O ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, disse esta segunda-feira que não são conhecidos dados que relacionem a contaminação na ilha Terceira com doenças, nomeadamente cancros, mas garantiu que serão tomadas medidas se tal se comprovar.
“Relativamente a situações de prevalência estatística, não temos ainda nenhum elemento — e espero que nunca venhamos a ter — que indique diferencial estatístico muito preocupante relativamente à incidência de problemas de saúde concretos daqueles que estão num contexto geográfico relacionado com as situações de contaminação ambiental”, declarou o governante.
Azeredo Lopes falava aos jornalistas à margem de uma reunião com o presidente do Governo Regional dos Açores, em Angra do Heroísmo, em resposta a uma questão sobre notícias que apontam para uma relação entre a contaminação de solos e aquíferos na ilha Terceira, provocada pela Força Aérea norte-americana, e uma possível incidência de casos de cancro nas zonas próximas da infraestrutura.
Está a ser desenvolvido um estudo sobre esta possibilidade pela Escola Superior de Enfermagem de Angra do Heroísmo, em colaboração com a Universidade de Boston, e o ministro apelou a que sejam transmitidos os resultados de qualquer estudo que comprove essa relação e garantiu que, verificando-se tal cenário, esses elementos “serão imediatamente enfrentados”.
“Se houver resultados que já representem conclusões cientificamente avaliáveis devem imediatamente ser transmitidos”, apontou.
Azeredo Lopes disse que todas as situações conhecidas de contaminação estão a ser “enfrentadas” e que, de acordo com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) nos locais em que ainda não foi concluída a descontaminação “não há situações que se considerem de perigo iminente”.
“Sempre que se verificaram valores anormalmente elevados foram tomadas medidas imediatas de correção, por exemplo, por remoção de terras ou de imediata pavimentação, para se evitar que esse risco pudesse afetar quem trabalha na base ou quem quer que fosse”, frisou.
Questionado sobre os relatórios da Força Aérea norte-americana que apontam para a contaminação de vários locais na ilha Terceira, Azeredo Lopes disse que o Estado português se baseia nos estudos do LNEC.
“Creio que o LNEC é uma entidade intocável do ponto de vista do prestígio e da reputação que tem quanto a esta matéria”, salientou.
O LNEC identificou 41 locais contaminados, dos quais alguns já foram descontaminados ou remediados e outros, em que há uma divergência com os Estados Unidos, exigem um reforço de análises, segundo o ministro.
“Em relação ao universo inicial, já melhorámos muito significativamente. Era injusto pensar que estamos na mesma situação desde que os problemas de contaminação foram verificados”, realçou.
Continuam a chegar denúncias de locais contaminados ao Governo da República e, por isso, o ministro anunciou um novo estudo sobre esta matéria.
“Vai haver um novo estudo feito pelo LNEC e pelo Laboratório Regional de Engenharia Civil, como demonstração de que estamos totalmente empenhados em definir o que ainda há que corrigir, verificar o que foi corrigido e antecipar hipóteses”, adiantou.