Já passaram 40 anos desde que Ernő Rubik, um apaixonado pela resolução de puzzles e problemas, criou o Cubo Mágico. Para assinalar o aniversário o motor de busca Google dá a oportunidade a quem acede à página de tentar resolver o puzzle do cubo online. Depois de criar o Cubo de Rubik, o inventor continuou a idealizar novos tipos de puzzles, como o Rubik 360, criado em 2009, cujo objetivo é alinhar 6 bolas coloridas em 3 esferas.

Jorge Nuno Silva, professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, ainda se lembra de quando comprou o primeiro cubo. Quando chegou a Portugal, no início dos anos de 1980, era muito caro, tinha de ser importado diretamente da Hungria. O professor conta ao Observador que se lembra bem da textura do cubo que chegou do outro extremo da Europa – a qualidade não tinha comparação com a dos cubos que se encontram agora em qualquer loja.

Amante confesso da geometria e das formas tridimensionais, Ernő Rubik lecionava uma disciplina na Universidade Técnica de Budapeste cujo objetivo era criar novas formas geométricas sem nenhuma função específica. Enquanto analisava a forma simples do cubo, como figura geométrica, apercebeu-se dos múltiplos movimentos e posições deste no espaço – foi assim que, num par de meses, concebeu e resolveu o puzzle -, contou o inventor húngaro ao jornal Time.

O professor Jorge Nuno Silva, explica que hoje em dia há quem consiga resolver o puzzle em menos de dez segundos, basta memorizar os algoritmos – “cadeia de instruções precisas que têm o efeito de pôr as peças no sítio certo” -, e ter muita prática e destreza nos dedos. Na verdade são precisos apenas 20 movimentos – o número de Deus – para resolver qualquer puzzle do cubo, independentemente do estado inicial. Mesmo quando alguém baralha o cubo com apenas três movimentos, quem o vai resolver não consegue, simplesmente, fazer os movimentos inversos.

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Mesmo que nunca tenha experimentado fazer o puzzle do cubo, já terá, pelo menos, visto o jogo. Se agora é fácil encontrá-lo, quando Ernő Rubik tentou comercializá-lo enfrentou muitas dificuldades. Em 1980, quando começou a vender o cubo na Hungria, o país ainda estava tapado pela cortina de ferro – que dividiu a Europa oriental da ocidental até 1991 – e conseguir exportar qualquer artigo para fora do país era muito difícil. Além disso, o cubo era considerado um puzzle demasiado difícil de resolver e inadequado para crianças.

Jogar e aprender
“O encanto é o elevado número de possibilidades, o número de combinações é enorme”, disse Jorge Nuno Silva, que admite nunca ter conseguido fazer mais do que dois terços do cubo. Os puzzles de Rubik, não só o cubo, mas também a pirâmide ou a cobra, são “matematicamente interessantes e muito bonitos”, refere o presidente da Associação Ludus, que se dedica à divulgação da matemática recreativa e dos jogos matemáticos. “A matemática faz-se com lápis e papel, mas dá jeito ter objetos”. O Cubo de Rubik torna mais simples a análise e a aprendizagem.

No dia 21 de junho Portugal vai acolher, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, a primeira competição internacional de speedcubers (pessoas que resolvem o cubo). A organização é da Associação Mundial do Cubo, e a portuguesa Ludus vai aproveitar a oportunidade para divulgar a Matemática, com a competição propriamente dita e com a mostra de jogos matemáticos.

Nesta competição internacional, os organizadores trazem os equipamentos: os cronómetros de elevada precisão, para detetar tempos de resolução das rondas inferiores a dez segundos, e os tapetes onde assentarão os cubos antes e depois da prova.