Dentro da célula o processo de divisão já começou. Esta pequena fábrica aumenta de tamanho e replica as máquinas e funcionários – organelos e proteínas. Mais tarde duplicará o centro operacional – os cromossomas. O objetivo é dar origem a duas células-filhas, num processo perfeitamente regulado, que não permite que se avance para a etapa seguinte enquanto a anterior não estiver concluída. Uma equipa de investigadores portuguesa descreveu mais um ponto regulador deste processo.
Quando se prepara para a divisão, a célula duplica a informação genética do núcleo. A cada cadeia em dupla hélice de ADN – que, ligada a proteínas, forma a cromatina -, junta-se uma copia idêntica. A cromatina condensa em cromatídeos. O original e a respectiva cópia mantém-se unidos, pelos menos por agora, pelo centrómero.
Como todos os passos da divisão celular são sequenciais existem pontos de controlo que impedem a célula de passar ao próximo passo da divisão celular antes do anterior estar completo. Isto permite que a célula corrija possíveis erros, explica Helder Maiato, coordenador do estudo publicado na Sciencexpress Reports, no dia 12 de junho.
Enquanto a membrana do núcleo, que abrigava a cromatina, se desintegra, os centrossomas vão criando os microtúbulos – como um conjunto de linhas de pesca que fixam os anzóis nos centrómeros dos cromatídeos. Os centrossomas, como os carretos de uma cana de pesca, irão puxar as linhas e separar os cromatídeos irmãos. Mas o processo que se pensava ser regulado por um cronómetro, é afinal regulado por uma régua, explica ao Observador Helder Maiato, investigador no Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC), da Universidade do Porto.
“Quando abrandávamos o movimento dos cromossomas [puxados pelos centrossomas], a célula respondia dando mais tempo. Há uma componente que mede a separação no espaço [entre cromatídeos] e assegura uma distância mínima de segurança antes da formação dos núcleos”, diz o investigador, referindo-se ao novo ponto de controlo encontrado.
Porque, quando cada elemento do par de cromatídeos-irmãos estiver separado em lados opostos da célula-mãe, a parte central começa a estreitar-se até se dar uma divisão completa em duas células-filhas. Forma-se então uma nova membrana nuclear em cada uma delas e estas tornam-se independentes.
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A célula-mãe forma os centrossomas e microtúbulos (a vermelho) que se ligam aos cromatídeos alinhados no centro da célula (mancha mais escura). Depois dos cromatídeos serem separados para extremos opostos formam-se os núcleos das células-filhas (a verde).