Sente-se confortavelmente e coloque o cinto de segurança. Escusa de ajustar os espelhos, sim? É que vamos dar início a uma viagem ao futuro, que nem estará assim tão distante. Carros inteligentes, com sensores, que transmitem informação entre si e que se guiam sozinhos. Esta história chega dos Estados Unidos, num artigo da ReadWrite, graças a um belo mote: o centenário dos semáforos. O primeiro poste de sinalização terá sido instalado em Cleveland, a 5 de agosto de 1914, para organizar o caos da enchente de automóveis que então se começava a verificar. E parece que estas pequenas e verticais maravilhas que vestem a cor verde, amarela e vermelha não durarão outro século. Porventura nem sequer outra década…

Christoph Stiller, um professor alemão no Instituto de Tecnologia de Karlsruhe, acredita que esses carros inteligentes, com vida própria, com radar, sensores a laser e sistema de vídeo poderão chegar entre cinco a sete anos. A informação partilhada entre as viaturas tornará, segundo o mesmo, as estradas mais seguras. Por outro lado, os semáforos poderão ter os dias contados.

Ou então não. Umas das possibilidades para este professor, que trabalha há 20 anos na autonomia tecnológica em automóveis, é a criação de um semáforo inteligente. Ou seja, o semáforo comunicaria com os veículos que se aproximavam, funcionando como uma espécie de controlador aéreo. Primeiro, o semáforo diria ao carro quanto tempo faltava para mudar de cor, o que permitiria ao automóvel ajustar a velocidade. Os carros enviariam também mensagens para o semáforo, que assim poderia escolher a forma mais eficaz de escoar o trânsito.

“A longo prazo, até nos podemos perguntar por que razão precisamos dos semáforos”, diz Stiller, que perspectiva que em 30 anos todos os carros terão um sistema de comunicação. “Se todos os participantes no trânsito estarão equipados com sistemas de comunicação, poderíamos pensar em abolir os semáforos. Mas precisamos de encontrar uma solução de recurso para os peões que não têm telemóvel”, refletiu.

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Numa escala bem mais pequena, já existe, hoje em dia, sistemas que permitem aproximar dessa realidade: o stop-and-go e o cruise control são exemplos disso. O professor faz depois um paralelo entre as mensagens que trocamos, recebemos e até não recebemos nos telefones, que não causam grande dano, com as mensagens que poderão falhar na comunicação entre os carros. “Será um grande problema de segurança se o teu carro perder a mensagem que diz que um veículo se aproxima numa determinada posição, velocidade e direção”, disse.

Serão, por isso, necessárias comunicações rápidas e estáveis para o carro decidir se deve ou não travar em meio segundo, por exemplo. O que significaria a necessidade de introduzir um sistema inovador ao dispor de todos. “A questão é se as empresas e o governo querem investir numa infraestrutura de multi-biliões de dólares”, disse Jeff Miller, o editor da revista IEEE Intelligent Transportation Systems e professor assistente de engenharia na Universidade do Sul da Califórnia. “Nós já temos a rede móvel que poderíamos usar”, disse Miller.

“Faria sentido haver telefones que falam com semáforos, e peões que dizem à estrada quando querem atravessar. Mas é um grande investimento. Estamos a falar de agências públicas que teriam de aplicar estas políticas”, explica Miller. Nos dias de hoje até existem alguns sistemas de algoritmos e de sensores usados para controlar os semáforos, mas “têm 40, 50 anos”, diz.