A Normandia tem “a praia do inferno” e “as praias da democracia”, disse Barack Obama durante as cerimónias comemorativas dos 70 anos do desembarque aliado. “O grito dos Estados Unidos, o nosso compromisso com a liberdade, com a igualdade, com a liberdade (…) está escrito com sangue nestas praias”, disse Obama, num discurso de 25 minutos no cemitério norte-americano de Colleville-sur-Mer, onde estão enterrados cerca de dez mil militares norte-americanos.

Na cerimónia comum com Obama, o chefe de Estado francês, François Hollande declarou que a França “nunca esquecerá o que deve aos Estados Unidos”. “Comemoramos hoje uma data inesquecível da nossa história em que os nossos dois povos se confundiram no mesmo combate, o da liberdade”, sublinhou Hollande, no cemitério junto à praia de Omaha.

Barack Obama recordou os momentos de carnificina e coragem quando as forças aliadas deixaram uma armada de embarcações, na madrugada de 6 de junho de 1944, no canal da Mancha, e caminharam em direção a uma barreira de fogo nazi para libertar a Europa. “Ao amanhecer, o sangue tingia a água e as bombas irrompiam do céu. Milhares de paraquedistas caíram nas zonas erradas, milhares de rajadas atingiram carne e areia. Companhias inteiras caíram em minutos. A praia do Inferno conquistou o seu nome”, afirmou.

“Ao fim do dia mais longo, esta praia tinha sido conquistada, perdida, reconquistada e ganha – um pedaço da Europa libertado e livre. O muro de Hitler foi destruído, permitindo a entrada do exército (do general George) Patton na Europa”, acrescentou.

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Apesar dos feitos e do sacrifício individual, Obama lembrou que, ao início, a invasão não estava a correr bem, no que podia ter sido um revés devastador para os aliados. “Na nossa época de comentários instantâneos, a invasão teria sido imediamente declarada – como foi por um oficial – ‘um colapso'”, considerou.

Obama cumpre o último dia de uma visita de quatro à Europa dedicada à renovação da aliança da NATO e para garantir que os Estados Unidos continuam ao lado dos países aliados, num continente que ajudaram a libertar há 70 anos. “Trabálhamos para transformar antigos adversários em novos aliados. Construímos uma nova prosperidade. Permanecemos, mais uma vez, ao lado das pessoas deste continente no combate até que um muro foi derrubado, e uma cortina de ferro também”, sublinhou.

“Da Europa ocidental para leste, da América do sul ao sudeste asiático, 70 anos de movimentos democráticos aconteceram. Nações que só conheciam a máscara do medo começaram a saborear as bênçãos da liberdade”, afirmou. Depois de ter enviado milhares de jovens homens e mulheres para a guerra, Obama prestou também homenagem à nova geração de soldados norte-americanos.

“Senhores, quero que saibam que o vosso legado está em boas mãos”, disse aos veteranos do Dia-D, presentes na cerimónia, sublinhando que a história iria recordar o heroísmo da geração que se alistou depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.