretudo no facto de que ainda hoje estes são excelentes jogos, com os quais conseguimos ter o mesmo nível de diversão que tivemos há 30 anos.

Ricardo Correia, Rubber Chicken